"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé."
***
O tamborim, o cavaco e o surdo continuavam ditando o ritmo da noite. O salão, repleto de energia, parecia pulsar junto com a música. Tudo ao meu redor era cor e alegria, e eu me sentia em casa. Era impossível não se contagiar com o samba, mas Lewis, ao meu lado, parecia um tanto deslocado – ou talvez apenas deslumbrado.
Ele tirou os óculos escuros, finalmente aceitando que eram completamente desnecessários naquele ambiente fechado e iluminado pelas luzes vibrantes.
— Então, isso é o samba que você sempre fala com tanto entusiasmo? — perguntou, olhando ao redor com curiosidade, enquanto uma ponta de hesitação surgia no sorriso dele.
Eu sorri, percebendo a mistura de fascínio e nervosismo. Peguei a mão dele com firmeza, puxando-o para o centro da roda de samba, onde a magia realmente acontecia.
— Isso é samba. E aqui, a gente não assiste. A gente vive.
Lewis tentou resistir por um segundo, mas acabou rindo e me acompanhando. Ele parecia genuinamente intrigado, embora um pouco perdido. A roda de samba estava lotada, e logo que as pessoas perceberam quem ele era, uma explosão de aplausos e exclamações tomou conta do lugar.
— Hamilton no samba! Esse eu quero ver! — gritou alguém no meio da multidão, arrancando risadas e incentivos ainda mais calorosos.
— Bem-vindo ao Brasil — murmurei, divertida, enquanto começava a balançar os quadris no ritmo contagiante. — Agora, segue meus passos. É fácil.
— Fácil para você dizer — respondeu, com um sorriso de canto que denunciava o esforço dele para parecer confiante.
Apesar disso, ele tentou. Seus movimentos eram desajeitados, os pés tropeçavam de vez em quando, mas havia algo adorável na forma como ele se empenhava.
— Você não precisa pensar demais — expliquei, segurando suas mãos e colocando-as em minha cintura. — A música faz o trabalho por você. Deixa o som te guiar.
Ele deu uma risada curta, que soava quase como um suspiro de alívio.
— Certo. Música, coração e confiança. Parece um bom plano.
Por um instante, ele fechou os olhos e respirou fundo, como se estivesse se preparando para uma corrida. Quando abriu os olhos, o brilho familiar de determinação estava lá. A mesma que eu tinha visto tantas vezes nas pistas de corrida, mas agora aplicada ao samba.
— É isso aí — incentivei, enquanto ele tentava se soltar mais.
Os movimentos ainda eram um pouco robóticos, mas ele começava a pegar o ritmo. Conforme a música evoluía, Lewis foi ganhando confiança. A risada dele se tornou mais frequente, e ele já não se importava tanto com os passos errados. A plateia ao redor o aplaudia, e eu podia sentir que ele estava começando a se divertir de verdade.
— Você tem potencial — brinquei, enquanto ele me girava, improvisando uma tentativa de firula que quase nos fez tropeçar.
— Isso é porque eu tenho a melhor professora — respondeu, piscando para mim com aquele charme inconfundível.
A próxima música começou com um ritmo ainda mais animado.
— Agora vem o desafio real — avisei, tentando segurar o riso. — Hora do passinho.
— Passinho? Eu mal sobrevivi ao básico, e você já quer me desafiar de novo? — retrucou, mas o sorriso no rosto entregava que ele estava disposto a tentar.
Mostrei o básico do passinho, e, para minha surpresa, ele pegou rápido – ou pelo menos o suficiente para arrancar mais aplausos da multidão. A energia era contagiante, e por um momento, parecia que nada mais existia além do som da música e das nossas risadas.
Quando a música finalmente terminou, Lewis estava suado, ofegante, mas com um sorriso que iluminava o rosto dele.
— Ok, eu admito — disse, recuperando o fôlego. — Eu subestimei isso. Samba é incrível. E exaustivo.
— Bem-vindo ao meu mundo — brinquei, entregando um copo de água que alguém havia trazido para nós. — E isso é só o começo. Ainda temos a noite inteira.
Ele me olhou com um misto de exaustão e empolgação.
— Eu topo. Mas com uma condição.
— Qual? — perguntei, curiosa.
— Você me promete que a gente vai fazer isso de novo.
A sinceridade no olhar dele me pegou de surpresa. Sorri, sentindo o coração aquecer.
— Prometo.
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Imagines Fórmula 1
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