88 - Lewis Hamilton

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"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é

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"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé."

***

O tamborim, o cavaco e o surdo continuavam ditando o ritmo da noite. O salão, repleto de energia, parecia pulsar junto com a música. Tudo ao meu redor era cor e alegria, e eu me sentia em casa. Era impossível não se contagiar com o samba, mas Lewis, ao meu lado, parecia um tanto deslocado – ou talvez apenas deslumbrado.

Ele tirou os óculos escuros, finalmente aceitando que eram completamente desnecessários naquele ambiente fechado e iluminado pelas luzes vibrantes.

— Então, isso é o samba que você sempre fala com tanto entusiasmo? — perguntou, olhando ao redor com curiosidade, enquanto uma ponta de hesitação surgia no sorriso dele.

Eu sorri, percebendo a mistura de fascínio e nervosismo. Peguei a mão dele com firmeza, puxando-o para o centro da roda de samba, onde a magia realmente acontecia.

— Isso é samba. E aqui, a gente não assiste. A gente vive.

Lewis tentou resistir por um segundo, mas acabou rindo e me acompanhando. Ele parecia genuinamente intrigado, embora um pouco perdido. A roda de samba estava lotada, e logo que as pessoas perceberam quem ele era, uma explosão de aplausos e exclamações tomou conta do lugar.

— Hamilton no samba! Esse eu quero ver! — gritou alguém no meio da multidão, arrancando risadas e incentivos ainda mais calorosos.

— Bem-vindo ao Brasil — murmurei, divertida, enquanto começava a balançar os quadris no ritmo contagiante. — Agora, segue meus passos. É fácil.

— Fácil para você dizer — respondeu, com um sorriso de canto que denunciava o esforço dele para parecer confiante.

Apesar disso, ele tentou. Seus movimentos eram desajeitados, os pés tropeçavam de vez em quando, mas havia algo adorável na forma como ele se empenhava.

— Você não precisa pensar demais — expliquei, segurando suas mãos e colocando-as em minha cintura. — A música faz o trabalho por você. Deixa o som te guiar.

Ele deu uma risada curta, que soava quase como um suspiro de alívio.

— Certo. Música, coração e confiança. Parece um bom plano.

Por um instante, ele fechou os olhos e respirou fundo, como se estivesse se preparando para uma corrida. Quando abriu os olhos, o brilho familiar de determinação estava lá. A mesma que eu tinha visto tantas vezes nas pistas de corrida, mas agora aplicada ao samba.

— É isso aí — incentivei, enquanto ele tentava se soltar mais.

Os movimentos ainda eram um pouco robóticos, mas ele começava a pegar o ritmo. Conforme a música evoluía, Lewis foi ganhando confiança. A risada dele se tornou mais frequente, e ele já não se importava tanto com os passos errados. A plateia ao redor o aplaudia, e eu podia sentir que ele estava começando a se divertir de verdade.

— Você tem potencial — brinquei, enquanto ele me girava, improvisando uma tentativa de firula que quase nos fez tropeçar.

— Isso é porque eu tenho a melhor professora — respondeu, piscando para mim com aquele charme inconfundível.

A próxima música começou com um ritmo ainda mais animado.

— Agora vem o desafio real — avisei, tentando segurar o riso. — Hora do passinho.

— Passinho? Eu mal sobrevivi ao básico, e você já quer me desafiar de novo? — retrucou, mas o sorriso no rosto entregava que ele estava disposto a tentar.

Mostrei o básico do passinho, e, para minha surpresa, ele pegou rápido – ou pelo menos o suficiente para arrancar mais aplausos da multidão. A energia era contagiante, e por um momento, parecia que nada mais existia além do som da música e das nossas risadas.

Quando a música finalmente terminou, Lewis estava suado, ofegante, mas com um sorriso que iluminava o rosto dele.

— Ok, eu admito — disse, recuperando o fôlego. — Eu subestimei isso. Samba é incrível. E exaustivo.

— Bem-vindo ao meu mundo — brinquei, entregando um copo de água que alguém havia trazido para nós. — E isso é só o começo. Ainda temos a noite inteira.

Ele me olhou com um misto de exaustão e empolgação.

— Eu topo. Mas com uma condição.

— Qual? — perguntei, curiosa.

— Você me promete que a gente vai fazer isso de novo.

A sinceridade no olhar dele me pegou de surpresa. Sorri, sentindo o coração aquecer.

— Prometo.

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