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O rosnado ecoou pela floresta, profundo e ameaçador, fazendo meu coração disparar. Eu ainda estava caída no chão, a pressão da terra fria contra minhas costas. Senti as folhas secas e galhos quebrados grudando em minha pele. Nathan me segurava firmemente pelos braços, seu olhar carregado de pânico.

Então, entre a vegetação densa, algo começou a se formar. Um enorme corpo negro surgiu, quase como se estivesse emergindo das sombras. Seus olhos dourados brilhavam intensamente, fixando-se em nós com uma intensidade que era ao mesmo tempo hipnotizante e aterrorizante. O ser tinha um pelo lustroso e espesso, e sua presença parecia absorver toda a luz ao redor, fazendo a floresta parecer ainda mais escura.

O medo me paralisou, e eu senti meus músculos se tensionarem. Nathan engoliu em seco, e seu olhar estava arregalado enquanto a criatura avançava lentamente, cada passo feito com uma graça predatória. O lobo parou, rosnando com força, um som baixo e profundo que reverberava como um trovão.

— Levante-se! — ele gritou, puxando-me com brusquidão. A força dele me surpreendeu, e tive que me esforçar para me recompor, o ar quente e pesado tornando cada movimento mais difícil. O medo paralisando meu corpo. O cheiro de terra úmida e vegetação me envolvia, enquanto tentava ignorar a sensação de estar a beira da morte.

Naquele momento, algo dentro de mim se agitou, uma parte de mim, instintiva e primal, queria se submeter à sua presença. Era um impulso estranho, quase irracional, mas eu não conseguia ignorá-lo. A visão do lobo, com sua postura ereta e olhar penetrante, despertava um respeito profundo e involuntário.

Nathan começou a dar passos para trás, usando-me como um escudo. Eu podia sentir a tensão em seu corpo. Cada movimento meu era hesitante, a adrenalina tomando conta, enquanto era obrigada a me manter de pé.

Eu queria me afastar, mas ao mesmo tempo, havia algo reconfortante na ideia de me render a ele. A mente lutava contra essa vontade, mas a sensação de submissão se intensificava, como se a natureza estivesse me chamando. Eu era uma intrusa em seu território. A floresta parecia silenciar, e tudo que eu queria era desaparecer.

Desaparecer em sua força e poder.

— O que é isso? — sussurrei, o tremor na minha voz denunciando meu desespero.

Nathan não respondeu. Ele se manteve parado, a respiração acelerada, enquanto o lobo rosnava ainda mais, os dentes brilhando sob a luz fraca. O instinto de luta ou fuga pulsava nas minhas veias, mas agora havia um novo dilema: lutar ou se submeter.

Foi então que, ao ouvir minha voz, o lobo desviou seu olhar, fixando-se em mim. Havia algo quase mágico naquele instante. O rosnado cessou momentaneamente, e eu senti a atenção intensa do lobo sobre mim. Seu olhar, quente e penetrante, parecia examinar não apenas meu corpo, mas também minha alma.
O lobo, agora completamente voltado para mim, rosnou levemente, e o som ressoou como um aviso e um convite ao mesmo tempo.

Enquanto isso, Nathan começou a se remexer atrás de mim, tentando alcançar a besta que carregava. Seus movimentos eram rápidos, mas contidos, uma mistura de desespero e determinação. Eu podia sentir a tensão crescente, uma linha tênue entre ação e reação.

— Nathan, não! Não faça isso! — gritei, a preocupação transparecendo em minha voz, mas ele parecia focado apenas no lobo, ignorando o perigo que poderia surgir de suas próprias ações. — Nathan, por favor! — gritei, desesperada. Um impulso irracional me fez me mover para frente, tentando atrapalhar seu objetivo. Ele olhou para mim, confuso, mas não desistiu de mirar.

Com um movimento rápido, alcancei seu braço, tentando desviar sua mira. A pressão do momento aumentava, e o lobo, agora completamente voltado para nós, rosnou ainda mais, os olhos brilhando como se discernisse o perigo que emanava de Nathan.

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