Capitulo 8- Se você é fraco, não leia, as coisas vão ficar ruins

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                      Acordo mais uma vez, puxando o ar desesperadamente. Sempre que tinha um sonho daquele tipo, acordava com uma terrível falta de ar, que eu acabava associando ao susto de estar em um pesadelo que eu não conseguia controlar. Porém, agora que sabia que meus sonhos eram um tipo de viagem astral, desconfiava que talvez tivesse algo a ver com isso. Embora não tivesse muita certeza de nada, já que nunca havia usado meus poderes antes.

                    Olho em volta, enquanto pontos roxos dançavam por minha vista. Estava na sala de aula, disso eu tinha certeza. Ana, Rafael e Lizzy estavam na sala também, todos estavam acordados e amarrados a cadeiras. Suas pernas, braços, pescoço e tronco estavam amarrados com tanta força que não podiam nem ao menos se debater. Lizzy estava acordada e extremamente fraca, olhando para mim com os olhos vidrados. Rafael gritava loucamente, tentando se debater o melhor que podia... Ana era a única que estava desacordada.

                   Sinto um liquido quente escorrer por minha testa... Que provavelmente era sangue, meu sangue. A ideia me assusta. Meu professor estava prestes a me matar! Não podia estar mais assustado em toda minha vida. Torcia para que aquela cena com Nin não fosse apenas um sonho, torcia para que a Índia ruiva atendesse minhas preces e me ajudasse.

                   —Nate! Vocês tinham razão, isso era perigoso— diz Rafael— Agora diga que você tem um plano misterioso para nos tirar daqui. Me diz que seus sonhos malucos deram deram resultado uma vez na vida.

                   Sacudo a cabeça negativamente, enquanto encaro Rafael, furioso. Tudo aquilo havia sido culpa dele e de Ana. Agora eles estavam envolvidos demais para serem protegidos. Bufo de impaciência, olhando para a porta.

                     —O que estamos fazendo aqui e por que estamos sem mordaças?— pergunto— Que tipo de vilão é esse, que não amordaça suas vítimas e as deixa bolar um plano de fuga?

                    —Ele disse que nos matar na escola era uma metáfora— diz Rafael, me encarando assustado— Uma metáfora para educação dos brasileiros, que não conseguem sair da escola... Embora evasão escolar e assassinato brutal sejam extremamente diferentes para mim. Já a parte sobre nos amordaçar...

                  —Eu não os amordacei porque quero que gritem— diz o Pastor, adentrando a sala atrás de mim, me fazendo dar um salto, assustado— Quero que implorem por suas miseráveis vidas inutilmente enquanto eu as tiro de vocês...

                  Ricardo anda até ficar em nossa frente. Agora o Pastor não se parecia mais com um pastor. Seus cabelos, sempre perfeitamente penteados para trás, estavam soltos por seu rosto, enquanto ele vestia uma túnica com tiras de couro, decorado com penas de corvo. A túnica era negra, como os habituais sapatos sociais, que haviam sido retirados, dando lugar aos pés descalços do Professor.

                  Naquele momento, eu lembro de tudo o que Nin havia me dito sobre meu professor. Ele era um Xamã Antropofágico. Queria nos assustar, mas tudo o que precisava fazer era matar Lizzy. Era seu principal objetivo aquela noite... O que me dava certa vantagem sobre ele no conhecimento.

                  O Ex-Pastor tira o livro que havia folheado tantas vezes nos últimos dias das vestes. Ele folheia o livro, procurando por algo, que possivelmente não seria nada legal para nós. Eu precisava distraí-lo por um tempo, até que Nin finalmente chegasse e quebrasse a cara dele.

                   —Sabe o que mais me impressiona? A sua incompetência— digo, olhando para Ricardo. Gotas de suor escorriam por minha testa.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora