As árvores se erguiam como sentinelas silenciosas ao meu redor, suas silhuetas escuras contrastando com o céu nublado. O cheiro da terra úmida e das folhas secas preenchia o ar, enquanto o som dos galhos estalando sob os pés dos guardas ecoava em meus ouvidos. O frio do inverno cortava minha pele, fazendo-me tremer não apenas pelo clima, mas pelo medo que se aninhava em meu peito.
Meus pulsos estavam amarrados com cordas ásperas, e a pressão das mãos dos guardas em meus braços tornava-se cada vez mais sufocante. A cada passo que dávamos, sentia como se a floresta estivesse tentando me segurar, como se os troncos e galhos quisessem me proteger do destino que me aguardava na aldeia. Sabia que o conselho me esperava, e isso fazia meu estômago revirar.
A descoberta na sala secreta ainda ressoava em minha mente. Eu sabia sobre os segredos deles, e a punição que me aguardava poderia ser terrível. Aqueles que desobedeciam ao conselho eram enviados para as masmorras. A ideia de ser presa na escuridão, longe de todos, sem saber se algum dia veria a luz novamente, me deixava paralisada. Uma onda de desespero me atingiu ao imaginar que poderia ser condenada ao exílio, um destino que muitos temiam e que eu sabia ser o resultado de uma traição aos seus próprios.
Ser jogada aos perigos da floresta, assim como meus pais.
À frente, Eli e Davian caminhavam entre os guardas, mas o olhar de Eli frequentemente se voltava para trás, revelando sua preocupação.
— Vamos, movam-se! — ordenou um dos guardas, o empurrando com força.
O ranger dos galhos e o sussurro do vento eram como um lamento da floresta, e eu me perguntava se ela também sentia minha dor. Cada passo que dávamos em direção à aldeia era como uma sentença de morte, e eu me esforçava para manter a esperança viva, mesmo quando ela parecia estar se esvaindo.
O que me esperava naquela aldeia? A única coisa que eu sabia era que não poderia deixar que meu medo me dominasse. Enquanto o som das folhas secas sob nossos pés ecoava, eu me preparei mentalmente para o que estava por vir, buscando qualquer chance de resistência.
A aldeia se aproximava, e meu coração disparava. O que o conselho faria conosco? A responsabilidade por Eli e Davian pesava como uma âncora no meu peito. Era tudo culpa minha.
Eu os havia levado até a construção.
Foi minha curiosidade, meu desejo de descobrir a verdade, que os colocou naquela situação. Se eu não tivesse insistido, se não tivesse traçado aquele caminho, eles estariam a salvo agora. A imagem de Eli e Davian sendo arrastados pela floresta, com o mesmo medo que me consumia, me esmagava.
As árvores ao redor pareciam observadoras, e eu tentava me concentrar, buscando qualquer possibilidade de fuga. Cada passo que dávamos era um passo mais perto de um destino desconhecido, e a angústia se tornava insuportável.
[...]
O caminho para a aldeia se tornou um desfile sombrio. Ao atravessarmos os portões, fui envolvida por uma onda de olhares curiosos e assustados. A cidade, que sempre me parecia um lugar acolhedor apesardos problemasque enfrentávamos, agora se transformava em um labirinto de julgamentos silenciosos. As pessoas se aglomeravam nas calçadas, sussurrando entre si, e eu podia sentir a ansiedade no ar, quase tangível.
Os sons da aldeia, que antes eram apenas ruídos do cotidiano — risadas, conversas, o tilintar de utensílios — agora pareciam ecos distantes, abafados pela batida acelerada do meu coração. A mistura de medo e vergonha era sufocante. Eu, que sempre me orgulhei de minha liberdade, agora era vista como uma criminosa.
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A Herança Da Lua
WerewolfNo crepúsculo do tempo, quando a lua azul iluminar a noite e o vento sussurrar entre as árvores antigas, os lobos que caminham entre os homens despertarão. Na escuridão, um novo lobo surgirá, com olhos de fogo e coração de gelo, trazendo com ele a...