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Nos dias que se seguiram, uma sensação de inquietação se instalou em mim. O distanciamento de Ahren me deixava confusa, ainda mais após aquela noite na floresta. Eu estava sempre cercada por Eli e Nylla, mas Ahren parecia mais distante do que nunca. Ele chegava muito tarde, quando eu já estava dormindo, e saía muito cedo, antes que eu pudesse sequer vê-lo.

Durante os treinos com Eli e Nylla, fiz progresso. Meus reflexos estavam mais rápidos, minha resistência crescendo, mas a cada sessão sentia a pressão aumentar. Cada golpe desferido, cada comando obedecido, trazia à tona o que Andras havia dito: que Ahren estava me mantendo afastada de Davian. Por ciúmes? Ou havia algo mais? Eu tentava afastar esses pensamentos, mas eles se infiltravam, insistentes, nas minhas reflexões.

No entanto, não era só o silêncio de Ahren que me perturbava. Algo estava errado na alcateia. Nos corredores, percebi olhares furtivos, conversas interrompidas quando eu passava. O ambiente estava carregado, como se todos aguardassem o desfecho de algo que eu ainda não conseguia entender completamente. E Ahren, sempre ocupado, parecia estar no centro de tudo, sem que eu tivesse a menor ideia do que ele estava enfrentando.

Enquanto isso, a lembrança das palavras de Andras não me deixava em paz. Ele tinha mencionado onde Davian estava, ao sul da montanha, em um dos quartos. Cada vez que eu pensava nisso, algo dentro de mim queimava com a necessidade de agir. Eu não podia mais ignorar. Mesmo que Ahren tivesse suas razões, a incerteza me corroía, e se Davian realmente soubesse de algo que poderia ter evitado o ataque?

Depois de dias de hesitação, sem respostas, percebi que não podia mais esperar. Se Ahren não falaria comigo, eu teria que descobrir por mim mesma. Decidi que, naquela noite, eu iria atrás de Davian. Não importava o que Ahren pensasse.

Eu precisava encontrar Davian. Ahren não entenderia, ele tinha me bloqueado de todas as formas possíveis, mas eu não podia mais esperar. Andras estava certo - o ataque poderia ter sido evitado. As peças estavam lá, faltava apenas descobrir como juntá-las.

Conforme me afastava dos corredores principais, o silêncio era quase opressor, interrompido apenas pelo som leve das gotas de água escorrendo pelas paredes da montanha. Os cristais embutidos forneciam pouca luz, o suficiente para eu não tropeçar, mas nada que me trouxesse conforto.

O corredor estava silencioso enquanto eu caminhava pelas sombras, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Ahren havia saído para as rondas noturnas, e aquela era a única chance que eu tinha. Já fazia dias que ele evitava qualquer conversa significativa comigo, e a ansiedade em saber o que Davian tinha a dizer crescia dentro de mim. Eu precisava agir.

Estava perto agora. Davian estava ao sul da montanha, em uma das áreas mais afastadas e menos frequentadas. A ansiedade martelava em meu peito, junto com um leve temor do que eu poderia encontrar.

De repente, ouvi passos apressados atrás de mim, e meu coração disparou. Antes que eu pudesse reagir, uma voz familiar me alcançou.

- Evrin, espera!

Eli apareceu, os olhos sérios, a respiração ofegante. Ele correu até mim, e minha surpresa foi substituída por um nervosismo palpável.

- Para onde você está indo? - ele perguntou, sem perder o ritmo, o olhar fixo no meu.

Eu hesitei por um segundo, sem saber como explicar.

- Estou indo ver Davian - admiti, mais firme do que esperava.

Eli estreitou os olhos, claramente confuso.

- Ahren finalmente te deixou ir? - A pergunta estava carregada de ceticismo. Eu hesitei, e isso foi o suficiente para Eli entender a resposta.

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