CAPÍTULO 36 (PARTE IV)

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Ele diz, fico olhando para o doutor com uma cara pasma. Ele sofreu tanto. De repente começo a me desesperar.

- Por que, por que Deus fez isso hein? Deixou ele sofrer dessa maneira. – choro abundantemente. – Ele morreu para me salvar. Ele está assim por minha causa, morto vivo.

Soluço. Abraço-me com meus braços ao redor de meus ombros.

Willian vem até mim e me abraça por cima de meus braços.

- Nada disso é culpa sua meu amor. Nada disso é culpa sua.

Ele tentava me tranquilizar, mas nada adiantava.

- Doutor? – chamo a atenção de um homem vestido de branco, olhando para a cena em sua frente, visivelmente com pena. – Ele vai acordar algum dia? Levantar, andar, como uma pessoa normal?

Ele olha para mim, e abro meus braços, fazendo assim, com que Willian se distancie de mim.

- Não queria falar a verdade, mas a ética em primeiro lugar.

- A verdade doutor.

- Não senhorita. – ele para de falar, e não entendo sua resposta.

- Não o que doutor?

Ele abaixa a cabeça e Willian abraça a minha cintura, como tantas vezes hoje.

- Ele não irá mais acordar e nem agirá como um humano normal. Ele está conosco por que seus órgãos ainda continuam vivos, mas é o cérebro que manda ordens para todos os tecidos, músculos, articulações, órgãos, sem ele nada disso acontece.

- Não. – olho para ele. – Me diz que é mentira. – minha voz fica fina e cada vez mais longe. – Me diz que o senhor está mentindo e que isso é apenas uma brincadeira.

Perco minhas pernas e Willian me segura.

- Sinto muito.

- Não. – estou explodindo de tanta angustia. Willian me pega no colo. – Deus, por que isso. Por que isso Deus. Ele era uma pessoa boa.

- Calma meu amor. Não fica assim. – ele diz isso e me leva até a cadeira que apouco tempo estava sentada. Fica de joelhos em minha frente.

- Willian, peça para o doutor falar a verdade.

- Isabel, tenha calma, se acalma.

- Não. – digo isso e me levanto, com este movimento repentino, Willian cai para trás.

- Vou levar ele para os Estados Unidos. Lá tem mais modernidade para casos como esse.

Digo um pouco mais calma, esta ideia me tranquilizou.

- Podemos leva-lo doutor? Não causará mais danos?

- Não senhorita. Ele está estável agora. Mas sinto muito dizer novamente. Mas os médicos de qualquer pais dirá a mesma coisa que eu disse.

Não custa nada tentar.

Fico mais tranquila.

Willian se aproxima de mim, me abraça por trás.

- Tem certeza disso?

- Claro, Amanda vai ficar perto de seu pai. E eu poderei cuida-lo sempre.

Quando digo isso, ele retira, lentamente, seus braços do meu corpo. Distanciando-se.

Eu sempre estrago tudo. Mas no momento não quero pensar em nós. Quero pensar na pessoa que deu a sua vida por mim e por minha filha que eu daria a minha.

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