47

32 4 0
                                    

Despertei no meio da noite, o quarto estava silencioso, exceto por um leve ruído de movimento. Pisquei lentamente, ajustando meus olhos ao escuro. Meus sentidos captaram uma presença no ambiente, e ao virar a cabeça, percebi uma figura familiar.

Ahren.

Ele estava no quarto, de costas para mim, e parecia ter acabado de tomar um banho. O brilho tênue da luz do fogo da lareira refletia nas gotículas que escorriam por seus ombros e costas largas, seguindo o caminho de seus músculos definidos. Ele estava apenas com uma toalha enrolada na cintura, e seus cabelos molhados caíam de maneira desordenada.

Meu rosto começou a queimar de vergonha, e tentei desviar o olhar, mas meus olhos insistiam em voltar, espiando-o de vez em quando, como se minha mente estivesse atraída pela visão. Ele parecia não ter percebido que eu estava acordada, movendo-se silenciosamente enquanto procurava algo para se vestir.

- Não queria acordar você - disse Ahren, sua voz baixa, mas firme. Ele parecia alheio ao constrangimento que sua presença causava.

Ahren então começou a desamarrar a toalha da cintura, claramente se preparando para se vestir. Meu coração disparou, e antes que pudesse controlar a reação, um som de surpresa escapou dos meus lábios. Um pequeno engasgo que soou alto demais no silêncio do quarto.
Ahren parou, e pude ver pelo canto dos olhos que ele levantava uma sobrancelha, divertido.

- Esqueci o quanto os recém-chegados são cheios de pudor quanto à nudez - disse ele, com um leve sorriso no canto dos lábios.

A maneira descontraída como ele disse aquilo me fez sentir como se estivesse sendo atacada. Eu não era tão ingênua assim! De repente, sem pensar, as palavras escaparam, uma frase que soou mais ousada do que eu pretendia.

- Eu... já vi homens nus antes.

Aquela declaração saiu tão rápido e sem pensar que a temperatura no quarto pareceu subir ainda mais.
Ahren parou, sua expressão mudando para uma mistura de surpresa e curiosidade. Ele se virou lentamente, ainda segurando a toalha ao redor da cintura, e arqueou uma sobrancelha de forma questionadora.

- Tantos assim? - Ele parecia estar se divertindo com a minha reação.

As palavras saíam em um fluxo descontrolado, e percebi que a cada instante me afundava mais no buraco que eu mesma havia cavado. Ahren cruzou os braços, me observando com um misto de diversão e interesse.

- Não é isso que você está pensando! - Eu levantei as mãos, sentindo o calor subir para minhas bochechas. - Eu ajudava Miray... com os doentes da aldeia. Era normal ver homens nus em situações de doença ou ferimento. Não tem nada a ver com... - minha voz foi morrendo enquanto eu tentava me justificar.

Ele soltou uma risada baixa, o som profundo vibrando pelo quarto.

- Claro, entendo. - Ele deu um passo em direção à porta do quarto de banho, ainda com aquele ar divertido. - Vou me vestir lá para não chocar seus pudores.

Com isso, ele desapareceu no outro cômodo, deixando-me sozinha, o rosto queimando de vergonha. Meu coração batia acelerado, ainda perturbada pelo encontro e, ao mesmo tempo, sem conseguir tirar da mente a imagem de seu corpo forte e molhado, os músculos tensos sob a pele. Meus pensamentos estavam uma bagunça, confusos entre a timidez e algo mais profundo, uma curiosidade que eu mal conseguia nomear.

Ele estava brincando, mas não consegui evitar a onda de calor que subiu pelo meu rosto. Minha mente estava em um turbilhão, misturando pensamentos confusos sobre o que realmente significava ver a nudez de outros, as lembranças de Miray e os doentes se tornavam embaçadas diante da presença avassaladora de Ahren.


A Herança Da Lua Onde histórias criam vida. Descubra agora