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A noite estava sombria e fria, com uma lua tímida tentando espiar entre as nuvens pesadas. Um vento cortante atravessava as montanhas, como se quisesse testar a determinação daqueles que agora se alinhavam na floresta. No silêncio carregado, o ar estava saturado com o cheiro de terra, couro e expectativa. Alguns lycans murmuravam entre si, as vozes em tons baixos, ajustando os últimos detalhes, mas não havia hesitação nos olhos deles.

Ahren estava à frente, junto aos cinco betas que liderariam as divisões. Hakan, Torin, Dorian, Kelan e Andras. Eles revisavam o plano uma última vez, cada detalhe já impresso na mente de todos. Durante o dia, informações e rotas tinham sido distribuídas com precisão, e agora, cada grupo sabia exatamente seu papel. Eles partiriam juntos, mas, no retorno, seguiriam caminhos diferentes para evitar que os rastreadores do Conselho interceptassem seu movimento. Não poderiam arriscar um erro sequer; um deslize poderia significar a captura de muitos.

Guerreiros se espalhavam ao redor, concentrados, olhos fixos em Ahren. Ele olhou para cada um, murmurando uma palavra de incentivo, uma promessa de que retornariam vitoriosos. Alguns lycans permaneceriam na alcateia, encarregados de proteger os que ficaram: mulheres, crianças e idosos que dependiam da segurança da montanha.

Eu sabia que não estaria na linha de frente, mas meu coração ainda assim batia ansioso. Sabia o que significava essa missão para Ahren e para todos nós. Meu papel seria aqui, ao lado das curandeiras, para cuidar de quem voltasse ferido. E a simples ideia de que poderiam voltar machucados me fazia tremer por dentro.

Ahren passava os últimos comandos a seus betas, cada um à frente de seu grupo, e eu observava enquanto ele se movia com a firmeza de alguém que carregava a responsabilidade de todos em seus ombros.

A névoa se adensava entre as árvores, engolindo um a um os grupos que se dispersavam pela floresta. Alguns lycans partiam em silêncio, em suas formas lupinas, enormes e ágeis, as patas quase flutuando sobre o chão úmido. Outros seguiam em forma humana, com olhares fixos e determinados, cada um envolto numa tensão palpável. Um a um, sumiam na escuridão da floresta, a silhueta de cada guerreiro desaparecendo como sombras na bruma.

Eu observava em silêncio, sentindo o peso da despedida e a preocupação crescendo no peito, como uma dor surda. Sabia que eles partiam para uma missão perigosa, mas a ideia de que algo pudesse dar errado me perturbava profundamente. Um medo frio, quase paralisante, fazia com que eu me mantivesse imóvel, observando o último grupo desaparecer até que, finalmente, restava apenas uma figura destacada contra a névoa.

Ahren parou por um momento, fitando-me à distância. Ele não precisava dizer nada; o olhar intenso dele, mesmo à distância, parecia atravessar todo o medo e a insegurança que eu tentava ocultar. Era como se ele lesse todos os meus pensamentos, como se entendesse a profundidade de tudo o que eu sentia, mesmo antes de eu mesma entender. Então, sem pressa, ele começou a vir em minha direção.

Cada passo que ele dava parecia acalmar meu coração agitado, como se o mundo à nossa volta diminuísse até que só restasse aquele instante entre nós dois. Ele se aproximou com passos firmes, o som de suas botas quase abafado pela densa névoa. Ahren parou diante de mim, a presença dele aquecendo o ar frio ao nosso redor. Senti o calor irradiando de seu corpo, e o cheiro familiar dele me cercava, me envolvia, como um abraço silencioso.

Ele ergueu as mãos e segurou meu rosto, as palmas quentes contra minha pele fria, um toque suave, que quase me fez esquecer todo o restante. Olhei para ele, as íris familiares, e, de repente, tudo começou a fazer sentido. Aquele sentimento profundo e avassalador que surgia em mim, a necessidade de tê-lo por perto, o conforto que ele trazia. Era algo que eu nunca tinha sentido antes, algo que eu não sabia que precisava, até ele surgir na minha vida. Era amor, percebi. Eu o amava. Não importava há quanto tempo nos conhecíamos. Era um sentimento antigo, como se estivesse apenas esperando por ele.

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