In Memoriam
"O amor não é algo que se encontra. O amor é algo que se constrói."
***
O casamento foi uma celebração discreta, mas cheia de significado. Não queríamos o brilho exagerado das câmeras, o barulho dos paparazzi à porta, nem os olhos curiosos que estavam sempre observando cada movimento que dávamos. Aquilo não era sobre os outros; era sobre nós. Era o momento que eu e Ayrton havíamos escolhido para selar o que já sabia ser o mais verdadeiro dos sentimentos. Com o mundo ao nosso redor tentando entender nossa união improvável, nós dois sabíamos que o que importava era aquilo que existia entre nós: o amor, o respeito, e a confiança.
A cerimônia foi íntima, cercada apenas por aqueles que realmente importavam – nossa família mais próxima, alguns amigos queridos e, claro, aqueles poucos que tinham estado ao nosso lado durante toda a nossa jornada. No pequeno salão do palácio, onde a luz suave das velas refletia em todas as faces presentes, sentíamos que o que estávamos fazendo ali era algo mais profundo do que qualquer formalidade ou protocolo poderia definir. Naquele momento, éramos apenas duas pessoas que haviam se encontrado em meio ao caos do mundo e haviam escolhido um ao outro. Sem mais nem menos. Apenas nós.
E eu sabia que, a partir dali, tudo seria diferente. Nosso amor não estava mais preso à esfera da realeza ou ao glamour das pistas de corrida; estava profundamente enraizado nas pequenas coisas cotidianas, na simplicidade de um gesto, no olhar silencioso que compartilhávamos no meio da noite. Nossas vidas continuaram a ser marcadas por compromissos, corridas e responsabilidades, mas havia algo ainda mais forte nos unindo: nossa família.
Logo, nossa família começou a crescer, e com ela, veio uma alegria imensurável. O nascimento de Alexandre foi um momento de pura felicidade, algo que preencheu o espaço vazio que existia em nossas vidas e trouxe uma nova luz ao nosso mundo. Eu o via nos braços de Ayrton, e o olhar de amor e devoção de meu marido me fazia ver, pela primeira vez, a verdadeira profundidade de seu caráter. Ele não era apenas o campeão que o mundo admirava nas pistas de Fórmula 1; ele era também o homem mais amoroso e dedicado que eu poderia imaginar. Mesmo com sua agenda apertada, ele sempre encontrava tempo para nosso filho. Ele queria estar ali em cada momento, em cada sorriso, em cada passo novo que Alexandre dava.
Lembro-me de um dia particularmente quente no verão, quando Ayrton estava em casa após uma corrida. Ele estava brincando com Alexandre no jardim do palácio, empurrando-o em um balanço improvisado, com a risada do nosso filho preenchendo o ar. Eu os observava pela janela, meu coração se aquecendo a cada momento. Eu estava sentada em uma das poltronas do salão, tomando um chá, e não pude evitar deixar escapar um sorriso, enquanto assistia a cena que parecia ser tirada de um conto de fadas.
Ayrton, que sempre parecia ser tão sério e focado nas pistas, era um pai completamente diferente. Ele estava ali, com a mão firme e carinhosa segurando o balanço de Alexandre, e os dois pareciam estar em um mundo só deles. O jeito com que ele se abaixava para olhar o filho nos olhos, a atenção que ele dava em cada palavra que saía da boca do menino, mostrava uma vulnerabilidade que poucos conheciam.
Enquanto eu olhava pela janela, perdi a noção do tempo. Era como se o mundo lá fora não existisse, como se o espaço entre mim e eles fosse um lugar onde o tempo não passava. Então, ele me viu. Ele olhou para cima e me fez um gesto com a mão, como se me chamasse para sair e me juntar a eles. Meu coração acelerou, e, sem hesitar, me levantei da cadeira e fui até o jardim.
— Você está gostando de vê-los brincar? — ele perguntou com um sorriso largo, pegando Alexandre nos braços e me entregando-o com a mesma ternura com que sempre me entregava seu amor.
Eu sorri, segurando nosso filho em meus braços, e o olhar de Ayrton se suavizou ainda mais, se tornando mais doce, como se ele entendesse a beleza do momento que estávamos vivendo.
— Eles têm seu sorriso — eu disse, acariciando o rosto de Alexandre enquanto ele me dava um sorriso banguela. Aquela simplicidade, aquele pequeno gesto, fazia meu coração derreter.
Ele riu e se aproximou, colocando os braços ao redor de mim e de Alexandre, como uma proteção. Não havia necessidade de palavras nesse momento. O silêncio entre nós era mais eloquente do que qualquer conversa poderia ser.
— E seu coração — ele respondeu com um tom suave, olhando para o filho nos meus braços e depois para mim. Ele me abraçou com força, como se quisesse, por um momento, se certificar de que aquilo tudo era real. Aquele era o nosso mundo agora, o nosso novo começo, e eu sabia que não havia mais nada que pudesse nos separar.
Nosso filho, que estava começando a falar suas primeiras palavras, olhou para mim e, de repente, disse algo que fez meu coração pular no peito.
— Mamãe, papai. — As palavras estavam ainda desajeitadas, mas elas tinham um poder que eu não podia ignorar. Ele olhou para os dois, sorrindo, e isso fez meu mundo se iluminar ainda mais. Como um reflexo, a felicidade dele se espalhou por todo o ambiente, preenchendo-nos com uma sensação de completude que eu nunca tinha experimentado antes.
— Você ouviu isso? Ele disse nossos nomes — eu disse, minha voz um pouco embargada pela emoção.
Ayrton, com o brilho nos olhos, me olhou com um sorriso satisfeito.
— Ele vai crescer rápido. Mas, enquanto isso, vamos aproveitar cada momento. Cada sorriso. Cada palavra.
Foi ali que eu percebi que o nosso novo começo não estava apenas nas novas responsabilidades e nas mudanças que vieram com a chegada do nosso filho. Estava no modo como, mesmo com o peso de nossas vidas públicas, podíamos encontrar a felicidade nas coisas simples. A alegria de ver Alexandre dar seus primeiros passos, as pequenas conquistas diárias que compartilhávamos, o carinho que trocávamos como família.
E, logo, nossa felicidade se multiplicou. Quando Sofia nasceu dois anos depois, nossa casa se encheu ainda mais de alegria. A chegada dela foi uma bênção, uma nova luz que iluminou nossos dias com risos infantis e a doce energia de uma criança. Ela tinha os olhos brilhantes e curiosos de Ayrton, e seu sorriso era como uma promessa de que nossa história estava apenas começando. Eu me sentia completa, realizada de uma maneira que nunca imaginei ser possível.
As noites eram preenchidas com choros suaves, mas também com risos e pequenos momentos de paz enquanto nos acomodávamos para dormir. A rotina de ser mãe e pai foi algo novo para nós dois, mas era também algo maravilhoso. Ver Ayrton com Sofia nos braços, acalmando-a quando ela chorava ou simplesmente olhando-a com tanto amor, me fazia admirar ainda mais o homem com quem me casei. Ele não era mais apenas o campeão nas pistas de corrida. Era também o homem que me ensinava o verdadeiro significado de ser um pai presente, amoroso e comprometido.
Às vezes, depois que as crianças dormiam, nos sentávamos no sofá, olhando para o vazio da noite, apenas eu e ele, e o mundo parecia parar para nos permitir um momento de silêncio. Não era necessário falar muito. Apenas estar ali, juntos, era o suficiente para eu saber que o amor que compartilhávamos não se limitava às palavras, nem aos gestos. Ele estava no simples ato de dividir a vida, de nos apoiar nos momentos difíceis e celebrar as pequenas vitórias cotidianas.
Nosso amor não estava mais apenas nas palavras trocadas à beira do mar, no pedido de casamento sob as estrelas. Ele estava em cada sorriso que Alexandre e Sofia nos davam, nas risadas que compartilhávamos em casa, e na maneira como nossos corações batiam no mesmo ritmo, mesmo diante dos desafios. Cada dia ao lado de Ayrton era um novo começo. Cada momento era um presente que eu sabia que valia a pena.
Porque, afinal, o amor verdadeiro não se mede pelo tamanho dos gestos grandiosos, mas pelas pequenas coisas que fazemos todos os dias. E, com Ayrton, eu sabia que havia encontrado algo que nem o tempo nem as circunstâncias poderiam apagar.
***
Continua...
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Imagines Fórmula 1
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