De onde estávamos, no Morro da Dona Marta, não ficava muito longe da praia. Na verdade, a favela tinha uma linda vista para a praia... Era uma das mais belas vistas de toda a minha vida. Não consigo deixar me sentir impressionado, sem ar. Rafael estava sentado ao meu lado, olhando para o horizonte, assim como eu.
Enquanto isso, Lizzy, Ana e Tilico se revezavam para entregar os frascos com elixires da cura que Lizzy havia preparado para cada um antes de sair em missão(Huuum, que menina mais proativa, palmas para ela). Infelizmente, Lizzy não tinha nada preparado para Kaléo, já que o envolvimento dele conosco não era algo planejado.
Por sorte, Lizzy sabia como preparar a cura certa para ele... Mas precisaria de um incenso, uma vasilha d'água (de uma lagoa, rio ou mar), um pouco de terra ou areia e fogo. Ela havia me contado um pouco sobre os elixires, disse que os curumins e semideuses elementares (ar, agua, terra e fogo) tinham uma fórmula muito simples... Já deuses como a deusa da simpatia, a deusa das poesias e o deus dos pesadelos... Não eram tão simples.
Pedi para que ela me ensinasse a fazer os elixires, mas ela me olhou feio e me mandou embora, por isso estava sentado naquele momento, ao lado de Rafael, com a cabeça de Kaléo apoiada em meu colo, enquanto eu suspirava. Ok, nota mental: Nunca se envolva nos assuntos de Xamã da Lizzy, ela pode ficar paranóica.
—Os outros já estão acordando— diz Ana se aproximando e sentando no colo de Rafael, que a abraça com força. Imediatamente, sinto um ódio crescente no peito. Eles pareciam bem, tinham um ao outro... Eu não tinha ninguém— Lizzy quer buscar o incenso do garoto em uma lojinha Hippie aqui perto... Mas o resto de nós vai até a praia, recolher o resto dos ingredientes e esperar. Talvez em portal possa ser aberto pelo mar. Pela praia de Copacabana.
—Minha enfermeirazinha corajosa— disse Rafael, beijando o pescoço de Ana, que sorri. A garota segura a nuca de Rafael, o puxando para mais perto e lhe dando um selinho.— Você foi muito bem hoje, Ana. Uma verdadeira guerreira... Espero que o Rafinha Jr seja como a mãe.
—Rafael... Já conversamos sobre isso— diz Ana esfregando os olhos—Eu quero abortar essa coisa. Não quero que esse sangue suga termine de arrancar o resto de vitalidade que eu tenho. Não quero ser a mãe de um monstro.
—Bobagem— disse Rafael, sorrindo para ela— Não importa quem gerou esse bebê. Kurupi jamais será o pai dessa criança... Eu vou. Eu te amo Ana Júlia Ribeiro... Vou te amar quando tudo isso acabar e só restarmos eu, você e o Rafinha Jr.
Os olhos de Ana ficam marejados, então ela puxa Rafael pela gola da camisa. Os dois se beijam apaixonadamente, enquanto eu os olhava. Coloco o dedo indicador sobre a língua, fingindo que ia vomitar, mas eles não paravam. Começo a ficar cada vez mais nervoso e com inveja.
Foi então, que em um ato de pura inveja e egoísmo, arranco meu tênis direito e atiro neles, que se viram para mim imediatamente. Meu rosto havia se fechado em uma carranca, que fez Ana gargalhar. Rafael apenas sorriu, tentando não aplacar ainda mais a minha fúria.
—Parem! Que nojo, nunca mais vou conseguir deletar essa cena da minha cabeça— digo fechando os olhos e colocando a mão direita sobre a testa dramaticamente—Isso é maldade. Não esfreguem na cara de seu amigo sozinho que ele é sozinho! A culpa não é minha se não sou um galã.
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Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore Flamejante
FantasyNate não é o herói da profecia. Nate não está destinado a grandes feitos, ele apenas estava na hora errada e no lugar errado, isso mudou a sua vida para sempre. Jonathan Eperua Carvalho sempre foi um garoto esquisito, mas não do tipo clichê, que sof...