LUA CHEIA
A noite está fria. Mal sinto meus dedos. Ajeito meu uniforme, ainda meio amassado, na tentativa de amenizar a paralisia nos meus dedos por conta do frio, falhei.
Hoje a tarde fui até o Olo de Leah e peguei emprestado algumas bombas de gás. Também consegui duas armas e uma faca.
Convencemos Leah de que vamos apenas caçar esta noite, na verdade realmente estamos indo caçar, na cidade abandonada.
Logo avisto Sophi vindo em minha direção, junto dela estão Rosie, Annie, Katherine, Grace e Lucinda.
Lucinda?
O que ela está fazendo aqui? Maldição. Ela ainda não se recuperou totalmente.Vou de encontro com Lucinda e digo:
- Volte para a enfermaria agora!
- Ei, relaxa ! - ela levanta as mãos em sinal de rendimento. - Eu vim ajudar. Você sabe o quanto posso ser útil!- Sim, eu sei que você é útil... quando não está doente!
- Ah, por favor!- ela faz um bico. - Eu me sinto mais do que bem, estou ótima!
- Deixe ela ir logo, se ela morrer nós não nos responsabilizamos por ela, simples! - diz Sophi.
Olho para Lu e digo:
- Está bem!
Lucinda sorri e se aproxima de mim e diz bem baixinho:
- Obrigada.
Dou um sorriso e sigo as outras meninas.
A lua nos abençoa com seu brilho intenso. Os lobos uivam, agradecendo pela lua cheia de hoje no céu estrelado.
Apesar da luz natural, ainda assim os espinhos das árvores ficaram invisíveis diante da escuridão terrena.
Grace está indo logo a frente para nos guiar, ela conhece a floresta como a palma de sua mão.
- Tudo bem? - pergunto a Lu.
Ela sorri e diz:
- Sim e você?
- Acho que estou... - Estava prestes a terminar a frase quando, de repente, ouvimos um barulho agudo ensurdecedor. A cidade abandonada se levanta diante de nós.Nenhuma de nós ousa se mexer.
Pego minha faca. Se eu tiver que matar algo ou alguém, prefiro que seja em silêncio.
Os portões para a entrada da cidade estão escancarados.
- Vamos nos dividir. Rose e Annie venham comigo!- diz Grace. - Lucinda e Sophia com Amy. Katherine, você fica aqui nos portões, enquanto estivermos lá dentro, ninguém entra e ninguém sai!
Entramos na cidade.
Sophia, Lucinda e eu seguimos para a direita na direção da antiga mansão do prefeito. Enquanto isso, Grace, Rosie e Annie seguem para a esquerda na direção do antigo banco da cidade.As ruas continuam as mesmas desde última noite que estive aqui procurando bugigangas.
As casas vazias. Algumas com as portas abertas, outras em cinzas.
Chegamos na praça principal.
Ela é cercada por seis pilares enormes e bem meio dela tem uma fonte
A fonte de água cristalina aparentemente é única coisa que ainda tem vida por aqui. Observo água jorrar da arpa da estátua de um anjo. Estranho. Essa fonte nunca jorrou água.
Quando me dou conta, Sophi e Lu já estão indo em direção a fonte.
Lucinda se senta na beirada da fonte e simplesmente mergulha na água.
Corro na direção de Sophia.
Quando alcanço ela, reparo que seus olhos estão totalmente negros. Sophia parece não notar minha presença.
De repente ouço estouro bem próximo a nós.
Pego a mão de Sophia e corro na direção de Lucinda, eu a puxo para cima de uma vez. Ela levanta a cabeça de súbito. Está ofegante.É quando reparo que um dos pilares começa a se inclinar na nossa direção.
Ele vai desmoronar.
Sem querer solto Lucinda. Ela simplesmente sai para outra direção e eu a perco de vista.Corro com Sophi em hipinose, para dentro de uma casa.
Subimos a escada e seguimos pelo corredor até o último cômodo. Me abaixo sobre Sophi no fundo do cômodo.
Fecho os olhos e apenas ouço o barulho ensurdecedor do pilar caindo. Sinto meus tímpanos pedirem socorro.
Espero alguns minutos.
Sophia está desmaiada.
Me levanto e decido deixa-la por alguns instantes.
Uma nuvem de poeira branca entra no cômodo. Não consigo ver nada.
Rasgo uma parte da manga do meu uniforme e a utilizo como proteção para no meu nariz.A poeira começa a diminuir, então caminho até metade do corredor. A outra metade dele foi engolida pelo pilar, junto com a escada e a sala de estar.
Um buraco enorme foi aberto onde era a porta por onde entramos, tão grande que consigo ver a praça toda daqui.
- Estamos vivas? - pergunta Sophi, se aproximando de mim. Ela ainda parece mal, caminha em passos lentos fazendo a parede de apoio para se manter de pé.
- Aparentemente, estamos!Sophi e eu conseguimos sair da casa, graças a uma passagem secreta nas paredes do cômodo onde estávamos.
Já na praça novamente, só consigo pensar por onde começar a procurar Lucinda.
Sem querer, fiz Sophia torcer o tornozelo enquanto fugíamos, então tenho que ajuda-la a caminhar.
- Sophi, é melhor você ficar na mansão do prefeito. - digo. - Vou procurar pela Lu e quando encontra-la vou buscar você!
- Ta bem! - Ela vai mancando na direção da mansão.Ouço um barulho.
Veio da mesma direção em que Lucinda fugiu.
Pego a arma. Acho que acabei perdendo minha faca no meio da confusão.
Caminho bem divagar na direção do barulho que ouvi. A fumaça daqui ainda dificulta minha visão. Não consigo enxergar direito.
Olhos vermelhos se abrem na escuridão.
Não.
Eu me viro devagar e começo a correr.
Quando olho para trás, uma besta enorme sai da escuridão com seus olhos vermelhos cheios de fúria, seus dentes afiados cheios de sangue e seus chifres macabros. Ele é mais rápido do que eu e logo pula em cima de mim. Nós rolamos no chão por um tempo.A única coisa que me lembro, é de seus dentes afiados diante de mim.
Ele estava preparado e eu também.
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TREINADA PARA LUTAR
Science FictionAmy Young é uma jovem de dezessete anos que vivia na pequena cidade Loudenberg até ser obrigada a fugir com suas irmãs, uma vez que o mundo se tornou um grande campo de batalha. Porém, como em toda guerra mundial, houve uma queda no número de soldad...