Capítulo 38 - Max

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DE LADRÃO A HERÓI

HORAS DEPOIS...

Acordo tendo um pressentimento ruim.
Sophia dormiu aqui comigo,quer dizer,ela dormiu aqui na casa,em uma cama e eu no sofá,só que ela já acordou (deve ter ido para o bar).
Coloco minha jaqueta de couro e pego minha arma,coloco ela em meu sinto e saio da casa,verifico se tem algum guardião por perto e saio em direção a caminho do bar .
No caminho percebo uma agitação no meio da rua,uma mulher grita desesperada ,ela está pedindo socorro. Os guardiões a seguram para que ela não entre no prédio que está em chamas logo a sua frente.
-Socorro ,por favor, alguém! Meu filho está lá dentro!-ela implora.-Me soltem tenho que salvar ele ,por favor!
Sem pensar duas vezes,saio correndo e entro no pequeno prédio-deve ter pouco menos de cinco andares-,em chamas.
O fogo ainda não chegou no primeiro e nem no segundo andar,mas quando chego no terceiro sou obrigado a colocar a gola de minha jaqueta no nariz.
A fogo por quase toda a parte e muita fumaça ,quase não consigo enxergar direito.
Parte do teto cai na minha frente,eu me afasto para me proteger dos escombros.
Meu pai sempre dizia que para ouvir o silêncio, você precisa ficar quieto,ou seja para ouvir um choro você precisa ficar quieto.
Fecho os olhos e ouso um choro de bebê,só pode ser o filho da moça.
O choro vem do penúltimo andar.
Subo as escadas com cuidado e rapidez.
A cada degrau de cada escada o choro fica mais alto.
Quando chego no penúltimo andar,me deparo com uma mulher de meia idade caída no meio do corredor, ela não se meche e parece não estar respirando,ao seu lado está o bebezinho,que chora sem parar.
Eu aproximo da mulher, verifico se está respirando,ouso seu coração bater bem fraco,ela está quase morta.
Sinto muito moça ,mas só posso salvar duas vidas :a minha e a do bebê.
Pego o bebê ,tiro minha jaqueta e coloco sobre e ele.
Esse prédio vai desmoronar a qualquer momento.
Saio correndo com o bebê no colo. Ele parou de chorar -bom mesmo.
Desço as escadas,sempre desviando do fogo e dos escombros.
Falta pouco para sairmos daqui,mas quando chego no terceiro vejo que fogo já consumiu tudo,não há como passar.
O que eu faço?
Pensa Max.
Ao meu lado vejo a porta fechada de um apartamento, a arrombo e entro no apartamento ,fecho a porta e abro a janela no fim da sala.
Vou sair pela janela.
Atravesso minha perna ,por entre a abertura da janela,olho para baixo e vejo a mãe do bebê esta desesperada olhando para mim. Em seu olhar vejo uma reza.
Ela está sozinha lá em baixo,os guardiões devem estar expulsando a platéia e verificando os feridos. Tenho que ser rápido.
Lá em baixo vejo uma lixeira grande aberta ,ela está cheia de lixo.
O calor do fogo se aproxima.
Dou um beijo na testa do bebê e o solto.
O bebê cai dentro da lixeira.
A mãe corre em direção a lixeira para ver se o filho está bem,ela pega o bebê e o abraça cheia de alívio.
Agora tenho que me salvar.
Não posso usar a lixeira,pois as chances de que eu caia lá dentro são pequenas.
Coloco meu corpo para fora da janela e me seguro nela. Estou pendurado. No mesmo instante o fogo explode a porta e entra na sala feito um foguete,até atingirem meus dedos que estão agarrados na janela.
Grito por causo do ardor.
Eu me agarro a janela de outro apartamento -do segundo andar. Meus dedos ardem muito.
Só mais uma janela
Tem que dar certo.
Quando vou tentar fazer o mesmo processo de novo,acabo passando do ponto e caindo em cima do meu braço.
A dor atinge meu braço no mesmo instante.

Não posso deixar que os guardiões me vejam aqui

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Não posso deixar que os guardiões me vejam aqui .
Eu me levanto com dificuldade e contínuo meu caminho apressadamente até o bar dos meninos,antes olho para trás e vejo a mãe sorridente levantando o filho para o alto,ele sorri para ela.
Ele merecia viver.
Continuo o trajeto com dificuldade.
Olho para meus dedos,estão avermelhados e com bolhas.
Meu braço dói,tenho vontade de gritar de tanta dor que sinto no momento.
Logo chego ao bar,abro a porta sem pedir licença, o bar está vazio. Sinto Ron me pegar antes que eu desmaiei . Minha mente se apaga e meus olhos se fecham.

Onde estou?
Meus olhos se abrem . Esta tudo branco. Eu não faço ideia de onde estou.
Tudo é branco como leite.
Fecho os olhos novamente e uma voz doce e calma me diz para imaginar um lugar.
Penso em minha casa,antes do massacre ,nas flores do jardim da minha mãe,da árvore que meu pai plantou no dia em que eu nasci-meu pai havia feito um balanço de pneu para mim naquela árvore, eu me balançava todas as tardes naquele balanço, enquanto minha mãe amamentava minha irmãzinha,que ainda era mais pinguinho de gente do que nos dias de hoje.
Quando abro os olhos novamente ,estou na minha casa,tudo parece normal e bem-como eu imaginei.
Na porta da minha casa tem uma moça de costas,ela veste um lindo vestido branco e seus cabelos loiros caem sobre suas costas de acordo com a brisa que passa.
"Amy!"-chamo a moça.
Ela se vira,revelando a mim o rosto da Amy,os olhos da Amy,os lábios da Amy
Me aproximo da moça.
"Maxron,senti tanto a sua falta!" -ela diz.
"Eu também senti a sua Amy!"
"Me beije Maxron,por tudo que é mais sagrado,me beije,por favor!" -ela diz.
Coloco minha mão em suas bochechas que queimam ao meu toque.
Eu a encosto para mais perto de mim.
"Eu te amo" -digo sem medo e encosto minha boca na dela.
No mesmo instante é como se todos os fios dentro de mim fossem desativados.
O beijo dela me desmonta por inteiro.
Eu paro de beija lá e a abraço o mais forte possível, como se ela podesse escapar .
"Amy por favor não me deixe!" -digo em seu ouvido.
"Eu nunca te deixei" -ela diz.
No momento em que ela diz isso eu me afasto.
"Não"-digo.
As peças estão se encaixando.
"O que foi meu amor!?" -ela diz tentando chegar perto de mim.
"Você não é real" -digo.
"Sou sim. Eu sou a Amy" -ela diz.
"Não, a Amy me odeia. Ela não quer me ver. Ela não me ama" -digo.
De repente a moça chega perto de mim e entrelaça seus braços no meu pescoço.
"Mas eu te amo" -ela diz e me beija.
Quando ela para eu a olho ,sem expressão nenhuma,sem desejo.
Tiro do bolso uma faca.
"Amy" beija meu pescoço.
Eu enfio a faca em sua barriga, no mesmo instante ela me solta e cai aos meus pés.
Seus olhos ficam negros.
Minha casa se transforma em cinzas e tudo volta a ficar branco.
"Ela não era real" -digo a mim mesmo.

Acordo assustado. Suor cai da minha testa.
Aos poucos minha visão deixa de ficar embaçada.
Esse foi um dos piores pesadelos que eu já tive em toda minha vida.
Vejo Sophia sentada ao meu lado,ela se levanta e vai até a porta.
-Ele acordou!-ela grita .
Logo reconheço onde estou.
Estou no sótão do bar deitado em cima várias peles de animais.
Minha memória volta e começo a me lembrar de tudo que aconteceu.
Olho para minhas mãos enfaixadas ,não ardem mais tanto, porém meu braço dói um pouco,mesmo com a atadura.
Ron,Declan e Phillip entram na no sótão.
-Eai cara!-diz Ron.
-Achamos que você estivesse morto!-diz Declan.
-As feridas vão se curar com o tempo!-diz Phillip. -Bom te ver amigo!
-Obrigado por terem me ajudado!-digo.
Ron puxa uma cadeira e se senta ao meu lado,enquanto Sophia fica quieta em um canto ,apenas olhando.
-Mas então nós conte como você se machucou desse jeito?-pergunta Ron.
-Bom,eu estava salvando um bebê em um prédio em chamas e...
De repente percebo que todos estão rindo,menos Sophia.
-Cara ,como assim? -pergunta Ron-Você não é herói.
-Nem vilão! -diz Sophia.
-Ta falando sério!? -pergunta Ron.
-Estou e foi fugindo que fiz estes machucados. -digo-Tinha alguns Guardiões por lá e vocês sabem que os guardiões não gostam de mim.
-Se isso for verdade...Maxron Wood de ladrão ,fugitivo e "perigoso" a herói! -diz Ron.
-A herói !-Repete Declan.
-Parabéns irmão! -diz Ron.
-Agora é melhor agente ir e deixar o Max descansando!-diz Declan.
-É verdade! -diz Ron.
Declan e Ron saem do sótão.
-Sophia ,você não vem?-pergunta Phillip antes de sair.
-Vou trocar a atadura do braço dele e já vou!-ela diz.
Phillip sai triste e pisando firme.
Sophia se senta ao meu lado e tira a velha atadura no meu braço.
-Por que você está fazendo isso?-pergunto.
-Você está ferido!
-Ta.
Sophia coloca a nova atadura no meu braço.
-Obrigada!-digo.
Sophia me olha,sem dizer nada e me da um beijo na bochecha e um sorriso singelo.
Ela me da um último sorriso e sai.
Logo depois que ela sai vejo Phillip no canto da porta me olhando com sangue nos olhos.
Será que ele acha que eu sinto algo pela amiga da Amy?
Não.
Eu sou amigo dele e ela é amiga da Amy.
Eu não sou traidor,sou herói.

TREINADA PARA LUTAROnde histórias criam vida. Descubra agora