Capítulo 28

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CORAÇÃO DE GELO

Abro os olhos de uma vez só. Minha respiração fica acelerada como se eu tivesse voltado a vida depois de ter me afogado.
Estou em baixo de uma árvore enorme. Uso um vestido azul.
Isto é real,ou é mais uma das minhas várias crises?
Ao meu redor um jardim cheio de flores ,que também são azuis.
Quando olho para cima,vejo um dia ensolarado e um céu azul.
Sinto algo,ou melhor a presença de alguém. Já senti isso e já reconheço quem é.
"Você está aí?" -pergunto,mas eu não vejo ninguém, apenas sinto.
"Você está aqui?" -pergunto novamente .-"Você está aqui Laura?"
A imagem da linda mulher com quem sempre sonho, aparece novamente.
"Sim Amy,sempre estive" -ela diz.
"Eu me lembrei de você ,Laura" .
"Oh não pequenina, lembrou apenas do meu rosto,mas não de quem sou".
"Desculpe da última vez que nós vimos eu estava meio...mal!" -digo.
"Tudo bem,mas eu te trouxe aqui por outro motivo meu amor!" -ela diz.
"Qual?"
"Seja forte,haverá coisas que você não poderá mudar,haverá dores que serão insuportáveis ,mas seja forte...-ela diz-" Tome cuidado com seus amigos da Central,talvez eles não sejam tão amigos assim!"
"Do que você está falando?"
"Seja forte,lute como sempre,fique firme!-ela diz- " Eve não é o que parece,ela precisa de ajuda,precisa de algo que não teve a muito tempo".
A imagem de Laura começa a desaparecer.
"Laura,Laura não" -grito e tento agarra lá ,mas logo ela some.
Mãe é isso que você é.

•••
O metal é frio e a luz é bem forte.
Onde estou?
Aos poucos reconheço o local-estou na enfermaria.
Sinto um desconforto bem no tórax,mas deixo para lá.
Vejo minha roupas em cima de uma cadeira,elas estão bem dobradinhas e empilhadas.
Me levanto da maca de metal frio e pego minha roupas .
Ouço alguém se aproximar da porta,vejo a maçaneta girar bem devagar.
Então volto correndo para cima da maca,me sento e finjo estar meio alucinada,olhando fixamente para os meus pés.
De repente Benjamin entra na sala.
-Oi Emma!-ele diz.
-Oi! -digo e contínuo olhando para os meus pés.
-Emma você ainda quer sair daqui?
Meu coração dispara e no mesmo instante paro de fingir que estou alucinada e presto atenção em Benjamin.
-Quero. -respondo.
-Então vem comigo,a hora é agora!-ele diz- Mas antes preciso saber se você realmente está bem!
-Sim estou bem! -minto.
Benjamin pega na minha mão e me guia pelos corredores da ala de enfermagem. Até chegarmos em um corredor vazio e extenso.
Ao fim do corredor esta vindo o faxineiro com uma lixeira grande e azul em cima de um carinho.
-Entre no carinho,não faça barulho!-ele diz - Eu distrai-lo!
Benjamin quer que eu entre na lixeira!
-O que?
-Você vai voltar Amy?-ele pergunta antes de se aproximar do faxineiro.
-Sempre vou voltar!-respondo.
Quando o faxineiro se aproxima de nós dois.
Benjamin faz o pobre faxineiro parar de andar.
-Hey,temos que conversar!-ele diz ao faxineiro.
Benjamin faz o faxineiro ficar de costas para o carinho.
No mesmo instante eu começo a agir. Entro dentro da lixeira sem fazer barulho algum (mesmo sendo uma lixeira não há lixo algum aqui,só há roupas muito mal aproveitadas pelo visto). Ainda bem que sou magricela e pequena e graças a isso acabei cabendo perfeitamente dentro da lixeira.
Não faço ideia do que Benjamin disse ao faxineiro a única coisa que ouso por último é : "Pode ir".
O carinho começa a se mover .
Quando eu sair daqui vou correr o máximo possível ,até o Limiar onde finalmente irei rever pessoas que eu amo novamente.
De repente começo a ficar sem ar lá dentro.
Depois de um tempo graças aos deuses,o carinho para e o faxineiro tira a lixeira do carinho.
Ouso os passos dele. Ele voltou para dentro da Central e fechou a porta de ferro.
Preciso de ar.
Derrubou a lixeira e saio o mais rápido possível de dentro dela.
A luz do sol quase me sega. Recupero o fôlego.
Estou do lado de fora da Central -na praça -,logo lá na frente vejo os guardiões dos portões principais.
Mal posso acreditar consigo acreditar que consegui sair.
Agora vem a segunda parte (a pior parte). Correr.
Começo a correr ,até me distanciar mais e mais dos guardiões.
Passo pelo túnel que me leva a Rosenland, corro por alguns bairros até chegar a um sem saída. O bairro tem uma parede de tijolos e tem uma abertura média que foi coberta com madeira.
Tiro a madeira e atravesso a abertura, coloco a madeira novamente.
Torço para que ninguém tenha me visto sair.
Da última vez que vim para Rosenberg com Max demorou um dia inteiro para chegarmos lá ,mas estávamos andando em passos largos e eu vou CORRER em passos pequenos ,mas rápidos.
Quando me viro dou de cara com a extensa estrada por onde passamos quando estávamos vindo.
Novamente sinto uma dor no tórax, mas contínuo a correr.
Olho para trás e vejo que cada vez mas estou me afastando da capital.

Depois Três horas correndo na estrada finalmente chego a floresta (exausta ,mas chego).
Já não aguento mais essa dor no tórax.
Me encosto em uma árvore e abaixo a gola da minha blusa.
Fico espantada com o que vejo.
Um pequeno buraco vermelho ,bem no meio do tórax,ele arde um pouco ,mas dói muito.
Começo a me lembrar de como ganhei este buraco.
Minha irmã me deu um tiro.
Tenho que continuar,o Limiar está perto daqui e se eu tiver sorte posso encontrar uma das guerreiras do sol.
Seja forte Amy.
Sem querer saio de perto da árvore, respiro fundo e contínuo a correr,só que mais devagar.

Caminho me apoiando nas árvores.
Algumas árvores com espinhos acabam espetando minhas mãos.
Falta pouco. Continue . Pense que você logo vai rever Leah,Amberly , Sophia e todas as outras meninas e vai...
Não...

TREINADA PARA LUTAROnde histórias criam vida. Descubra agora