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- O que você está fazendo aqui, Nathan?

Ele solta uma risada seca, sem humor, enquanto me observa com a mesma intensidade de antes, como se sua presença ali fosse algum tipo de piada privada.

- Ora, nem uma saudação decente? Achei que tivesse sentido minha falta.

Cruzei os braços, tentando manter a postura firme enquanto o olhava. A presença dele era inquietante, como uma sombra do passado que eu preferia ter deixado para trás.

- A última coisa de que eu sentiria falta seria de você - disse, minha voz carregada de desconfiança. - E eu não confio em você.

Ele me observou, seus olhos escuros fixos em mim, frios, sem qualquer sinal de ofensa. Na verdade, ele parecia se divertir, e o sorriso irônico em seus lábios só ficou mais evidente.

- Acha mesmo que tem autoridade para julgar quem é digno de confiança? - ele provocou, inclinando a cabeça de um jeito quase zombeteiro. - Acredite, se eu quisesse te causar algum mal, teria feito isso há muito tempo. E, aliás, vejo que você nunca mudou... Sempre tão defensiva.

Tentei não deixar que suas palavras me afetassem, embora o tom frio e aquele olhar me fizessem lembrar de uma parte da minha vida que eu tentava esquecer. Respirei fundo, respondendo com um tom calmo, mas firme.

- Cautela nunca é demais, principalmente com você.

Ahren, ao meu lado, colocou uma mão no meu ombro, como se fosse um lembrete de que ele estava ali. Mas eu não conseguia relaxar com Nathan ali, olhando para mim daquela forma.

Nathan deu de ombros, sem tirar aquele sorriso da face, como se estivesse falando algo óbvio demais.

- Tão desconfiada. Se fosse mesmo tão esperta, teria evitado muitos problemas no passado, não acha? - Ele deixou as palavras no ar, o olhar agora se voltando para Ahren, avaliando-o com a mesma intensidade.

Eu engoli seco, tentando ignorar o impulso de recuar sob aquele olhar. O frio parecia ter um peso ainda maior agora, e eu senti a respiração de Ahren se tornar mais lenta e calculada ao meu lado.

- Informação. Sem rodeios - Ahren interrompeu, firme.

Nathan arqueou uma sobrancelha, jogando um sorriso entediado na direção de Ahren.

- Sempre tão direto, não é, Ahren? - Ele suspirou, como se o assunto fosse uma mera inconveniência. - Mas tudo bem. Acho que vocês vão gostar de saber que nossos amigos do Conselho já reforçaram a segurança. Triplicaram os guardas, armadilhas em cada passagem... Parece que andam esperando uma visita.

Ele fez uma pausa dramática, olhando de soslaio para mim. Senti uma leve pontada de nervosismo, mas mantive a expressão controlada, fingindo que aquilo não me afetava.

- Mas você já sabia disso, antes mesmo de vir até aqui - Nathan disse, a voz baixa, um tom de irritação mal disfarçado.

Observei Nathan, tentando entender o que aquilo realmente significava. Ele estava ali, no meio da floresta, aparentemente do lado de Ahren. Como alguém que sempre fora um espinho no meu caminho, que nunca tinha mostrado nada além de desdém por mim e pela aldeia, agora estava ali, com uma certa familiaridade que me incomodava. Desde quando ele tinha passado a agir assim? Desde quando ele estava... do outro lado? Ou será que estava?

Minha cabeça fervilhava com perguntas. Nathan sempre parecia o tipo de pessoa que preferia o conforto de uma vida fácil - o tipo que eu imaginava que ficaria ao lado do pai sem qualquer hesitação, até o fim. Então, o que ele estava fazendo ali, traindo Theron? Qual era o motivo que o fazia caminhar ao nosso lado?

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