Capítulo 21- Família Reunida, que coisa maravilhosa

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                     Lizzy e eu tivemos permissão para nos vestir com roupas mundanas, devido a rara ocasião da recepção de nossas famílias. Então, devolveram as roupas que usamos quando chegamos ao Andurá e nós deram aproximadamente uma hora para nós nos trocarmos.

                   Lizzy e eu esperamos alguns minutos na entrada do Andurá, mas pareceram horas. Nós só conseguimos recuperar o fôlego ao ver a silhueta de nossa família ao longe. Nossas famílias estavam escoltadas por vários semideuses, com carrancas, o que me fez olhar torto para eles.

                     A família de Lizzy vinha na frente, se é que se pode dizer "família" quando se fala de apenas um membro, sua mãe. A mãe de Lizzy, Luana Carvalho, era uma mulher divorciada, que cuidava da filha como podia. Tinha os mesmos olhos verdes e a expressão determinada de Elizabeth... Mas os anos lhe caíram mal, deixando apenas resquícios de sua beleza de outrora.

                       Seus cabelos estavam bagunçados e ela tinha olheiras profundas. Os olhos da mulher estavam arregalados, ela se debatia freneticamente, tentando correr para longe, por algum motivo, queria se manter longe, longe do Andurá e correr dali.

                     Em seguida, vinha minha família. Meus pais andavam juntos, com suas expressões sombrias, xingando os índios e os mandando para lugares cujo horário não me permite repetir. Já minha irmã, andava a frente deles, furiosa, mas ainda assim parecia uma super modelo desfilando.

                      Sempre que algum semideus se aproximava de Lily, ela lhes mostrava o dedo médio e continuava andando, irritada. Era obvio que ela não estava entendendo nada do que estava acontecendo, mas sabia que meus pais estavam escondendo dela, isso a deixava irritada com tudo e com todos.

                         —Nate!— gritou Lily, correndo em minha direção e se jogando com os braçais estendidos. Ela me abraça por um tempo, com muita força. Seus olhos estavam marejados— Desencosta agora, não me aperta— disse ela depois de um tempo. Logo ela se virou para todos a minha volta— Alguém pode me explicar o que está acontecendo e por que não me deixaram trazer a Princesa comigo?

                      Princesa era o nome do nosso cachorro, ele tinha pelos negros curtos e olhos escuros brilhantes. Era uma mistura de pinscher e Basset, um cachorro minúsculo com enormes orelhas. Era tão estranha que chegava a ser fofa... Como toda a nossa família. Princesa era um membro da família que nunca seria deixado para trás...

                       Noto um volume no casaco de minha irmã. Lily pisca discretamente para mim, enquanto aquilo que se encontrava no interior de seu casaco continuava imóvel. Como eu estava dizendo, Princesa Jamais seria deixada para trás. Estava fora de cogitação. Lily jamais deixaria um membro da família para trás. Sinto meu coração esquentar.

                    —É o que estamos tentando entender, Lilian Eperua Carvalho— diz uma voz fina atrás de mim. Me viro, para identificar o dono da voz, então me deparo com Dira, a conselheira filha de Tupã— Por isso, todos vocês estão convocados para a reunião imediata do conselho.

§

                    Lizzy e eu nos sentamos ao lado de Lily, que hora ou outra, pensava em se levantar e correr para o quarto, ver se Princesa estava bem. Lily e eu precisamos lembrar que ter um cachorro era ilegal no Andurá, então ela teria que esconder bem a Princesa se a quisesse lá. Lily apenas nos mostrou o dedo médio, sentando emburrada, por não deixarmos que cuidasse da Princesa.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora