Capítulo 7- Juru quem?

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                    Acordo com uma forte dor de cabeça. Meus olhos estavam apertados, enquanto colocava a mão direita na cabeça. Não sabia onde estava e como havia chegado a aquele lugar. Bufo impaciente, olhando em volta para reconhecer o local. Onde quer que estivesse, não sentia perigo, nem nada parecido, parecia tudo muito calmo... Até calmo demais.

                   Olho para o local com atenção, arvores altas, arbustos... A porcaria da floresta de novo! Eu estava sonhando, mais uma vez... Ou será que não? Me belisco, esperando pela dor, que não vem. Suspiro aliviado, por estar dentro de um sonho agora... Mas não me lembrava de ter dormido para chegar até aquele lugar. Que dia era aquele? Eu já havia cumprido a detenção com...

                    "Lizzy! Rafael! Ana!" Penso com força, olhando em volta com a boca escancarada. As memórias voltam de uma vez, me fazendo resmungar. Será que eu havia apenas dormido mesmo ou eu estava morto? Não poderia aceitar a ideia de ter morrido sem conseguir proteger meus amigos... Pobre Lizzy, se ao menos eu tivesse escutado o que dizia! Mordo meus lábios, frustado.

                      —Quem está aí?—Diz uma voz feminina que não consigo identificar. Penso em andar na direção da voz, me levantando e ficando de pé—Não me faça repetir a pergunta, ou vai se arrepender muito disso!

                       Fico parado, procurando pelo dono da voz. É então que a garota toma forma lentamente, aparecendo de detrás de um arbusto. Ela tenha cabelos ruivos, cor de fogo, vibrantes, que brilhavam intensamente quando iluminados pelo sol, seus cabelos encaracolados agora estavam sujos e cheios de folhas por toda parte. Seus olhos eram escuros, castanhos, mas com um brilho amarelado, chamativo. Sua pele era parda, como se vivesse sob o sol, o que deveria ser muito difícil para uma garota ruiva. Seus olhos eram puxados, demonstrando sua ascendência indígena bem óbvia. Em seu rosto, estava pintado com desenhos tribais, que destoavam do resto da roupa. Ela usava um casaco de couro rasgado e coturnos pretos, gastos e sujos de terra. Sob o casaco, podia se ver uma camisa com os dizeres "Eu fui para Belo Horizonte e gostei muito!". Eu a conhecia, mas não conseguia lembrar onde havia conhecido aquela garota.

                       —Eu me chamou Jonathan, Jonathan Eperua Carvalho— disse, levantando os braços em sinal de rendimento— Que perda de tempo! Preciso ajudar meus amigos, o Pastor os pegou e agora vai...

                       —Eperua!? Qual a sua ligação com o boca torta? Diga ou morra— disse a garota, me encarando com um olhar fatal— Essa é uma das plantas sagradas do Demônio! Diga agora quem você é e sua ligação com o Demônio dos Sonhos!

                       —Boca torta?— disse, confuso. Então reviro os olhos para a garota, abaixando minhas mãos, apontando o dedo indicador para a garota— Já chega dessa palhaçada. Você nem tem uma arma para poder me ameaçar, maníaca da floresta. Eu vou achar e salvar meus amigos, se acha isso ruim, cai dentro.

                     Antes que eu pudesse andar para qualquer lugar, a garota estende sua mão em minha direção. Em questão de segundos, sua mão entrou em combustão, de tornando uma literal tocha humana. Eu havia acabado de provocar uma garota lança chamas. Mais um ponto para o Nate!

                    —Eu me lembro de você, é a garota que estava voando em volta do Bambi do mal— digo, encarando o braço em chamas da garota— A Índia ruiva tocha humana. Estou arrependido de torcer para você ganhar do Bambi, pelo visto, você não é dos mocinhos.

                     A garota olha para mim um tempo, pensativa, tentando decidir se eu era amigo ou inimigo. Instantes depois, as chamas de seu braço apagam, tão rápido quanto apareceram. A garota sorri para mim, com a mão ainda estendida, como se quisesse me cumprimentar. Então olho torto para ela, sem apertar sua mão.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora