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As sombras da floresta dançavam à luz da lua, e o vento sussurrava entre as árvores altas. Sentia uma inquietação dentro de mim, e eu não pude deixar de pensar que, talvez, tivéssemos cometido um grande erro.

— Isso foi uma má ideia — disse Davian, sua voz tremendo levemente.

Olhei para ele, seu olhar inquieto percorrendo os contornos escuros à nossa volta, como se os perigos da noite pudessem nos cercar a qualquer momento. Eli, ao meu lado, balançou a cabeça.

— Bem, estamos sem boas ideias há muito tempo — respondeu, com um tom que misturava ironia e determinação.

Davian parecia cada vez mais nervoso, e não pude deixar de sentir a ansiedade pulsando em meu próprio peito.

— Precisamos encontrar um lugar mais seguro, ficarmos aqui é um risco — ele disse, a urgência em sua voz evidente.

Lembrei-me do que nos trouxera até ali, da necessidade de escapar.

— Eu… Eu pensei que este lugar seria seguro. Os homens do conselho não iriam atrás de nós aqui.

Minhas palavras soaram fracas e inseguras.

— Escapamos do conselho para sermos devorados pelos demônios?
—perguntou, a frustração transparecendo em sua voz.

— Eles não são demônios, Davian!

Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia, tentei justificar novamente minha escolha, embora soubesse que não havia pensado muito a respeito de correr para lá. Mas as palavras não saíam, e a insegurança só aumentou. Abri e fechei a boca algumas vezes pensando no que diria. A verdade é que tive um pressentimento... um sentimento estranho de que estaríamos a salvo.

Aqui.

Então apenas deixei me guiar pelo instinto. Ele nunca tinha falhado.  Eu não conseguiria explicar isso a eles. Apenas abaixei a cabeça, me abraçando com mais firmeza contra o frio.

— Qual é Dev? Ela fez o que pôde. Não podemos nos perder em recriminações agora. Eu não vi você dando uma ideia melhor!

O apoio em seu olhar me trouxe um fio de esperança. Mas Davian ainda me observava.

— Estamos expostos aqui, melhor irmos andando. — Davian parecia cada vez mais ansioso e inquieto, eu não poderia culpá-lo.

Com um aceno de cabeça, nos lançamos na escuridão da floresta. A luz da lua filtrava-se através das folhas, criando um mosaico de sombras e brilho no chão coberto de folhas secas. O ar era fresco e cortante, trazendo o cheiro terroso das folhas em decomposição e o perfume ligeiro das flores noturnas que resistiam ao frio. O canto distante de corujas ecoava ao nosso redor, misturando-se ao farfalhar das árvores. O início do inverno envolvia o ambiente em um manto de névoa espessa, tornando tudo ao nosso redor indistinto e etéreo.

Após vagarmos por um tempo, encontramos um pequeno espaço aberto, uma clareira rodeada por árvores altas e robustas. As copas das árvores se entrelaçavam acima de nós, criando um teto natural que filtrava a luz prateada da lua, permitindo que alguns raios luminosos dançassem no chão coberto de folhas secas. O solo era irregular, com raízes expostas que se entrelaçavam como serpentes à espreita.

Em um canto da clareira, havia uma pequena fonte de água, uma poça cristalina que refletia a luz da lua, cercada por pedras cobertas de musgo, que pareciam ter sido moldadas pelo tempo. O suave murmúrio da água era como um canto suave, proporcionando um toque tranquilizador em meio ao silêncio inquietante da floresta. Era um lugar bonito, embora cercado pela neblina, o que conferia à cena uma aura mágica e misteriosa.

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