— Impossível... — murmuro, incapaz de conter o choque.
Taylor, como se estivesse esperando essa resposta, apenas sorri. Ele estende a mão para uma prateleira próxima, pegando um frasco que reluz em sua mão. Pela coloração, é idêntico ao que Nathan trouxera, o mesmo líquido. Taylor levanta o frasco contra a luz, os olhos fixos nele com uma satisfação que beira o orgulho.
— Levou tempo — diz ele, quase em um sussurro reverente. — Mas, finalmente, consegui um resultado... satisfatório. — Ele abaixa o frasco, ainda analisando o conteúdo. — Ainda não é definitivo, claro. Os efeitos duram apenas algumas horas, e depois desaparecem. Mas é uma questão de tempo até que eu refine o suficiente. Tenho muito trabalho pela frente.
Minha garganta seca enquanto ele continua, as palavras dele invadindo cada centímetro da minha mente. Ele fala com uma calma assustadora, uma confiança fria.
— Admito que durante muitos anos, fracassei. — Ele me olha diretamente, os olhos cheios de uma certeza quase insana. — Humanos são frágeis, fracos demais para suportar a transformação. O sangue lycan é poderoso, forte demais. Testei incontáveis métodos, e todos se destruíram nas primeiras tentativas.
Taylor faz uma pausa, os dedos tamborilando levemente sobre o frasco, antes de um sorriso maligno cruzar seus lábios.
— Mas então... — Ele se inclina um pouco para frente, como se fosse me confidenciar um segredo. — Pensei que, se houvesse uma versão mais... diluída do sangue de um lycan, talvez algo que o tornasse mais aceitável... Mais equilibrado.
Sinto o pavor crescer dentro de mim, a sensação de que estou presa em um pesadelo do qual não consigo despertar.
— E foi aí que percebi a resposta, Evrin. — Ele faz uma pausa, o sorriso aumentando. — Sangue híbrido. A combinação perfeita entre humano e lycan, um meio-termo.
Ele observa minha reação com prazer, como se estivesse me dando uma revelação que deveria me impressionar.
— E então, comecei a fazer meus testes. Para minha satisfação, a combinação funcionou. O sangue híbrido é exatamente o que eu precisava. Com ele, consegui estabilizar o processo, iniciar uma transformação... controlada. Tudo estava indo de acordo com o meu plano. Eu finalmente tinha os recursos, o conhecimento... e o estoque de matéria-prima necessário.
Sinto meu estômago revirar, mas ele continua, com um tom que beira a frustração.
— Você quase estragou tudo com sua... bondade.
Franzo a testa, confusa. Ele sorri, notando a expressão em meu rosto.
— A febre. Eu a usei para identificar quem carregava sangue híbrido. Em uma reação específica que só eles tinham. Mas você — ele balança a cabeça, irritado — curou os doentes, atrapalhando meu trabalho.
Minha mente volta para aqueles dias, para a doença que quase dizimou a aldeia, e penso em Alis, que também teve febre, assim como os outros.
— Mas híbridos também ficaram doentes — murmuro, tentando entender.
Taylor solta uma risada contida, quase apreciando minha ignorância.
— Sim, eles podem adoecer, mas não morrem como os outros. A febre era o sinal que eu precisava para diferenciar os híbridos dos humanos comuns. Aqueles que não ficaram doentes, e os que pegavam e sobreviviam... A resistência deles foi o sinal definitivo de que eu estava no caminho certo.
Me dou conta de que essa era a verdadeira razão para tanta resistência em buscar uma cura para a febre. Eles nunca quiseram uma. A raiva começa a crescer nos olhos dele, e sua expressão se fecha, endurecendo.
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A Herança Da Lua
WerewolfNo crepúsculo do tempo, quando a lua azul iluminar a noite e o vento sussurrar entre as árvores antigas, os lobos que caminham entre os homens despertarão. Na escuridão, um novo lobo surgirá, com olhos de fogo e coração de gelo, trazendo com ele a...