Capítulo 44

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Os dias se passaram. Ao final daquela semana, chegava um de meus sábados queridos.

Primeiro, uma ducha rápida para despertar-me àquele novo amanhecer de minha vida. Depois, mais um vestido branco e solto, com detalhes de flores da mesma cor em alto-relevo.

Olhei-me no espelho e sorri com o canto da boca. Só faltava o chapéu e a cesta de palhas para completar a minha fantasia de virgem campestre.

Minhas malas já haviam sido despachadas no dia anterior. Comigo, naquele momento, apenas uma bolsa grande com pertences importantes e uma muda de roupa.

Já poderia ter ido para a minha nova morada, porém meu novo namorado pediu para esperá-lo. Segundo o governador, ele próprio queria ter a honra de me apresentar o apartamento.

Passava da hora do almoço quando eu fui para o sofá da sala esperá-lo. Olhei para o relógio em meu celular, vendo que já haviam transcorrido quarenta minutos desde as três da tarde, horário combinado para ele vir me buscar.

De súbito, o telefone tocou. Levei um susto ao senti-lo vibrando em minha mão. Quase num reflexo, atendi. Fernão chegara.

Levantei-me, estendendo o braço e pegando a grande bolsa recostada aos pés do sofá. A passos rápidos, alcancei a porta da frente. Estendi minha mão à maçaneta, girando o trinco que estava aberto.

Estaquei por um momento, olhando para trás. Estava na hora de partir, de abandonar o lugar que havia me acolhido meses atrás. Ia alçar voos maiores.

Tranquei o apartamento de Leona e desci rapidamente as escadas. Fernão esperava-me dentro do seu carro, à entrada do edifício. Quando fechei a porta, trocamos um beijo cheio de saudades. Ele estava cansado, porém era notório o seu esforço em ser agradável para me fazer feliz naquele dia.

Em pouco tempo, atravessamos a Avenida Agamenon Magalhães. O vento balançava as árvores do canal que dividida as duas vias da pista. As folhas sempre verdes agitavam-se, e a superfície viçosa brilhava ao refletir o céu.

Abri ligeiramente a janela do carro de Fernão. A brisa reconfortante adentrava o veículo. Inspirei fundo. Nem parecia que estávamos numa das estradas mais movimentadas da cidade.

No meio da Agamenon, Fernão dobrou com o seu carro. Passamos pela arbórea Praça do Entroncamento, dobramos por mais vias, até chegarmos à Avenida Beira-Rio. Como o próprio nome indica, tratava-se de uma estrada ao lado do rio Capibaribe.

De um lado, vários condomínios. No outro, bem às margens do rio, um calçadão bastante comprido, com pista de corrida, ciclovia e área para musculação. Logo após, estendia-se o leito largo de águas calmas e brilhantes.

Ao final da Beira-Rio, fizemos um retorno para pegar outra ponte. Segundo Fernão, era o caminho mais rápido para chegarmos ao meu destino; o início de Casa Forte.

Naquele lugar tão charmoso, havia cafés, bares, restaurantes e padarias, todos instalados em casas da época do Brasil colônia, porém reformadas e modernizadas. Essas construções históricas dividiam espaço com uma arquitetura mais moderna com os edifícios vizinhos que havia por lá.

Na Praça de Casa Forte, Fernão desviou-se para uma rua estreita e tranquila, chegando a uma fachada toda feita em mármore. Depois da identificação do veículo na portaria, foi liberada a nossa entrada para o estacionamento subterrâneo.

Após estacionar, embarcamos no elevador ali mesmo dentro da garagem. Estávamos sozinhos dentro daquela máquina. Naquele momento, Fernão envolveu meus ombros com um de seus braços, puxando-me para si. Encarei-o. Olhava-o como se fosse uma criança ganhando um presente na manhã de natal.

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