Capítulo 04

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CÉU DE ESPERANÇA

Tudo parece meio esbranquiçado. 

Não sei onde estou. Meu corpo está todo dolorido, mal consigo me mexer.

Olho para o lado e não vejo nada. Olho para o outro lado, nada também.
E de repente, ouço uma voz feminina. Uma voz é doce e calma.
"Tudo bem?"
Começo a procurar da onde está vindo essa voz, mas tenho certeza que estou sozinha.
- Sim. - respondo. - Quer dizer, eu acho que sim!
Uma luz branca se levanta no meio do nada e dentro dela vejo uma sombra. Uma mulher. Ela caminha em minha direção. 

Começo a me preocupar.

Então, a moça se senta ao meu lado.
Seu cabelo me lembra fios de ouro e seus lábios tem um tom de vermelho natural e marcante.
"Então, por que você acha que está bem?" - pergunta a linda mulher.
- Eu... não sei - digo.- Onde eu estou?

"Nos seus sonhos." - ela diz.
A ideia de que estou sonhando me faz querer rir.
- Eu não tenho sonhos. Não mas. - digo. - Só pesadelos.
"As coisas estão mudando Amy, você pode dormir agora".

Olho confusa para ela até sua imagem começar a sumir diante de mim.
O que era branco começa a se tingir de negro.
Aos poucos meus olhos vão se abrindo. Vejo Leah andar de um lado para o outro.
Estou recuperando a memória, me lembrando dos recentes acontecimentos.
Ao meu lado está Sophia, quieta e cabisbaixa.
Quando Leah vê que eu acordei, se volta para mim com um olhar furioso e preocupado ao mesmo tempo.

Realmente, esse é o tipo de cara que só ela sabe fazer.
-Mais uma vez vocês me desobedeceram, mais uma vez você correram riscos desnecessários. -ela diz.
- A gente só... - Sophia tenta encontrar as palavras certas, mas desiste.
-Não, dessa vez não foi só uma coisinha de nada. - Leah se vira para mim. - Sabia Amy, que por causa da rebeldia de vocês. Lucinda, Grace, Annie e Rosie estão perdidas naquela cidade. Sabia que Katherine está ferida, você está ferida e isso não resolve nada!
- Já mandei as guerreiras do sol irem atrás das outras meninas.- diz Eve, entrando na enfermaria.
- Não quero nenhuma de vocês saindo dos limites do Limiar. - ela diz. - O pessoal de fora já deve estar sabendo do que aconteceu. A partir de hoje vocês vão ficar aqui, me ajudando com a enfermaria e com o treinamento das demais jovens para a colheita. - ela se vira para Sophia. - Agora, por favor, me deixem a sós com a Amy.
Sophia e Eve saem, ficamos apenas eu e Leah.
- Amy, nossos pais lutaram por nós até o último suspiro. Desde que você chegou aqui, eu sempre, sempre venho tentando manter vivas as lembranças que foram apagadas de você e da Eve. Escuta, eu só quero te proteger como...
- A Laura protegia? - completo. 
- Mãe, Laura era nossa mãe! - ela me corrige.
- Eu sei, só não me lembro da Laura! - digo.

- Eu sei, só não me lembro da Laura! - digo

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-Mãe! - ela me corrige de novo. - Você não a ama?
- Como posso amar alguém que não conheço! - digo.
Leah começa a chorar. Odeio vê-la chorando.
Eve também não tem lembranças de nossas vidas antes do Limiar, mas ela se lembra bem de nossos pais. Eu sou a única de nós três que não se lembra deles.
- Sinto muito! - digo. - E, eu sei que você só tem tentado nos proteger. 
- Tudo bem, você não tem culpa. - ela diz.

- Laura com certeza deve estar em um lugar especial, onde quer que esteja! - digo.
Leah sorri.
- Sim, ela está! - diz Leah.
Pobre Leah. Sempre carregando fardos que não lhe pertencem. Eu sim conheço Leah e é por isso que ela é como uma mãe pra mim. 

Mas minha irmã não quer que eu pense assim e por isso sempre arruma uma forma de falar sobre a Laura.

TREINADA PARA LUTAROnde histórias criam vida. Descubra agora