Capítulo 13- A sala de treinamento

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                 Escancaro minha boca, olhando para a sala mais incrível que já havia encontrado em toda minha vida. Era como se estivéssemos na superfície, na floresta... Mas ainda estávamos dentro da árvore. Como aquilo podia ser possível? E essa nem era a melhor parte daquela sala! Demoro vários minutos para me recompor depois de observar aquilo.

                   Animais transparentes, como fantasmas, corriam pela floresta, sendo caçados por dezenas de índios, que usavam poderes ou armas especiais para tentar caçá-los. As árvores serviam para atrapalhar os índios, balançando seus galhos violentamente para acertar os índios e impedir que consigam pegar os animais psíquicos. E tinha ainda mais naquele lugar...

                  O lago estava repleto de sereias, que observavam a luta, penteando os cabelos e com largo sorriso no rosto. Vez ou outra, um semideus se aproximava das sereias, sendo atraído para dentro do lago, onde as sereias tentavam afundá-lo. Caso conseguissem, elas o jogavam para fora antes que morresse sufocado... Aquilo era um verdadeiro treino para o que a verdadeira Iara poderia fazer. Aquele lugar inteiro era um caos... Mas podia-se ver certo sentido em meio a todo aquele caos.

                     De longe, posso ver Ana e Rafael juntos. Ela carregava um arco indígena, com o cabelo loiro encaracolado preso por uma tira de couro, decorada por penas. Grande parte de seu corpo estava exposta, pelos trajes indígenas, o que a fazia parecer ainda mais tímida e sem graça. Ana disparava flechas com uma precisão incrível... Não se podia esperar menos de uma arqueira olímpica.

                       Veja bem, Ana gostava de Rafael, o garoto mais preocupado com o físico e saúde que eu conheço... Há dois anos, ele tentou convencer Ana, Lizzy e eu a praticar algum esporte, nos arrastando para diferentes aulas, Lizzy e eu não gostamos de nada... Mas Ana se sentiu bastante atraída pelo tiro com arco olímpico... Desde então ela vem treinando. Sempre disse que era bobeira... Que ela nunca usaria, mas eu estava redondamente enganado.

                    Já Rafael, sempre atlético, tinha caído perfeitamente bem nas vestes indígenas. Seu corpo avantajado, com a coloração de pele escura, atraiam o olhar de algumas índias, que sorriam ao passar por ele, olhando com desprezo para Ana. O traje dele era exatamente igual ao meu... Só mudando o fato de que, em seu pescoço, não havia nenhum colar, assim como no de Ana.

                  Rafael usava uma lança para defender qualquer ataque que se aproximasse de Ana... Não era para menos. Rafael tinha seis irmãos mais velhos, que viviam implicando com ele... Embora levassem na brincadeira, Rafael se sentia humilhado em não ter força para retribuir os golpes. Foi por isso que ele entrou em todos os tipos de aula de arte marcial que cabiam em seu currículo, fazendo academia e corridas no tempo livre... Ele se tornou o irmão mais forte e nenhum de seus irmãos mexeu com ele desde então.

            Ok, depois dessa linda descrição de Ana e Rafael, pode pensar que os dois estavam se destacando. Os humanos entre os índios, mais fortes e poderosos... Mas a verdade, era que estavam longe de ser a melhor dupla da sala. Os dois eram a pior dupla da sala de treinamento. Não por falta de esforço, mas por competirem com os semideuses. Os semideuses eram implacáveis. Se cansavam com mais dificuldade, tinham mais agilidade e força, eram mais rápidos e pareciam prever, cada golpe que receberiam das arvores.

             Ana tremia loucamente, errando metade das flechas que disparavam (que por sorte, não acertavam nenhum semideus). Já Rafael, estava completamente suado, seus cabelos estavam colados na testa, enquanto seu corpo estava coberto por cortes e hematomas, por aguentar as pancadas da árvore. Sua lança estava quebrada no meio e os galhos das arvores não acertavam Ana por centímetros!

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora