Capítulo 36

2.7K 274 40
                                    

Noronha merecia, de fato, o título de paraíso terrestre. Saímos do aeroporto e embarcamos num táxi com destino ao hotel. No meio do caminho, encontramos florestas conservadas e alguns poucos vilarejos simpáticos. Além de moradores, lá também havia vários institutos de pesquisa ecológica.

Prosseguimos por uma estrada sinuosa que seguia as laterais de uma cadeia de montanhas. Lá embaixo, pedras margeando o mar mais límpido e cristalino que eu havia visto. Diante de tanta beleza, não resisti e abri o vidro do carro.

O vento forte adentrou o veículo, balançando os meus cabelos e levantando parte do meu vestido floral. Em meu rosto, a absoluta face da realização. Sorria plena, saudando o oceano translúcido e o céu dos quais havia visto apena em filmes.

Senti alguém segurar a minha mão. Era o meu belo sogro-amante. Tomada pela paz proporcionada pelo clima, abracei-o. Seguimos assim até a nossa hospedaria.

O táxi parou à frente de um hotel localizado na beira de um penhasco. De acordo com Fernão, era o melhor estabelecimento de Noronha. Ao menos com relação ao serviço, meu amante tinha razão. Os empregados da ilha só faltaram deitar-se no chão para servir de tapete ao governador.

O gerente do hotel saudou um de seus clientes preferenciais ainda no pátio de entrada. Polido, o responsável pelo estabelecimento dirigiu-se a mim apenas para dar um bom-dia. Não tivemos nenhum questionamento indiscreto por parte dele.

De certo, aquele homem deveria saber que o governador era casado, e eu não parecia em nada com Hilda. Ainda, como os dois se falaram de um modo como se conhecessem, era sinal de que Fernão já se hospedara ali algumas vezes. Provavelmente, com outras mulheres. É bem possível, portanto, que aquele gerente fosse acostumado a vê-lo com seus casos extraconjugais.

Subimos três degraus, até chegarmos numa longa varanda de madeira. Atravessamos as portas-duplas de vidro da entrada principal e adentrarmos no salão de recepcionar. Seu piso e parede era composto a maior parte de madeira, com outros móveis rústicos na decoração.

Atravessando o ambiente, chegamos ao balcão de recepção. Obviamente, não foi necessário nos apresentarmos. Fernão só se dirigira até lá para poder pegar as chaves eletrônicas de nossas duas suítes.

Sim, seriam duas. Como meu sogro dissera, ele, antes de tudo, queria demonstrar seu respeito por mim. Pelo visto, aquele homem possuía mais tato do que o filho na hora de investir numa garota inexperiente como eu.

Fomos à esquerda do salão principal e tomamos o elevador até o último andar, o quinto. Dois funcionários guiavam cada um de nós para a respectiva suíte, carregando nossas malas. Quando o meu carregador deixou minha bagagem na entrada de meus aposentos, estendeu sua mão.

Provavelmente, esperava gorjeta. Paguei-lhe com um sorriso. Depois, fechei a porta. Já havia gastado demais para conseguir adentrar a família Alencar. Chega.

Voltei-me para a bela suíte. Tudo aquilo, só para mim, maravilhosamente amplo. Janelas e vidros por todo o lugar. No centro, uma mistura de sala de estar com quarto de dormir. De um lado, o closet com um banheiro enorme. Do outro, uma sala de jantar. E, surpresa, uma escada para um nível superior.

Subi e encontrei uma ampla varanda separada do quarto por vidros e portas de correr. Abri e debrucei-me no parapeito, vendo para onde aquela parte do quarto apontava. Estava à beira do alto precipício.

À minha frente, apenas o mar verde-translúcido até onde a vista alcançava, iluminado pelo sol forte da primavera. Pude ver, sobrevoando a superfície, gaivotas pairando com a brisa marítima. Dentro da água, golfinhos brincando no mar transparente.

CobiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora