45.

352 24 6
                                    

Tranquei a porta e fui para a varanda.

Sem autorização, as lágrimas escorriam. Tentava controlar a respiração, para não fazer sons altos que indicassem que estava a chorar.
Não queria que ele soubesse que me afetava.

Coloquei os fones e, música enquanto me aconchegava naquele puff na minha varanda. Respirei fundo, sentindo a brisa a refrescar o meu corpo.

Por momentos fechei os olhos, deixando-me levar pelo momento.

Passado alguns longos minutos, levantei-me e fui em direção ao closet. Procurei algo simples, confortável mas, bonito. Vesti-me, retoquei a maquilhagem e, alisei o cabelo deixando-o cair nos meus ombros desnudos..
Pousei o casaco na cadeira da secretária.

(..)
7:45pm

Permanecia sentada no chão do closet, ainda com os fones nos ouvidos.
Arrumei as roupas que estavam fora do sítio tal como outras coisas. Queria distrair-me para passar o tempo antes de sair de casa.

Pareceu ter ouvido um batuco, fazendo-me tirar um fone do ouvido. Esperei alguns segundos e a suspeita ideia confirmava-se.
Aiden, batucava na minha porta.

- Deixa-me falar contigo se faz favor. - Pediu, batucando mais uma vez, na minha porta. - Samantha abre a porcaria da porta.

Sem paciência para mais discussões, ignorei-o, colocando novamente o fone e aumentei o volume da música.

Olhei para o telemóvel, e faltava pouco tempo para as oito. Nesse preciso momento, recebi uma mensagem.

- Justin Williams -
(7:50pm) - Estou despachado, e tu?
- Estou pronta já algum tempo.
(7:53pm) - Estou aí em 5.

Levantei-me e olhei-me ao espelho.

O meu cabelo apanhara umas ondulações nas pontas devido a estar enrolado algum tempo. Não ficava mal, então não passei a placa novamente.

Poucos momentos depois, o meu telemóvel voltou a tremer.

- Justin Williams -
(7:57pm) - Estou aqui.
- Vou descer.

Guardei o telemóvel dentro da pequena bolsa e destranquei a porta. Desejava para que não me cruzasse com o Aiden.

Desci as escadas rapidamente, percebendo que ele não se encontrava no andar de cima. Assim que coloquei a mão no maçaneta da porta principal, a sua voz ecoou no grande corredor.

- Onde vais Samantha? - Olhei para ele.

- Longe de ti. - Murmurei rude, saindo completamente de casa.

Ouvi-o a chamar por mim e isso fez que apressasse cada vez mais o passo, até ao carro do Justin.
Assim que tive alcance, abri rapidamente a porta, entrando do carro dele.

- Apenas arranca se faz favor. - Ele não respondeu e pareceu ter ficado assustado com a rapidez que falei. Arrancou com o carro, fazendo-me suspirar de alivio assim que já estávamos uns metros afastados da minha casa.

Notei que olhava para mim algumas vezes, enquanto eu me focava na estrada.

- Está tudo bem? - Assenti.

Pareceu que tinha percebido que não iria prolongar muito mais do que um, sim.
Parámos em frente de uma zona de comida, que parecia ser comida fast-food.

Saímos de dentro do carro e entramos para dentro do estabelecimento. Não estava muito movimentado, agradando-me.
Escolhemos aquilo que queríamos e ficámos na fila.

- Podes te ir sentar, eu peço as coisas. - Falou, fazendo-me arquear a sobrancelha.

- Estás à espera que te deixe pagar a minha comida? -Ele assentiu, encolhendo os ombros. - Não preciso disso.

Mais uma vez, encolheu os ombros e deixou-me pagar a minha conta.

Sentamos-nos, e tirei a hambúrguer do papel que a embrulhava, apesar de não estar com muita fome. Suspirava algumas vezes e percebi que isso, de certo modo lhe incomodava.

- Não queres mesmo estar aqui? - Perguntou, fazendo-me olhar para ele.

- Eu avisei-te que não iria ser boa companhia Justin.

- E porque não? - Meteu uma batata entre os seus dentes. - Esta tarde estavas bem.. Só se fores bipolar. - Revirei os olhos, levantando-me dali. Sai do estabelecimento, com alguma brutalidade. - Samantha! - Gritou. - Eu estava só a brincar. - Agarrou-me no braço.

- Não estou com humor de brincadeiras. - Falei um pouco arrogante.

- Eu não te vou obrigar a estar aqui, se quiseres levo-te para casa. - Baixou a cabeça, juntado umas pedras.

- É a última coisa que quero, é ir para casa. - Disse derrotada.

Levantou a cabeça.

- Então podemos acabar de comer e depois vemos o que fazemos? -Assenti, seguindo-lhe até ao interior do estabelecimento. Ele pousou novamente os tabuleiros na mesa.

- Não tenho muita fome.

- Come o máximo que conseguires, pelo menos.

Dei de ombros, dando uma dentada na hambúrguer, o que pareceu ter me aberto do apetite.

- Agora podes-me dizer o porquê da atitude anterior? - Quebrou o silêncio. Para não lhe responder mal, apenas encolhi os ombros. - Que tal esqueceres isso?

- Tu nem sabes do que se trata..

SoulMateOnde histórias criam vida. Descubra agora