— Por ordem do conselho, os acusados, Evrin Selene Ayira, Parker Eli Lennox e Davian Evera, são considerados culpados de conspiração e traição. Em conformidade com as leis que regem esta aldeia, a pena por tais delitos será a execução ao anoitecer!
As palavras dele ressoaram como uma sentença final, e meu estômago se revirou, um nó de raiva e desespero se formando dentro de mim.
A praça estava cheia, um mar de rostos hostis que se erguiam sob o céu cinzento e pesado.
Theron estava lá, junto aos outros quatro conselheiros, observando com uma satisfação oculta, o olhar dele revelando um prazer sutil em nossa desgraça. Ele se adiantou, tomando o centro do palco, enquanto a multidão se aquietava, fascinada por sua presença.
— Cidadãos de Althea, meus caros companheiros e amigos! — começou Theron, a voz dele ressoando com uma autoridade que parecia seduzir a multidão. — Hoje, estamos aqui não apenas para julgar a traição, mas para recordar os valores que sustentam nossa comunidade. Estes jovens, que uma vez foram vistos como promissores, deixaram-se seduzir pela sombra dos demônios. Fanáticos, eles se tornaram. Fanáticos que, ao buscar a suposta verdade, esqueceram que a verdade só pode ser encontrada na luz, sob a proteção de Selene, nossa deusa esquecida.
A menção ao fanatismo fez a multidão explodir em gritos de ódio. Alguns começaram a gritar palavras de desprezo, outros lançaram objetos, e o ar ficou denso com tomates podres e insultos. A raiva deles era palpável, como se uma onda de fúria tivesse tomado conta da praça. A sensação de queimação em meu rosto era a resposta de uma comunidade que não sabia a verdade, mas que, ao invés disso, se deixava levar pela manipulação.
— É lamentável ver jovens tão promissores se deixarem levar por um fanatismo insensato — ele declarou, a voz suave como um veneno. — Poderiam ter sido líderes, mas escolheram o caminho da destruição. Que suas almas se arrependam! Que elas se unam a ela em arrependimento e dor, como uma lição para todos que ousarem seguir seus passos!
A multidão, em frenesi, parecia quase hipnotizada por suas palavras, os rostos distorcidos pela ira. Olhando para eles, lembrei-me da história de Althea, de um tempo em que pessoas cultuavam os lobos como deuses da floresta.
Pessoas como a avó de Alis.
O conselho, em sua ânsia de poder, havia caçado e eliminado todos aqueles que ousaram venerá-los.
Eu percebia agora, o porquê.
Era inteligente da parte deles, eu tinha que admitir. Acusar-nos de fanatismo, de traidores; assim, mantinham o medo vivo, transformando-nos em bodes expiatórios, enquanto escondiam suas próprias transgressões.
— O que fizemos para merecer isso? — Eli sussurrou ao meu lado, seu tom carregado de raiva.
— Apenas buscamos a verdade — respondi, a textura áspera das cordas que prendiam minhas mãos me lembrando da nossa impotência. A raiva pulsava em minhas veias, e cada insulto lançado contra nós era uma lâmina, cortando mais fundo em minha alma.
O conselho mantinha sua postura triunfante na plataforma, suas expressões de deleite enquanto assistia à nossa humilhação. A sensação era sufocante, e o desejo de expor a verdade queimava em mim. Mas não havia como escapar daquela realidade.
Jamais acreditariam.
Não acreditariam antes de tudo acontecer, muito menos agora que havíamos sido chamados de fanáticos pelos lobos.
Com um empurrão brusco, os guardas começaram a nos conduzir em direção ao caminho da prisão provisória. O chão, coberto por pedras irregulares, parecia se mover sob meus pés, e as cordas que prendiam meus pulsos cortavam minha pele. O frio começava a penetrar nas minhas roupas, e eu nunca me senti tão humilhada.
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A Herança Da Lua
WerewolfNo crepúsculo do tempo, quando a lua azul iluminar a noite e o vento sussurrar entre as árvores antigas, os lobos que caminham entre os homens despertarão. Na escuridão, um novo lobo surgirá, com olhos de fogo e coração de gelo, trazendo com ele a...