34

48 5 0
                                    




— O que acha que é? — perguntei, minha voz baixa, meu coração batendo forte no peito.

— Não sei — Davian respondeu sem desviar os olhos da escuridão. — Mas não podemos baixar a guarda.

Eli se levantou lentamente, agora armado com a pequena faca, e se posicionou ao nosso lado, os músculos do rosto ainda tensos pelo cansaço e pela dor, mas seus olhos focados.

— Pode ser um animal, pode ser... algo pior — acrescentou ele, tentando soar despreocupado, mas eu sabia que ele também estava nervoso.

O estalo de galhos se repetiu, agora mais próximo, e todos nós nos enrijecemos. A floresta ao nosso redor parecia segurar a respiração, cada folha e cada tronco testemunhando nossa luta silenciosa com o medo do desconhecido.

Os segundos se alongaram, e cada respiração parecia amplificada, o fogo crepitando ao nosso lado. Eu podia sentir o calor das chamas, mas dentro de mim, o frio do medo crescia.

— Seja o que for... — comecei a dizer, mas minha voz se perdeu quando mais um estalo ecoou, seguido de um som sutil, como se algo grande estivesse se movendo entre as árvores.

— Estou ouvindo agora.

Davian levantou a adaga, e Eli firmou a postura com a faca de caça em mãos, ambos prontos para o que quer que estivesse vindo. Eu, sem armas, mantive-me perto da fogueira, tentando pensar em qualquer outra forma de ajudar caso precisássemos lutar. Senti falta da adaga do meu pai.

O silêncio, mais uma vez, caiu sobre nós, mas a tensão no ar era palpável. Algo estava ali. Algo estava nos observando.

— Preparem-se — disse Davian, sua voz baixa, mas carregada de determinação.

O perigo estava perto.

A tensão era sufocante. O vento cortante trouxe um novo cheiro com ele, algo primitivo e ameaçador que fez cada um de nós se endireitar ainda mais. Eu mal tinha tido tempo de processar o que acontecia quando o som veio: um rosnado grave, profundo, que parecia emergir das sombras da floresta como uma besta faminta.

Todos nós congelamos.

E então, das sombras, ele surgiu.

A criatura era massiva, uma figura meio homem, meio fera. Ele se apoiava nas quatro patas e seus pelos negros brilhavam à luz da fogueira, e seus olhos – amarelados e intensos – nos fitaram com crueldade. Cada músculo de seu corpo parecia moldado para a caça, e seus dentes, expostos num rosnado ameaçador, reluziam como presas afiadas prontas para rasgar carne.

Aquele não era um lobo comum.

Não era o lobo que vi naquela tarde.

Era um amaldiçoado.

Eu senti o medo se espalhar por meu corpo, paralisando meus movimentos. Por um instante, fui incapaz de fazer qualquer coisa além de encará-lo, completamente hipnotizada pela presença assustadora daquela criatura.

Eli, no entanto, reagiu imediatamente.

— Fiquem atrás de mim! — ele gritou, colocando-se instintivamente entre mim e Davian e o animal. A faca de caça que ele segurava parecia insignificante diante daquela besta, mas a determinação em seus olhos era inabalável.

O lobo rosnou mais alto, os pelos de seu corpo se eriçando, como se estivesse pronto para atacar a qualquer segundo. O chão sob nossos pés parecia tremer com o som gutural que saía de sua garganta.

— Eli, não! — eu gritei, mas era tarde. Ele já havia dado um passo à frente, enfrentando a criatura com uma coragem insana. Davian se posicionou ao meu lado, segurando sua adaga, os olhos fixos na criatura, avaliando cada movimento.

A Herança Da Lua Onde histórias criam vida. Descubra agora