VÁ EM PAZ
VINTE MINUTOS DEPOIS...
Estou atrasada para o enterro,mas so percebi agora,pois eu estava muito ocupada secando minhas lágrimas que nem percebi que já está amanhecendo.
Corro o mais rápido que posso.
Cubro meu rosto para que os guardiões o vejam.
Aqui na capital é totalmente proibido usar preto em enterros,pois eles dizem que o preto significa trevas e por isso usamos branco porque simboliza que depois desta vida o morto finalmente irá encontrar a paz (branco) e não as trevas (preto),mas para mim tudo isso é uma idiotice ,só que agora eu sou obrigada a concordar calada com todas idiotices.
Não daria para entrar no palácio, para vestir uma roupa branca,por isso decido ir direto para o enterro com está roupa mesmo.
Já devem estar enterrando Abbie,por isso começo a correr mais rápido,mas diminuo quando o ferimento no tórax começa a doer.
Acho que Benjamin já cuidou de tudo para que os guardiões e nem ninguém tenha percebido que não sai da Central, pelo menos eu espero que tenha.Logo chego ao cemitério da Central, onde todas as pessoas importantes (pessoas ricas ou amigas de pessoas ricas) foram enterradas e onde Abbie também será.
Reconheço várias pessoas que moram na Central e estão aqui presentes.
Algumas estão se segurando para não sorrir e outras estão sorrindo por dentro,acho que as únicas pessoas realmente tristes são Carol e Benjamin, quer dizer Benjamin parece estar distraído ,então só Carol "está aqui."
Não há paparazzis aqui,acho que é por privacidade e "repeito aos mortos".
Me aproximo da cova. O caixão já está lá ,mas o buraco ainda não foi fechado.
No Limiar ,quando uma menina era morta (e quando tínhamos a sorte de encontrar o corpo),nós não fazíamos caixões, apenas cavamos uma " cova" e jogávamos o corpo dentro,colocamos uma cruz em cima da cova e plantamos flores ao redor da cova.
Acho que todos nós merecemos aplausos quando morrermos,(pelo menos a maioria de nós merece) pois lutamos bravamente para viver cada segundo de nossas vidas todos os dias.
Vá em paz Abbie Nopel.Avisto Benjamin do outro lado,acho que ele não viu que cheguei,caminho no meio da pequena multidão até chegar em Benjamin.
Quando chego do lado dele,não nos olhamos,olhamos apenas para a cova .
--Que bom que veio Srta.Emma!-ele diz com os olhos fixos na cova.
--Eu prometi que viria não!? -digo.
--Sim,mas achei que não viria!-ele diz-Achei que ficaria com seu namorado!
--Eu não tenho um namorado Ben-digo- Melhor conversarmos depois Benjamin.
--Claro.-ele olha para o meu rosto e volta a olhar para a cova.-Andou chorando Srta.Emma?
Sempre que alguém perguntava se eu estava chorando,nunca admitia que chorei. Eu tinha medo de que as pessoas achassem que eu fosse fraca,mas não quero mentir ,não para Benjamin.
--Sim!-digo.
Benjamin não fala nada apenas ficamos em silêncio, ouvindo os falsos amigos de Abbie derramarem lágrimas em seus lencinhos caros de tecido indiano.
Confesso que ainda estou meio abalada por causa de Maxron e prefiro não lembrar que Lucinda morreu na minha frente,chega até ser engraçado : Maxron está vivo e Lucinda morta.
Ele mentiu para mim e ela simplesmente se foi.
Lu deveria ter sobrevivido,pelo menos ela merecia.
Se pelo menos Maxron soubesse quantas noites chorei em silêncio por sua morte em silêncio para não acordar Vega.
Eu o odeio,ódio é tudo que sinto no momento.
-Eu alimentei e cuidei de Vega, não se preocupe!-ele diz.
-Não estou preparada,sei que você cuidaria de tudo!-digo.
Benjamin sorri.
As horas se passam,a cova já foi fechada e as pessoas estão indo embora,até que só sobra eu e Carol.
Carol está parada, olhando para a lápide da irmã.
Me aproximo dela.
--Tudo bem?-pergunto.
Carol da um suspiro.
--Estaria se ela estivesse aqui!-ela diz.
Eu sempre vi Carol como uma mulher forte ,elegante e inabalável, mas agora vejo apenas uma mulher triste pela morte de sua tão amada irmã.-- Eu te procurei ontem para agradecer por você ter arriscado sua vida por mim,mas Benjamin disse que você estava de repouso o dia todo e o médico disse que você devia descansar, sem ser incomodada!-ela diz.
--É eu estava tomando alguns remédios bem fortes,que me faziam dormir na hora!-digo.
--Entendo. - ela diz.-Bom,a Central já começou a investigar atentado de Abbie.
Os olhos de Carol ficam brilhantes como duas pérolas.
- Quando eu abri a porta do quarto dela ,ela estava no chão ensanguentada ,não se mexia ,estava apenas ali parada .-ela diz cheia de dor.
--Tenho certeza logo você vai superar isso tudo!
--Não Emma,alguém tirou tudo que eu mais amava. Acho que Angie tem razão, eu estou fraca e não tenho estabilidade para continuar no comando,não posso continuar !
--Carol não, você não pode entregar de bandeja o que ela mais quer!--Eu já fiz isso . Angie agora tem 80% do controle da Central nas mãos dela, ela vai saber o que fazer!-ela diz.
--Vai continuar me treinando ?-pergunto.
-Sinto muito Emma,mas não tenho mais nada nesse país! Acho que vou para os Estados Unidos, vou procurar a paz,como minha irmã-ela diz e simplesmente vai embora.NO DIA SEGUINTE...
Ontem tomei um belo banho, para tirar o cheiro das lembranças ruins.
Ti cuidou de Vega para mim,ele disse que Ben mandou ele cuidar dela.
Agora ela está aqui em meu quarto ,desenhando. Ela me parece estar bem.
Lattyfa nunca mais voltou aqui,desdo dia em que brigamos. Sinto falta de ter com quem desabafar,sinto falta de Lattyfa.
Carol simplesmente se foi,ninguém sabe quando foi e nem pra onde foi. Angie está no comando agora.
Eve e eu sempre que nos vemos trocamos olhares maldosos,mas depois que ela vai embora meu olhar se entristece de novo.
Os cientistas da Central anunciaram hoje de manhã que a temida praga que Lucinda tinha,acabara de chegar na capital -Uma moça de Rosenland está com suspeita de praga e por isso será sacrifícada,eles alertaram para que as pessoas evitem sair de casa.
Será melhor para mim,assim será mais fácil sair da Central já que as pessoas são burras o bastante para não saírem na rua.
Daqui a algumas luas terá o baile de posse de Angie sobre a parte de Carol na presidência da Central.
Amanhã o presidente vai ir embora da Central junto de sua filha.
Não os vi muito durante esse tempo todo que passaram aqui na Central.
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TREINADA PARA LUTAR
Science FictionAmy Young é uma jovem de dezessete anos que vivia na pequena cidade Loudenberg até ser obrigada a fugir com suas irmãs, uma vez que o mundo se tornou um grande campo de batalha. Porém, como em toda guerra mundial, houve uma queda no número de soldad...