A música tocava, suave e convidativa. Vi um sorriso iluminar o rosto de J, parecia que nada no mundo o animaria tanto. Tento me irritar com o homem... Mas a música parecia exercer uma influência parecia em mim. Precisei usar toda a minha resistência para não correr em volta do banquete, dançando e pulando sem parar. A música parecia ter algum tipo de atração mágica.
Não preciso nem dizer que foi exatamente aquilo que J fez. O Curumim estava com o rosto iluminado, girando e rindo entre as arvores, como se a garota ainda estivesse com ele, como se sua querida filinha ainda estivesse com ele... Será que ele não pensava que poderia perder sua filha para sempre? Que tipo de pai negligente ele er...
Dito e feito, ele dançava cada vez mais devagar, enquanto uma sombra negra passava por seus olhos. Lentamente, seu sorriso foi se desfazendo, como se ele se lembrasse aos poucos de algo terrível. Ele começa a suar frio, enquanto o sorriso é substituído por um rosto marcado por extrema tristeza, uma lágrima escorria por sua bochecha.
—Sofia— murmurou J, se encostando em uma das arvores... Determinado. Sabia que precisava resistir agora. Ele precisava lutar, por sua filha.
Uma fumaça negra surgiu do meio da mata... Eu não sabia o que aquilo significava, mas sabia que não seria nada bom para o J. A fumaça fluía lentamente, cercando o Curumim, que cerrava os dentes, olhando para a névoa com o cenho franzido. Ele sabia exatamente o que aquilo era... Eu também queria saber!
Bato em minha própria testa, me punindo por minha burrice. Eu era onisciente em meus sonhos, só precisava me concentrar para saber o que aquela coisa era... Não seria tão difícil adivinhar, um detalhe importante que eu acabava esquecendo. Não me julguem! Tenho meus poderes a apenas alguns dias!
Me concentro na fumaça, enquanto uma palavra surgia em minha mente, lentamente. Era como se estivesse gravada a ferro quente em meu cérebro... Como se sempre estivesse lá, mesmo que eu não soubesse disso antes. Abaçaí.
Abaçaí era uma espécie de gênio mau, da mitologia indígena. Abaçaís atraíam os índios perdidos na floresta, com comida e música, então possuíam seus corpos... Saber isso me trazia uma sensação estranha, era como se meu cérebro fosse o Wikipédia e a rede de internet fossem os meus sonhos, me possibilitando navegar pela internet... Que comparação mais estranha! Cala essa boca, Nate, seu esquisito!
Voltando à história, a névoa continuava avançando na direção de J, que tentava recuar, como podia. Aproveitei para abusar de minha onisciência... Queria saber mais algumas coisas sobre aquela história que eu estava vendo. Por que os semideuses queriam abandonar J para ser possuído por um Abaçaí, era muita crueldade, até mesmo para eles.
A resposta surge em minha mente tão rápido quanto a pergunta... Era muito simples: Queriam apenas que J se perdesse, não sabiam do Abaçaí. Sorrio orgulhoso de minhas descobertas, enquanto J estava finalmente encurralado pelo Abaçaí. Ele precisava fazer alguma coisa! Não tinha assistido a história até aquele ponto para vê-lo falhar sem nem ao menos lutar.
—Sofia, eu vou voltar para você, vou vencer esse monstro por você... Quando tudo isso acabar, vou queimar aquele maldito conselho! Vou caçá-los sempre que o sol estiver a pino, parando todas as noites, só para aterroriza-los ainda mais em seus seus sonhos. Eu amaldiçoo essa terra, rogo a Jurupari que escute ultima prece de seu fiel ancestral... Compra a minha última vontade.
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Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore Flamejante
FantasyNate não é o herói da profecia. Nate não está destinado a grandes feitos, ele apenas estava na hora errada e no lugar errado, isso mudou a sua vida para sempre. Jonathan Eperua Carvalho sempre foi um garoto esquisito, mas não do tipo clichê, que sof...