Capítulo 43

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A partir da última visita de Henrique a minha casa, havia se iniciado a contagem regressiva para a fase final de meus planos. Primeiro, terminei meu relacionamento com meu namorado loiro. O cenário escolhido foi o jardim da casa.

Henrique e eu fingíamos discutir o fim de nosso relacionamento. Num dado momento, pedi licença ao loiro bronzeado e fui ao toalete. Perdi-me, mais uma vez, naquela mansão, indo parar no banheiro de Hilda.

Na verdade, aquela era a principal razão de eu ter feito tanta questão de terminar o meu namoro ali naquela casa, pois queria livre acesso aos remédios do coração da minha ex-sogra. Por enquanto, fazia aquilo apenas por prevenção.

Voltei rapidamente para o térreo. Apesar de estar bem atenta, também me encontrava mais relaxada, pois Hilda ainda estava no hospital na companhia de Cecília, e a previsão de alta era apenas no final do dia.

Terminado o meu teatro com Henrique, separei-me de vez daquele rapaz. Iria embora, porém não sem antes me despedir de meu novo namorado. Com minhas duas batidas na porta do seu escritório, Fernão ergueu a sua face, sorrindo ao me ver.

Dei uma olhadela para trás, vendo que ninguém se encontrava por perto. Logo em seguida, adiantei-me na direção do governador. Inclinei-me, beijando-o do outro lado da mesa. Após esse gesto de carinho, falei ao seu ouvido:

– Agora, sou oficialmente só sua.

Fernão encarou-me de uma tal forma que pensei que ele fosse tirar minha roupa e fazer sexo comigo ali mesmo em cima da sua mesa de trabalho.

– Nem vou precisar me mudar mais – continuei –, porque Henrique não vai mais lá em casa.

– É melhor não me arriscar. Sem falar que ali é muito exposto. Continue com nossos planos. Você se muda essa semana ainda com sua sobrinha. Infelizmente, vou viajar hoje à noite ainda pra convenção do partido, pois já perdi tempo demais. Não vou poder te ajudar na mudança. – Entregou-me um cartão com o número anotado. – Contrate uma companhia pra você levar as suas coisas pro meu apartamento. Esse é o telefone do meu motorista. Maciel já está autorizado a pagar a tua mudança.

Sorri-lhe, dando-lhe outro beijo.

Um barulho de passos. Virei-me para trás, vendo uma sombra passar pela porta da biblioteca. Num salto, Fernão adiantou-se para o corredor, e fui atrás dele.

Vimos uma das empregadas dobrando para um cômodo ao final do corredor. Entreolhamo-nos, com a dúvida mútua se ela nos havia visto ou não.

O governador pediu para que eu cuidasse da mudança, pois não deveríamos correr riscos desnecessários como aquele. Afinal, faltaria pouco para construirmos um lugar só nosso.

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