Amy Young - Prólogo

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REINO UNIDO, LOUDENBERG EM 17 DE OUTUBRO DE 3106.

O INÍCIO

- Pare, por favor pare, por favor... - dizia a mim mesma, enquanto com as mãos nas orelhas tentava não ouvir os gritos de dor da mamãe.

Queria tanto gritar, mas minha irmã mais velha, Leah, me implorou para ficar em silêncio no canto do quarto até que a gente consiga sair da casa juntos e seguros. 

"Os guardiões não podem saber onde nós estamos", era o que a mamãe nos dizia antes de tudo isso, mas eu sempre soube que é impossível brincar de esconde-esconde com o governo.

Os gritos estão ficando cada vez mais altos e mais cheios de dor.  Como uma garota de 6 anos de idade (uma mocinha segundo o papai) não tem coragem de ir pelo menos até o corredor para espiar o que estavam fazendo com sua família. Mas foi tudo tão rápido, que mesmo se eu quisesse não poderia fazer nada além de chorar, como estou fazendo agora.

De repente a porta do quarto se abre. Recuo um pouco e me apronto caso precise fugir. Uma sombra aparece diante do vão da porta, já consigo ver a figura de um guardião e no mesmo instante meu coração gela de medo. Tapo minha boca com as mãos. 

- Não vou gritar. Não vou gritar. -  repito.

E por fim, é Leah quem sai de trás das sombras. Volto a respirar, engulo o choro e corro para os braços finos e cumpridos dela. Porém, só depois de alguns segundos reparo que ela esteve chorando, talvez tanto quanto eu. O que é estranho, já que ela sempre me pareceu inabalável, vivia toda sorridente e cheia confiança, mas agora percebo que ela é tão frágil quanto qualquer outra criança tentando sobreviver.
- Vamos, chegou a hora! - ela diz, ainda meio trêmula.
- Mas e a Eve? E a mamãe e o papai? 
- Eles vão ficar bem Amy, temos que ir agora!

Leah me pega pelo braço e caminhava em passos silenciosos pelo corredor enquanto procura por Eve. Os guardiões estão com nossos pais no andar de baixo que estão lutando para salvar as suas e as nossas vidas. 

- Eve. Onde você está? - chama ela, abrindo as portas dos quartos com delicadeza.

Quando Leah ergue seu olhar vejo o pânico quase possuir seu corpo. Lá está Eve, em silêncio, sentada no canto do primeiro degrau da escada enquanto observa nossos pais e os guardiões. Ela nem se quer pisca diante da cena, parece estar com os pensamentos longe daqui.
Seus olhos estão inchados como os meus e os de Leah, que me deixa no canto do corredor e começa a engatinhar até um certo ponto, o suficiente pra que os guardiões não a vejam e que ela consiga chamar a atenção de Eve.

- Eve! - sussurra Leah, estendendo sua mão. - Por favor vem comigo!
Com as mãos trêmulas,  Eve estica o braço e segura a mão de Leah. Elas sorriem quando suas mãos se encontram.

- Ali em cima! - grita um guardião apontando para as duas.

Em apenas um pulo, Leah puxa Eve para si e me pega no colo. Corremos a toda velocidade até o quarto de hóspedes no fim do corredor, onde há uma passagem secreta através paredes que por meio de um túnel nos leva até a floresta. Enquanto isso, mamãe continuava tentando lutar contra o guardião, ela sabia que talvez não teria chance de nos ver novamente ou de fugir com a gente. 

Tentando proteger meu pai, já muito ferido, porém vivo, ela pula sobre as costas de um guardião. O soldado se irrita e bate com uma arma na cabeça dela, mamãe cai já sem vida no mesmo instante. Seu sangue se espalha pelo tapete indiano no meio da sala, onde costumávamos a nos reunir nos dias calor pra tomar sorvete. Ao seu lado, meu pai tenta aguentar ver a imagem de sua amada morta, mas é por profunda tristeza que ele também acaba partindo sem nem ao menos se despedir. 

A partir daquele momento eu e minhas irmãs estávamos sozinhas em meio ao caos. 
...

 

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