Capítulo 26- Transporte coletivo no Brasil é horrível

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                  Assim que adentramos o enorme buraco no chão... Levo um enorme susto. Nunca pensei que um lugar tão místico quanto o centro de teletransporte aquático da Sociedade da Vitória Régia seria tão parecido com um aeroporto. A única diferença entre um aeroporto e aquele rio, era que a estação onde estávamos era subaquática.

                    O teto era feito de um material semelhante a vidro, por onde podíamos ver milhares de litros de agua passando por nossas cabeças, assim como algumas sereias e aparentes humanos... Que deveriam ser os tais descendentes de Vitória Régia, que conseguiam respirar em baixo d'água.

                   Muitas pessoas passavam a nossa volta, ignorando o teto, enquanto um enorme cardume passava por lá. Não conseguia desgrudar meus olhos da parede de agua acima de minha cabeça. O resto do local, muito bem iluminado e cheio de pessoas e comércios semelhantes a lojas não eram tão interessantes.

De água isto é,

Foi criado por Iara

Para homenagear Vitória, Zé

                                                                                 Isso não é Mara?— Recita Tilico, apoiando seu braço em meu ombro, despreocupado— Pelo visto o Kara'iwa tem olho artístico... Nem todos conseguem apreciar essas coisas tão pequenas e fantásticas!

                        —Você está dizendo que essa porcaria é pura agua e que pode desabar em nossas cabeças a qualquer momento?— pergunta Lizzy, tremendo, enquanto olha para cima.

                          —Se você irritar Iara, sim— disse Nin, tirando os fones de ouvido— Se você provocá-la, como está acostumada a fazer com todo mundo, ela solta essa parede de agua sobre nossas cabeças e nós afogamos... Então se eu fosse você, me mantinha calada.

                          —Nin, não provoque a menina— adverte Maíra, com um olhar severo, que era um tanto engraçado, por não combinar em nada com seus cabelos cor de rosa— Iara não mantém esse lugar por vontade própria agora... Ela criou o santuário apenas, mas é a alma de Vitória que o mantém de pé. É como se a força mágica fosse extraída dela... Iara não desonraria Vitória destruindo seu santuário.

                             —Vamos logo com isso— disse Caimana, jogando os cabelos enquanto olhava para Savana, que sorri para ela, como duas amigas de longa data.— Esse lugar é horrível, cheia de gente exibida e metida, não suporto esse tipo de gente.

                             Não consegui segurar o riso. Olho para a cara de Caimana, rindo descontroladamente, seguido por Maíra, que olhava para Caimana, com raiva, depois para mim... Era como se estivesse considerando ser minha amiga, já que "o inimigo de meu inimigo é meu amigo"... Mas o fato de ser legado branco de Jurupari dificultasse as coisas.

                      Ou ela só não foi com a minha, acontece né. Paranóia modo off.

                    Caimana faz uma careta, enquanto seguíamos nosso caminho pelo interior da estação. A primeira vista, não sabia para onde deveríamos ir, já que o lugar parecia um labirinto. Bifurcações levavam para diversas partes diferentes... O único lugar que conseguíamos ver com perfeição, era uma enorme porta de metal, pintada de vermelho. Ela estava lacrada e ninguém nem passava por perto... Aquilo me deixa curioso.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora