A floresta continuava envolta em um manto de escuridão, e os sons da noite se misturavam com o estalar do fogo. O frio começava a se intensificar, e o silêncio da floresta parecia nos pressionar, como se aguardasse algo.
Eu precisava fazer alguma coisa.
— Eu posso tratar os machucados de vocês — ofereci, levantando-me e mancando até a bolsa que Zyran havia deixado para nós. Os remédios que ela guardara poderiam ser úteis.
Davian olhou para mim, os olhos um pouco relutantes, mas ele acenou com a cabeça.
— Você realmente se sente bem pra fazer isso? — ele perguntou, embora soubesse que, desde o momento em que decidimos fugir, a responsabilidade de cuidar uns dos outros recaía sobre nós.
— Claro — respondi, enquanto puxava a bolsa e a abria. Dentro, encontrei pequenos frascos de líquidos coloridos, ervas secas e ataduras improvisadas. — Se não cuidarmos de nossos ferimentos agora, pode ser mais difícil depois. E eles não me machucaram muito. Estou bem.
Eli, sempre pronto para aliviar a tensão, fez uma expressão exagerada de dor, colocando a mão no peito como se estivesse prestes a desmaiar.
— Oh, doce Evrin Selene, minha única salvação! — ele exclamou, tentando parecer dramático. — O que seria de mim sem sua compaixão?
Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele se lembraria disso. Poucas pessoas tinham conhecimento do meu segundo nome. Era um nome da família da minha mãe. Passado entre as mulheres, para protegê-las, ela me disse.
— Não deveria estar aguentando tudo isso com bravura? Parker.
Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso pela alusão ao seu nome.
— Parker é apenas um nome que carrego — respondeu, erguendo o queixo de forma exagerada. — Não representa a minha força, astúcia, beleza, nem minha… elegância!
Davian soltou uma risada, estendeu o braço, onde havia um corte profundo que ainda sangrava levemente.
— Se astúcia significa ser capturado como um coelho, então você deve ser o mais astucioso de todos.
— Ei! — Eli reclamou, rindo junto. — Você foi capturado junto! Eu te falei que as ordens que recebemos foram estranhas!
Assim, enquanto as brincadeiras continuavam, tirei um frasco de unguento da bolsa. O líquido era de um verde profundo, e o aroma fresco e terroso preenchia o ar.
— Agora, vamos ao que interessa — declarei, sentando-me entre eles, colocando o frasco sobre o chão. — Vamos tratar esses ferimentos antes que eles se tornem mais graves.
Davian estendeu o braço, onde havia um corte profundo que ainda sangrava levemente.
— Eu não sei se isso vai ajudar a minha “elegância” — ele brincou, um sorriso no rosto, mas a dor em seus olhos era evidente.
Eli observou com um olhar de interesse.
— E você, Dev, se comporte! Ou a Evrin Selene vai te colocar de castigo.— ele disse, piscando para mim.
— Não se preocupe, Eli — respondi, enquanto cuidava do braço de Davian. — Estarei de olho em você também, se continuar fazendo piadas sobre meu nome.
— Por favor, não me chame de “Parker” quando você estiver me tratando! Eu não suportaria essa humilhação!
— Primeiro, precisamos limpar isso — declarei, pegando uma garrafa de água que havia trazido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Herança Da Lua
WerewolfNo crepúsculo do tempo, quando a lua azul iluminar a noite e o vento sussurrar entre as árvores antigas, os lobos que caminham entre os homens despertarão. Na escuridão, um novo lobo surgirá, com olhos de fogo e coração de gelo, trazendo com ele a...