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O ambiente ficou envolto em um silêncio pesado. Eu ainda me encontrava encolhida no canto, as pernas apertadas contra o peito, o coração acelerado e a respiração irregular. A pressão no meu peito era esmagadora, como se uma sombra estivesse me sufocando.

Ela se afastou, seus olhos transbordando uma mistura de dor e desespero. A presença do homem, uma figura estranha e imponente, se destacava contra o pano de fundo confuso que me cercava.

A tensão entre Ezlin e o homem no quarto era como um fio elétrico que zumbia no ar. Cada movimento que ele fazia parecia causar uma onda de inquietação que reverberava em Ezlin. Ela o observava atentamente. Seus olhos se encontravam em momentos fugazes, cada olhar carregado de significados não ditos, como se um diálogo silencioso estivesse acontecendo entre eles.

Ezlin olhou para ele, buscando alguma resposta em seu olhar, mas ele apenas a observou em silêncio. E a indecisão dela parecia reverberar em mim, amplificando meu próprio desespero. Ela deu um passo à frente, e então hesitou, seus pés imobilizados como se o chão sob ela estivesse se movendo. A luta interna era visível em cada linha de seu rosto. Eu a observei, o coração acelerado, sentindo uma conexão estranha e dolorosa, mas também uma aversão que me impedia de alcançá-la.

Seus olhos estavam arregalados e cheios de conflito. Finalmente, ela respirou fundo, como se estivesse tentando se recompor. Mas a batalha dentro dela continuava, e eu sabia que a decisão de sair ou ficar era mais do que uma simples escolha; era um desdobrar de segredos. E, mesmo assim, ela não conseguia dar o passo final.

As mãos trêmulas seguravam o copo com tanta força que seus dedos estavam pálidos, como se essa simples ação pudesse lhe dar alguma segurança. Cada vez que ele se movia, seu corpo se enrijecia, como se ela estivesse se preparando para um impacto, mesmo que mais nenhuma palavra tivesse sido trocada entre eles.

Finalmente, com um suspiro profundo que parecia ter vindo de um lugar muito profundo dentro dela, a determinação começou a se formar em seu olhar.

— Eu vou voltar, então nós conversaremos — ela murmurou, a voz embargada, mas firme. O peso de suas palavras parecia ecoar na sala, preenchendo o espaço com uma clareza cortante.

Então, caminhou até a mesa ao lado da cama e com um movimento, Ezlin soltou o copo. Os dedos se afastando lentamente como se a libertação estivesse se formando em sua mente. Ela recuou um pouco, um gesto carregado de fragilidade. O homem não se moveu, mas a intensidade de seu olhar permaneceu fixada nela, como se tentasse transmitir uma mensagem silenciosa.

— Por favor, cuide dela — ela disse, direcionando suas palavras ao homem, um pedido que soava tanto como um aviso quanto como um desejo. As palavras estavam carregadas de um amor protetor, um eco do que ela desejava que eu sentisse também. Então, antes que a dúvida pudesse consumi-la, Ezlin virou-se e caminhou em direção à porta.

Os passos dela eram pesados, ressoando no silêncio do quarto, enquanto o espaço que ela deixava para trás parecia mais vazio a cada movimento. Ao abrir a porta, uma lufada de ar frio entrou, como um lembrete da realidade que existia além das paredes. Eu queria gritar, chamá-la de volta, mas as palavras se perderam na confusão dos meus pensamentos.

Ezlin hesitou uma última vez, olhando para trás. Seus olhos se encontraram com os meus, e nesse momento, tudo se tornou claro. A dor que ela sentia também era a minha dor; a incerteza que nos cercava não era algo que poderíamos enfrentar sozinhas. Mas o desejo dela de proteger a mim e a si mesma era mais forte do que qualquer barreira que nos separava.

E, então, ela se foi. A porta se fechou atrás dela com um leve estalo, deixando o quarto em um silêncio opressivo, enquanto eu permanecia ali, perdida em um turbilhão de emoções. Eu mal conseguia processar o que havia acontecido, a confusão e o medo, agora tomavam conta de mim.

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