Reencontro

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Na semana seguinte eu fui mais cedo até o estúdio, que iria regravar algumas músicas já conhecidas para eles fazerem uns testes com minha voz. O resto da banda chegaria mais tarde já que esse teste era comigo.

Os meninos estavam lá comigo para me apoiar na parte de trás dos vidros enquanto eu estava com Maria do outro lado cantando as músicas. Maria iria tocar algumas no violão, já que eu não poderia fazer isso ainda muito bem.

Comecei cantando uma do Seafret - Oceans, era uma música calma e romântica. Eu era fã deles a muito anos e aquilo foi maravilhoso, ainda mais com a voz de Maria me acompanhando.

E várias outras como Coldplay - Hymn for the weekend,  Sia - Cheap Thrills.. claro que não me igualava a eles, mas as músicas alcançavam tons e notas diferentes.

Por último eles pediram para tentar cantar All for you do Imagine Dragons. Ali estava uma música que mexia muito comigo, mas eu comecei a cantar.

Zacky

Eu estava entrando no estúdio mais cedo hoje para treinar um pouco, afinal eu estava atrasado a mais de uma semana com a banda.

Eu comecei a ouvir sons de música e fiquei surpreso, não sabia que eles vinham treinar cedo hoje.

No meio do caminho encontrei Robert que pareceu ficar bem surpreso com minha volta, na verdade mais nervoso..

- Vieram treinar mais cedo hoje? - perguntei a ele

- É.. na verdade tem outra pessoa treinando aí.. -  ele disse meio sem jeito

- Ok - Entrei com ele no estúdio pela porta de trás que dava acesso aos equipamentos por trás do vidro.

A hora que entrei encontrei todos sentados olhando uma mulher cantar do outro lado do vidro, eu só percebi pela voz feminina mas não havia olhado ainda.

Comprimentei todos, que também pareciam bem surpresos com minha volta.

- Qual o problema de vocês? Eu disse que voltava a qualquer momento.. - Perguntei sem entender porque todos pareciam nervosos.

- Sim... Você disse mesmo - Brian disse enquanto estava de pé apoiado na mesa e eu continuei com cara de desentendido, até perceber que eu conhecia aquela voz cantando, e muito bem...

Olhei para o lado e vi Maria tocando violão, e quando foquei mais para direita vi ela, Ana. Minhas mãos gelaram na hora e comecei a ficar com os batimentos acelerados.

- Então é isso..? - eu perguntei ainda meio sem reação olhando para eles e Syn fez uma carinha com uma risadinha

- Que ta acontecendo aqui? - eu não sei por qual motivo eu estava ficando irritado com aquela situação, ao mesmo tempo meu coração apertava.

- A gente vai ajudar Ana a tocar de novo.. - Matt disse

- E vocês vem me falar agora?? - eu questionei

- Você não estava aqui Zacky... - Jhonny disse e eu fiquei quieto, realmente eles estavam certos.

Respirei fundo e me encostei na mesa que Syn estava, só que na outra ponta. Com a mão nos bolsos eu só observava ela cantar, ela não podia me ver nem ouvir, mas ainda sim eu me controlava para não deixar a tremedeira de nervosismo aparecer.

Tentei me controlar por muito tempo e fingir que a situação estava sob controle, mas toda concentração foi por água abaixo quando ouvi ela cantar um simples refrão da música e olhar seu rosto vendo seus olhos, ela estava emocionada.

Eu peguei meu cigarro e fui para  o lado de fora. Com os olhos também em lágrimas eu comecei a fumar e tentar a me controlar.

"Qual meu problema?? " Eu pensava. Todo esse tempo ignorando ela, fingindo que ela não existia e vivendo minha vida, para só  ao ver seu rosto lembrar de tudo novamente?

Não, eu não vou cair nessa mais uma vez.

Estava inverno e começava a nevar. Decidi ir embora e enfrentar Ana outro dia, aquele reencontro sem avisos acabou comigo.

...

Acordei no outro dia e fui para o estúdio sem nenhuma vontade. Entrei pela frente dessa vez e logo que abri a porta me deparei com Ana cantando enquanto Maria tocava, elas estavam sentadas em um sofázinho e tocavam uma música enquanto gargalhavam e se divertiam.

Claro que ela congelou ao me ver e nao pude evitar que nossos olhares ficassem vidrados num com o outro em questão de milésimos de segundos, mas que pareciam cinco minutos.

Comprimentei Maria primeiro com um beijo no rosto e depois ela. Um comprimento simples mas com um clima gigante.

Para ajudar Ana estava maravilhosa como sempre, aqueles cabelos ondulados que chegavam até a cintura davam um destaque para aquele rosto de jovem inocente com lábios carnudos com um leve batom nude, os olhos ressaltados pelo rímel me fascinavam e eu nem precisava falar do corpo, mais lindo do que antes.

- Que merda Zacky! - eu sussurrei para mim mesmo percebendo que já estava a admirando novamente enquanto ela cantava.

Fui direto para trás do vidro e fiquei lá tocando meu violão.

Ana

Eu fiquei paralisada por uns momentos, enquanto sentia minha bochecha corar e meu calor corporal aumentar junto com um calafrio.

Eu sabia que ele havia mudado, mas não tanto. Aquela cara de moleque dele sumiu, ele usava uma barba bem curta o que  sinceramente me deixava louca, aqueles olhos verdes ainda continuavam mais vivos do que nunca. Ele usava uma espécie de corte de cabelo curto degradê que não deu para identificar muito bem por conta de uma toca cinza que ele usava no dia. Ele estava mais atraente que antes.

Continuei treinando com Maria e depois de um tempo a fisioterapeuta chegou para me ajudar.

Ela pediu para eu tirar a faixa preta dos braços para observar o movimentos dos músculos pela pele. Ela pedia para eu repetir alguns acordes e todos ficavam me olhando na esperança que eu conseguisse.

Eu fiquei decepcionada por falhar miseravelmente na maioria deles, ainda mais depois da minha briga com Meaghan. Sai da sala revoltada depois que o tratamento terminou e passei em uma cafeteria para tomar um café.

Fiquei passeando pela praça que havia na frente do estúdio, era como um calçadão que dava para ver um rio enorme ao lado. Muitas pessoas caminhavam naquele frio enquanto eu apenas andava pensando na vida.

Zacky

Fui dormir naquela noite lembrando das imagens do braço de Ana marcado pela cicatriz. Seu rosto de triste por não conseguir mais tocar.

Aquilo tudo era culpa minha, era um babaca infantil e deixei ela irritada antes da cirurgia, eu nunca me perdoaria.

Eu simplesmente sentia que acabei com a vida dela.

Welcome To The Family BakerOnde histórias criam vida. Descubra agora