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O túnel se estendia diante de nós como uma serpente enraivecida, suas paredes úmidas parecendo se fechar a cada passo que dávamos. O calor era opressivo, um manto pesado que se agarrava à nossa pele e tornava cada respiração uma luta. Eu podia sentir o suor escorrendo pela minha coluna, misturando-se ao cheiro pungente de mofo e terra.

Minhas pernas, já exauridas pelo julgamento e pela corrida, protestavam a cada movimento. A dor que irradiava do meu lado, onde a mão do carcereiro havia me apertado com força, pulsava como um lembrete cruel de que a liberdade era um prêmio conquistado com sangue e sacrifício. Cada passo que eu dava era acompanhado por um leve gemido que eu tentava sufocar.

— O que você acha que eles vão fazer agora? — Eli sussurrou, sua voz trêmula, quase perdida no silêncio opressivo. A minha frente, estava tão perto que podia ouvir sua respiração ofegante, uma sinfonia de medos e esperanças entrelaçados.

— Não importa o que eles planejem. Não podemos deixá-los nos pegar — respondi, mantendo a voz baixa, tentando esconder a incerteza que brotava dentro de mim. A adrenalina pulsava em minhas veias, e a memória do julgamento ainda queimava em minha mente. A traição do conselho ressoava como um eco, tão profundo quanto as cavernas que nos cercavam.

Davian, ajustou a mochila em suas costas, o som de metal das armas se misturando ao murmúrio da água gotejando.

— Se conseguirmos chegar ao outro lado, talvez possamos encontrar um lugar seguro. Eldergrove talvez — sugeriu ele, embora sua voz carregasse uma leve hesitação.

— Não. Eles estão trabalhando com Theron também — Não queria ser a voz do pessimismo, mas não conseguindo afastar a ideia de que estávamos apenas adiando o inevitável. O cheiro de mofo e terra molhada era quase insuportável, misturado a algo em decomposição que tornava a atmosfera ainda mais sufocante. — Pensamos nisso se conseguirmos escapar.

— Não podemos pensar assim agora, Evrin, vamos conseguir — Eli me interrompeu, sua mão se fechando em um punho, como se estivesse lutando contra seus próprios medos. — Temos que seguir em frente. Vamos dar um jeito.

Respirei fundo, tentando filtrar o medo que se apoderava de mim.

— Certo.

E assim continuamos, seguindo em um silêncio tenso, os olhos atentos ao caminho à frente. Cada sombra parecia ter vida própria, e a ideia de que o perigo estava lá fora, nos espreitando, me fazia sentir como se estivesse correndo em direção ao desconhecido. Mas o que mais me inquietava não eram apenas os perigos que nos cercavam, mas a fraqueza que ameaçava se instalar em meu coração.

A pressão do ar parecia se intensificar, como se a própria terra estivesse tentando nos conter, e a cada instante a claustrofobia ameaçava me engolir. O calor do túnel era opressivo, um manto sufocante que fazia meu coração pulsar em um ritmo frenético. Eu me forcei a respirar devagar, a controlar a onda de pânico que se formava em meu peito.

— O que você está pensando? — perguntou Davian. Sua voz era suave, mas carregava a urgência da situação. Eu sabia que ele tentava me acalmar, mas suas palavras pareciam dançar em meio ao meu turbilhão interno.

— Apenas… tentando não pensar no que pode acontecer se formos pegos — confessei, minha voz quase um sussurro. — Eles não vão parar até nos encontrar.

Eli, ouvindo nossa conversa, parou brevemente, as sombras brincando em seu rosto.

— Precisamos manter a esperança. Se chegarmos ao final deste túnel, podemos encontrar um caminho para a liberdade — disse ele, a determinação em sua voz inabalável, mesmo que suas mãos tremessem levemente.

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