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Assim que cruzamos a porta, respirei fundo, tentando afastar o horrível cheiro que ainda se fixava em minhas narinas. O ar fresco da floresta era um alívio, mas a lembrança do fedor de sangue e podridão persistia em minha mente.

Apertei as mãos nos joelhos, curvando-me para recuperar o fôlego. O peso da descoberta que fizera me atingiu com força, como se cada revelação que eu havia ouvido estivesse se acumulando sobre meus ombros. Senti como se estivesse carregando o peso de todas aquelas vidas perdidas, de toda a dor que havia ecoado entre aquelas paredes.

Eli e Davian estavam ao meu lado, suas expressões refletindo a tensão que sentíamos. Eli olhou para mim, a preocupação estampada em seu rosto.

— Você está bem? — ele perguntou, a voz baixa e cuidadosa.

— Eu… estou — respondi, tentando recuperar a compostura. Mas a verdade era que o que tínhamos descoberto me deixava inquieta. O que significava tudo aquilo? O que os conselheiros estavam tramando?

Não era apenas a luta contra os demônios do norte, era?

Havia mais. Eu sentia no fundo do meu ser.

Davian, impaciente, olhou para a floresta à nossa frente.

— Precisamos nos afastar daqui. Não é seguro. — Ele gesticulou para que seguíssemos em frente.

Levantei-me lentamente, ainda sentindo as consequências daquelas correntes em minha pele e a imagem das celas gravada em minha mente.
Mas, de repente, um barulho à distância cortou o silêncio — vozes e passos apressados, quebrando a tranquilidade da floresta.

— Eles estão voltando! — Eli sussurrou, a expressão de pânico iluminando seu rosto.

Davian olhou em volta, a urgência crescendo em seus olhos.

— Precisamos nos esconder! — ele disse, puxando-nos para trás de uma árvore larga e grossa. A casca áspera raspava minha pele enquanto nos acomodávamos atrás do tronco.

Os passos se aproximavam, e o som de armaduras e vozes de comando ficava cada vez mais nítido.

— Eles não podem ter ido longe! Verifiquem os arredores! — uma voz autoritária gritou, ecoando pela escuridão.

Meu coração disparou. Estávamos tão perto de sermos descobertos. Eu não podia acreditar que tínhamos sido tão imprudentes. Eu podia ouvir a respiração pesada de Eli ao meu lado, enquanto Davian olhava em direção à estrada, a determinação em seu olhar.

— Precisamos sair daqui — murmurei, sentindo o peso da urgência.

O som dos guardas continuava, sabia que se nos encontrassem, tudo o que descobrimos poderia ser em vão. Precisávamos ser rápidos e silenciosos, encontrar um caminho seguro antes que os guardas nos cercassem.

— Vamos pela trilha de volta — sussurrou Eli. — É mais seguro.

Concordei, e assim que os guardas passaram, começamos a nos mover rapidamente na direção oposta, o coração batendo forte no peito enquanto a floresta nos abraçava.

— Temos que nos separar — disse Davian, olhando para trás, como se esperasse que os guardas aparecessem a qualquer momento. A luz do dia iluminava nossos rostos, mas a adrenalina tornava tudo mais intenso, cada sombra parecendo esconder um perigo.

Avançamos, a trilha gasta sob nossos pés fazendo um som suave de folhas secas e galhos quebrando. O cheiro do ar fresco era um alívio, após sentir aquele cheiro horrível de podridão.

A medida que nos afastávamos da construção, as vozes dos guardas se tornavam mais distantes, e a sensação de segurança começava a voltar lentamente. Mas sabíamos que não estávamos fora de perigo ainda. Precisávamos nos reunir e formular um plano.

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