Capitulo 3- Sou molestado por um espírito

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                      Abro meus olhos lentamente, não sabia onde estava e como havia chegado naquele lugar. Só sabia de uma coisa: Eu estava cercado de arvores por todos os lados. Aquilo era realmente assustador. Estava em uma floresta novamente, estava preso e não poderia voltar para casa. Imediatamente, meu ar começa a ser expulso de meus pulmões, bruscamente. Olho em volta desesperado, enquanto olhava para cima. Além da copa das arvores, podia ver as constelações no céu, cintilando suavemente, como se assistissem a minha demonstração dramática, rindo de minha reação exagerada. Naquele momento eu soube que estava sonhando, eu, Jonathan, não deitaria ao ar livre para observar as estrelas nem por uma boa quantia em dinheiro.

                     Tateio o chão ao meu lado, procurando por algo que talvez tivesse levado a aquele local, mas encontro somente um arco e uma aljava cheia de flechas, ambos artesanais, decorados com diversas penas coloridas. Na madeira em que haviam sido esculpidos, estavam entalhados alguns índios velhos e chatos fazendo coisas de índios velhos e chatos.

                          Por que diabos eu estava sonhando tanto com índios? Aquilo não fazia o menor sentido! Primeiro, aquele maldito sonho, com o índio ridículo que quebrou meu pescoço com apenas um gesto. Depois, a previsão possível de Lizzy (que ainda não sabia sobre o que era). Em seguida, o livro indígena do Pastor (que por acaso ainda não havia conseguido ler). Lentamente, minhas memórias conscientes voltavam a mim. Me lembrava de ter voltado para casa no dia anterior, após uma bronca em sequência da diretora, em seguida, de meus pais.

                         Peguei detenção e castigos para o resto de minha vida. Mas nada disso importaria se ao menos eu tivesse descoberto sobre a visão de Lizzy. Em meio a confusão, nem havia tido tempo de perguntar a ela. Também não havia todo muita sorte com o livro. Embora tivesse começado a leitura, havia caído no sono sem me lembrar de uma só palavra que havia lido. Agora, para piorar a situação, estava preso em outro pesadelo, mas que inferno!

                        Decido tentar ao menos uma vez, controlar meu sonho. Me foco em uma árvore, tentando fazer algo simples, mudar a cor das folhas de verde para laranja. Alterar as cores em um sonho é algo extremamente facil para um Orionalta, até mesmo para pessoas que nem sempre controlam seus sonhos... Ao menos uma vez você já deve ter trocado a cor de algo em um sonho. Me concentro o máximo que posso, fazendo com que uma gota de suor escorresse por minha testa. Continuo tentando, fazendo um esforço mental maior... É então que meu nariz começa a sangrar. Um filete de sangue escarlate escorre por minha boca, enquanto sinto meu corpo fraquejar e a floresta sacudir por um momento, como uma televisão em estática.

                        Esfrego o sangue que escorria em meu rosto, desistindo de controlar meu sonho. O recado havia sido recebido. Quem quer que estivesse me obrigando a ver aquilo estava no comando, não eu, era apenas um telespectador e acordaria a hora que ele sentisse vontade. Obviamente, ele não estava com vontade de me deixar ir agora sem me mostrar algo que provavelmente me assombraria pelo resto do dia. Junto o arco e as flechas, para poder me defender, embora não fizesse a mínima ideia de como usar aquela joça.

                        Dou alguns passos pela floresta, meio perdido. Arrastava meus pés lentamente pela folhas secas, o que deveria chamar muita atenção, mas nada. Tudo o que eu podia ouvir além de meus próprios pés, eram os grilos e sapos que estavam próximos a mim. Que tipo de gente tem um pesado em que está sozinho, no meio da mata, durante a noite? Eu só podia ser alguém mentalmente perturbado, isso sim. Dou um meio sorriso, olhando para a terra.

                       É então que algo quebra o silêncio. A minha frente, posso ver um clarão, em seguida, ouvir altos barulhos de luta. Finalmente! Algo digno de um pesadelo. Decido me esconder, já que não possuía poder algum naquele sonho, que não podia controlar. Mordo meu lábio, me ajoelhando e me jogando no arbusto mais próximo. Sinto os espinhos cortarem minha pele, fazendo finos filetes de sangue escorrerem, mas eu não ligava, já que não podia essa dor em sonho.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora