Capítulo 17

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O OLHAR

Acordo aos poucos ao som dos pássaros que voam perto da minha janela.
O brilha forte hoje no meu rosto.
Olho em volta do quarto,está tudo no lugar. Achei que estar aqui fosse um sonho,eu gostaria que fosse um sonho.
Me levanto da cama,a espera da dor,mas não sinto nada.
Caminho até o espelho e olho para os lugares do meu corpo onde estava machucada,mas não vejo nenhum arranhão e não sinto dor alguma.
Vou até a porta,seguro a maçaneta e giro ela,a porta se abre. Os guardiões devem ter destrancado ela ontem a noite,enquanto eu estava dormindo,ontem passei o dia todo dormindo e tendo pesadelos.
Saio do quarto. Subo as escadas ,o silêncio tomou conta de todos os andares,como se houvesse apenas eu ali. Todas as portas estão fechadas.
Passo pelo corredor,onde passei ontem para chegar no meu quarto. No final há uma porta,mas não tinha uma porta ali antes. Caminho até a porta e abro ela ,achando que quando eu a abrisse ia dar de cara com a sala onde as estilistas tiraram nossas medidas,mas na verdade dou de cara com um correr,é só eu atravessar o corredor que chego no salão principal 1.
O que?Não pode ser!
Eu estou sonhando ou meu quarto mudou de lugar enquanto eu estava repousando. Estou ficando louca,só pode ser.
Fecho a porta e volto para o primeiro corredor.
Respiro fundo e abro a porta novamente, mas continua como está.
Decido dar uma volta,atravesso o salão 1 e abro a porta que me leva direto para o salão 2 onde eu fiZ a prova de fogo,mas quando estro fico boquiaberta.
Onde está a arena? As arquibancadas? Os milhares que cacos de vidro pelo chão?
Sumiu tudo e virou apenas um salão normal. Algumas serviçais tiram o pó como se nada tivesse acontecido, mas eu sei que aconteceu, eu vi o que eu fiz!
As serviçais olham para mim pelo canto do olho,como se tivessem medo de mim,apenas limpam sem falar uma palavra.
Desisto e saio do salão pisando firme.
Acabo me perdendo nos mais de mil corredores e sem querer esbarro em um guardião, sem dizer nada ,ele simplesmente me pega pelo braço e me puxa.
Não digo nada,apenas vou com ele quase cambaleando.
Pra onde ele está me levando?
Nós dois subimos as escadas e ele me leva até uma sala do andar de cima.
O guardião me joga lá dentro e tranca a porta. Depois me dou conta que estou em um escritório.
Na cadeira de couro ,uma mulher se senta virada de costas para mim e olha para a janela.
-Emma Morris.-diz a mulher. -Como vai você?
-Vou bem...-digo meio confusa.
-Obviamente deve estar bem mesmo,afinal a senhorita se saio muito bem em sua prova.!-Ela diz.
-Obrigado?-digo.
-Saiba que a família Nopel te deu nota 10.-ela diz.-Muitos acharam sua forma de lutar infame e desnecessária...
-Aquilo não foi infame ,muito menos desnecessário, aquilo foi sobrevivência. Quando você está na beira do precipício, não precisa mais seguir as regras, primeiro porquê não há regras.-digo interrompendo-a mulher.
Ela da um risinho.
-Eu sou Carol Nopel.-ela se apresenta e no mesmo instante a poltrona gira e ficamos cara a cara com a mulher do vestido vermelho e dos lábios canudos.-Sou a descendente da família Nopel,boa parte da Central é minha e eu me interesso por suas habilidades Emma.
Minhas habilidades?
-Desculpe! Como assim?-pergunto meio surpresa.
-Você passou no teste,por que lutou bravamente. Quero lhes mostrar que suas habilidades valem mais do que braveza !-ela diz animada.-Você não terá o mesmo destino que muitas de suas amigas tiveram.
-E qual destino elas tiveram?
-Morte!
Meu coração vai a mil.
-O que? -pergunto
-Elas não passaram na prova,não tem utilidade nenhuma ,nem para nós nem para o mundo!-ela diz. -Já você Emma,valia mais a sua vida do que a delas!
-Isso é injusto!-digo.
-É mesmo, mas não podemos ter tudo neste mundo,não é?!

-Elas não mereciam isso!
-Emma pare de choramingar e me diga!-ela diz.-Você me deixa te treinar?
Olho para Carol com uma fúria inexplicável.
-E se eu aceitar,depois que você me treinar,o que acontece comigo?-pergunto.
-Se você aceitar vai saber!-ela diz.-Ah já sei. Você tem um preço ,não é?!
-Tenho.
-Qual?
Penso bem no que dizer.
-Eve Young e Vega Wood.
-Desculpe,não entendi.
-Deixo você me treinar,se você não machucar nenhuma delas e não deixar que Vega Wood vá para o Limiar quando completar 13 anos.-digo.
-Você quer a "liberdade" de outras pessoas,é isso!-ela diz sorrindo.
-Sim.
-Isso é contra as regras do governo menina! .-ela diz se apoiando na poltrona de couro.
-E daí? Você tem poder ,não tem?-digo.
-Sim ,mas...
-Você aceita?
-Vou ver o que posso fazer!-el diz.
-Ok,então amanhã no treino você me da sua resposta final!-digo e saio do escritório.
Espero estar jogando certo.

HORAS MAIS TARDE...

Tomei um banho e troquei de roupa.
A algumas horas atrás ouvi dizer que a Central tem um belo jardim,com todos os tipos de flores.
Decido ir até esse tal jardim.

O jardim realmente tem vários tipos diferentes de flores. Uma mais bela que a outra.
Não há muita gente por aqui. E o silêncio é maravilhoso
Avisto um banco de madeira vazio e descido me sentar por lá mesmo.
Logo a minha frente olho para as rosas brancas,parecem ser tão singelas e delicadas, mas na verdade escondem muitos espinhos.
Uma vez Leah me disse que Laura tinha um jardim repleto de rosas brancas,disse que brincávamos no jardim quando éramos crianças.
Será que esse jardim ainda existe?
Eu gostaria tanto de me lembrar de Laura como minha mãe. Apenas ter algo para me confortar deste pesadelo.
Lágrimas caem dos meus olhos.
Porque é tão difícil ser feliz.
-Rosas não choram! -ouso alguém dizer.
Quando me viro,vejo o mesmo homem de cabelos brancos ,que estava brincando com as crianças em Rosenland. Ele está diferente, seus cabelos continuam brancos só que curtos agora,mas mesmo assim ainda o reconheço.
O homem me da um lencinho para que eu seque minhas lágrimas e se senta ao meu lado.
Seco minhas lágrimas.
-Obrigada.-digo.
O homem sorri para mim.
-De nada -ele diz.-Prazer, Benjamin Hüfner!
Não faço ideia de como se pronúncia esse sobre nome,mesmo ele tendo acabado de falar.
-Eu sou Am...Emma Morris-Digo.
Quase falei meu nome verdadeiro.
-Eu sei quem é você, a rebelde do teste,não é?!-ele diz sorrindo.
-É ,acho que agora sou.-Digo e coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
-Eu tenho a impressão de que já te vi em algum lugar!-ele diz.
-Não, impossível! -digo. -Eu não sou daqui!
Ele concorda com a cabeça.
-Aceita uma rosa?
Antes que eu de alguma resposta,ele tira a rosa sem tocar nela e faz ela levitar até minha mão.
Como ele fez isso?
-Gostou?-ele pergunta
-Do show ,sim!
Benjamin sorri.
-Não,da rosa.
-Ah,sim, ela é linda!
Benjamin fica olhando para mim por um tempo.

-Bom,foi ótimo conversar com você Senhorita Emma, mas infelizmente tenho que ir. Espero te ver de novo.-ele diz beijando minha mão.
Dou um sorriso envergonhado.
-Eu também espero te ver de novo!-digo.
Benjamin da um sorriso e sai andando despreocupado para fora do jardim.
Ele é bonito,mas é MUITO estranho o que ele fez.
Acabo esquecendo de entregar o lencinho que ele me emprestou.
Será que fiz um amigo?
Acho que vou passar o dia todo observando as flores, espero que anoiteça logo,tudo fica mais bonito com a lua.

TREINADA PARA LUTAROnde histórias criam vida. Descubra agora