NÃO SE APAIXONE
- Temos que chegar na capital logo!
- Não se preocupe, vamos chegar a tempo! - diz ele.Decidimos seguir o caminho da estrada por dentro da floresta, segundo Maxron seria mais seguro do que ficarmos a céu aberto, aliás, ele tomou essa decisão sozinho.
- Ultimamente meu tempo tem corrido contra mim!
Maxron sorri.
É a primeira vez que eu o vejo sorrindo. Ele tem um sorriso diferente, eu diria bem convincente, na verdade você é incapaz de imaginar que esse sorriso possa ser falso. Parece ser especial. Especial.
Faz exatamente três dias que estou andando ao lado de um desconhecido. Ao menos ele tirou as algemas dos meus pulsos. Pode ser um voto de confiança?Agora temos uma causa em comum, ele me ajuda e eu ajudo ele.
Talvez ele não seja tão imbecil, ridículo e grosso.Preciso começar a pensar dessa forma. Não posso perder a simpatia de 'aliados', não agora.
Já está amanhecendo. Paramos para descansar um pouco antes de seguir viagem. Temos muito que caminhar ainda para chegar em Rosenberg, pretendemos que isso acontece hoje a noite.
Maxron retira de dentro de sua bolsa de pano, uma caneca de metal enferrujada e um frasco médio de vidro com um liquido branco. Ele despeja o liquido na caneca e me entrega.
- O que é isto?
- Leite de cabra, ajuda a manter a energia por mais tempo. Dei isso pra minha irmã até os seis anos de idade, ela gostava!
Bebo um pouco do leite, é quente e tem um gosto adocicado.
- E então? - ele pergunta.
- É bom.
Ele coloca um pouco de leite para si em um outro copo. Bebemos juntos enquanto observamos o sol raiar sobre as montanhas ao longe.
- Sabe menina, eu não quero que você se confunda tá. Porquê nós somos apenas parceiros de negócio, quando tudo isso acabar não vamos precisar nem se quer entrar em contato um com o outro!
Fico sem palavras para esta fala, apenas tenho vontade de rir.
Pensando bem, acho que nunca me apaixonei. Não é comum encontramos meninos lutando no meio da floresta com um guardião, aliás também não tenho fetiche por guardiões, tenho repulsa. Maxron é o primeiro garoto que vejo em anos e isso significa que vou me apaixonar por ele!
- Está bem, mas o que te levou a pensar que teríamos algo além de parceria?
Maxron fica envergonhado.
- Bom, eu tenho contato meio constante com garotas e todas elas são...
- Mas eu não sou todas as meninas com quem você ficou.
- Eu sei, mas as vezes vocês se deixam levar pelo lado emocional da coisa e perdem o foco.
- Maxron, eu não vou me apaixonar por você e também não vou perder o foco.
Maxron me encara e diz:
- Ótimo.
- É melhor voltarmos a nossa jornada, temos um longo caminho pela frente!Horas mais tarde...
Acho que faz pelo menos três horas que estamos caminhando. Devem ser umas duas horas da tarde agora, era meio dia quando voltamos a nossa rota.
- Maxron. - estou cansada de tanto andar. - Vamos parar um pouco, por favor.
- Está bem, mas que seja rápido!
Me sento dos arbustos que se estendem dos dois lados da estrada até perdemos eles de vista. Max se senta ao meu lado.
- Estamos quase chegando! - ele diz.
Pego meu cantil, bebo o pouco de água e o entrego a Maxron.
Tiro minha blusa de moletom, expondo meus arranhões dos espinhos e hematomas causados pelas algemas.
- Seu braço está muito ...
- Feio. - completo.
- É, também. - ele diz. - Dói?
- As vezes.
Maxron começa a mexer em sua bolsa e retira outro frasco com um líquido que não consegui identificar e um lenço branco.
Ele derrama um pouco do líquido no lenço e pega meu braço.
- Posso?
Eu assinto.
Quando o lenço toca minha pele dou um pulo ao sentir o ardor. O líquido é meio ácido. Queima como fogo.
Maxron vai encostando o lenço com delicadeza sobre cada corte. A cada toque ele me olha como se estivesse pedindo mil desculpas.
Agarro de súbito seu pulso.
- Onde foi o tiro? - pergunto.
Maxron larga o lenço e ergue a camisa.
Aparentemente ele enrolou uma atadura em volta do ferimento. Foi no tórax e provavelmente deve estar feio já que a atadura está molhada de sangue.
Não faço ideia de como ele conseguiu sobreviver.
Pego o mesmo lenço que ele usou e derramo mais daquele líquido.
Tiro a atadura. O buraco da bala que está começando a infeccionar.
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TREINADA PARA LUTAR
Science FictionAmy Young é uma jovem de dezessete anos que vivia na pequena cidade Loudenberg até ser obrigada a fugir com suas irmãs, uma vez que o mundo se tornou um grande campo de batalha. Porém, como em toda guerra mundial, houve uma queda no número de soldad...