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Os sonhos vieram a mim como um manto de tranquilidade, e eu me permiti afundar na maciez dos lençóis que envolviam meu corpo. O cheiro dele - uma mistura envolvente de pinho e algo inconfundivelmente Ahren - estava impregnado nos tecidos. A lareira crepitava suavemente, espalhando um calor acolhedor pelo quarto, e eu me sentia segura, como se estivesse protegida por uma barreira invisível.

Entretanto, no meio da tranquilidade, uma inquietação começou a me incomodar. Era uma sensação de urgência, como se algo estivesse prestes a acontecer. Eu me virei na cama, tentando ignorar o incômodo, mas a sensação se intensificou. O coração começou a acelerar, e eu sabia que precisava acordar.

Finalmente, abri os olhos, meu corpo ainda envolto na penumbra suave do quarto. O que eu vi me fez sentir um frio na barriga: um enorme lobo negro atravessava o quarto com um andar majestoso e imponente, sua pelagem brilhando à luz da lareira. Ele parecia tão natural e poderoso, como se não estivesse apenas em meu sonho, mas sim na realidade do quarto. Mas eu não estava sonhando.

O lobo fez uma pausa na porta, suas patas firmes e seguras no chão. A intensidade de seus olhos amarelos, penetrantes, se fixou em mim, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Era impossível não sentir o magnetismo daquela criatura, a própria essência de um lycan. Ele continuou seu caminho, sem pressa, e se dirigiu à sala de banho, como se estivesse em uma missão clara e determinada.

A imagem do lobo era impressionante e um pouco intimidadora, mas havia algo de familiar e reconfortante. Enquanto eu observava, a inquietação que havia me acordado desapareceu lentamente, substituída por uma curiosidade quase hipnotizante.
Meu coração disparou ao me dar conta de que era Ahren. Aquele lobo enorme.

O calor da lareira me envolvia, e a lembrança do toque de Ahren se misturava com a visão do lobo, trazendo à tona o questionamento sobre o que significava tudo aquilo.
Com a mente ainda confusa, eu me levantei da cama, os lençóis deslizando para baixo com meu movimento, e segui na direção da porta. O lobo havia desaparecido na sala de banho, mas eu ainda sentia a energia vibrante que ele deixara no ar.

Eu avancei em direção a ele, mas parei abruptamente no meio do caminho. Sons incomuns começaram a emanar do interior, misturando-se com o crepitarda lareirano quarto. Suspiros profundos e grunhidos ecoavam, e o som de ossos se quebrando fez meu coração disparar.

A inquietação tomou conta de mim. Meu corpo ficou paralisado, e um frio percorreu minha espinha. O que estava acontecendo ali. A imagem do lobo negro ainda estava viva em minha mente, mas agora uma nova compreensão começou a se formar - eu estava prestes a testemunhar a transformação de Ahren.

Nunca havia parado para pensar como eles transitavam entre essas formas, me parecia muito doloroso e a possibilidade de ver a dor que isso causava despertou um medo profundo em mim.

Com o coração acelerado e a mente fervilhando de perguntas, decidi recuar. Caminhei de volta para a cama, sentando-me na beira, com as mãos entrelaçadas, tentando me acalmar. Minha respiração era rápida e irregular enquanto eu tentava processar o que estava acontecendo.

Fiquei sentada na cama, a inquietação tomando conta de mim enquanto os sons da sala de banho continuavam. Meu coração disparava em um ritmo frenético, e eu sacudia a perna nervosamente, as mãos inquietas entrelaçadas no colo. A cada suspiro profundo, a ansiedade aumentava, e eu mal conseguia me concentrar.

Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, os grunhidos e estalos cessaram. O silêncio que se seguiu parecia ensurdecedor, e uma onda de coragem me impulsionou a me levantar. Esperei apenas um segundo, meu coração ainda acelerado, antes de ir procurá-lo.

Ao passar pela porta, meus olhos se depararam com uma cena que me deixou paralisada. Ahren estava em pé, suado e nu, o corpo marcado com vestígios de sangue. A visão dele era ao mesmo tempo impressionante e intimidadora, mas, em um instante, a vergonha tomou conta de mim.

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