Imagines Fórmula 1

91 - Toto Wolff

"O coração quer o que o coração quer."

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Eu não sou um homem dado a distrações. Ao longo dos anos, aprendi a manter meu foco onde ele deve estar: no trabalho. No fim do dia, sou o chefe da Mercedes-AMG Petronas Formula One Team, e minhas responsabilidades não permitem que eu me perca em vontades pessoais. Mas desde que ela entrou na minha vida... tudo parece ter mudado.

Sn. 25 anos, recém-formada em engenharia, e já pronta para desafiar o que quer que a vida tenha a oferecer. Carismática, inteligente, espirituosa e com uma língua afiada que poderia cortar qualquer um pela metade, ela chegou sem fazer alarde, mas com uma presença inegável. Às vezes, eu me pego observando-a do canto da sala, tentando disfarçar a forma como ela consegue se destacar, mesmo em meio a uma equipe tão experiente.

É impressionante, eu admito. E, de certa forma, irritante também.

Sempre que ela fala, é como se todos os olhos se voltassem para ela. Mas o que realmente me desconcentra não é sua beleza — que é inegável, com aqueles olhos que parecem ver através de tudo, de todos, até de mim. O que realmente mexe comigo é a forma como ela não se intimida, como se estivesse em uma posição de igualdade com todos nós. Não há medo em suas palavras, nem hesitação.

Ela tem algo, e eu não sou o tipo de homem que se deixa levar por essas coisas. Já fui casado, já passei por desilusões. Meu foco deve estar na equipe, no sucesso, no que realmente importa. Mas ela... Ah, ela me desafia. E eu não gosto disso. Nunca gostei.

Por mais que eu tente me manter afastado, o flerte está lá, sempre. Às vezes, ela joga uma provocação, e a química entre nós é tão palpável que quase posso tocá-la. Mas o que me preocupa é que, ao mesmo tempo em que tento resistir, parte de mim não quer resistir. É como se, em algum lugar no fundo, eu estivesse esperando por uma razão para ceder, para dar o passo errado.

Ela não ajuda, é claro. Sempre com aquela expressão desafiadora, aquele sorriso malicioso no canto da boca, como se soubesse exatamente o que está fazendo. E eu sei que ela sabe. Não sou burro. Mas não importa o quanto ela flerte ou dê sinais, meu autocontrole me impede de agir.

— Você sabe que precisa me escutar, certo? — Ela diz, com aquela voz firme que eu não sou capaz de ignorar.

Eu faço uma careta, tentando manter a postura profissional.
— Sim, claro. Sempre escuto a opinião de minha equipe.

Mas há algo em sua postura, uma confiança que só as pessoas realmente inteligentes possuem. Ela não precisa de aprovação, não precisa que eu diga que a ouvi. Ela sabe o que está fazendo, e eu não posso deixar de sentir uma ponta de orgulho — e talvez um pouco de inveja — da sua capacidade de lidar com a pressão e com os homens ao seu redor, sem perder o ritmo.

Hoje, estou mais distraído do que o habitual. Tento manter os olhos no gráfico, mas sinto sua presença ao meu lado, como uma sombra, como um peso no ar. As palavras saem da minha boca com menos clareza do que o normal, enquanto ela me faz perguntas, faz piadas e provocações, tudo enquanto tem um sorriso travesso no rosto.

— Será que você vai me deixar fazer o meu trabalho sem me distrair? — Eu brinco, tentando desviar minha mente para a tarefa à frente.

— Eu nunca soube que um sorriso poderia ser uma distração, mas parece que você está achando isso difícil de lidar. — Ela diz, levantando uma sobrancelha. A provocação está lá, simples e direta. Eu sei o que ela está fazendo. E ela sabe que eu sei.

Eu suspiro, tentando não mostrar o quanto ela me afeta.
— Sn, você tem ideia do quanto é difícil manter a cabeça no lugar com você por perto?

Ela ri, e algo em meu peito se aperta.
— Você está me dizendo que sou a causa das suas distrações? É isso que você quer dizer?

— Eu não diria exatamente isso, — respondo, a voz mais baixa, mais grave do que eu gostaria.

Mas ela já sabe. Ela sempre sabe. Ela está me testando, como se eu fosse um brinquedo nas mãos dela, algo que ela pode manipular como quiser. E, por mais que eu tente me proteger, há algo irresistível nela. Algo em sua energia, em sua espontaneidade. E eu me pego perdendo o controle, mesmo sabendo que não posso.

As reuniões passam rapidamente, e eu tento me manter no controle, mas quando ela sai, algo me diz que a linha entre profissional e pessoal está mais tênue do que eu gostaria de admitir.

No entanto, eu não posso. Eu simplesmente não posso deixar que isso aconteça. Já vi muitos homens perderem o foco por causa de algo tão simples quanto isso. E eu sou melhor do que isso. Tenho que ser.