Capítulo 41- Sweet Dreams

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                          Rafael nos guia pela floresta, seguindo a trilha em direção ao local onde a velha se escondia. Todos corríamos, animados, enquanto Ricardo, o Japim, voava em volta de mim, assobiando sem parar, pronto para massacrar a velha antes que nos dedurasse.

                           Não demorou muito para que chegássemos até a entrada da caverna, encontrando a velha sentada no chão, esperando por alguém. Os corpos de nossos amigos deveriam estar escondidos na caverna atrás dela, então tudo o que precisaríamos fazer era distraí-la, para que Kaléo pegasse os nossos amigos. Estava facil demais para ser verdade.

                           Tilico se joga no chão, para se esconder da velha, enquanto Rafael abaixa ao lado dele... Pensando em algum tipo de ataque surpresa. Lizzy revirava o seu livro atrás da palavra certa, como sempre... Quando a encontrasse, já seria tarde demais para nós.

                          —Piranha velha— gritei, chamando a atenção da mulher, que se levantou imediatamente— Eu te chamei de piranha velha... Além de burra você é surda, por acaso? Você não consegue me vencer com meia duzia de bichos... O Ricardo daria conta deles de olhos fechados... Meu japim é mais poderoso que você.

                          —Mais poderoso que você, Mais poderoso que você— ecoou Ricardo, batendo suas asas com força, fazendo com que a velha nos olhasse com a veia da testa saltada— Velha gulosa, velha gulosa, velha gulosa, velha gulosa.

                           Pensei que ela estivesse prestes a explodir, a velha caminhou em minha direção, estendendo a mão direita. A princípio, nada aconteceu, mas em pouquíssimo tempo, dezenas de aves se lançaram em minha direção. Me fazendo saltar, assustado, tentando desviar do ataque daquelas malditas aves.

                               Mais do que depressa, salto, segurando Ricardo com força. Pressionei meu japim contra meu peito, para evitar que ele fosse atacado pelos outros pássaros, que avançavam sobre mim. Lágrimas brotam em meus olhos, ao sentir os pássaros arrancando e arrancando minha carne, fazendo meu sangue jorrar pelo local. Ricardo piava, tentando se soltar para me defender, mas não queria que ninguém se machucasse por mim.

                               —Goitacágoitacágoitacágoitacágoitacágoitacá— escuto Lizzy murmurar mais uma vez, apontando para as aves. Era o mesmo feitiço que havia usado contra o Pumba na loja de Caipora, então sabia que não deveria ter lhe dado tanto trabalho para encontrar quanto os demais.

                             Lentamente, os pássaros que me atacavam começavam a se distanciar rápido. A gravidade parecia ter sido invertida para eles. Eram puxados para cima em uma velocidade incrível, como se estivessem em queda livre... Bater suas asas apenas acelerava o processo, fazendo com que as aves voassem com mais velocidade.

                                    A velha olha para mim, tentando disfarçar a surpresa... Mas logo volta a nos atacar. Sabia que Xamãs não podiam executar muitos feitiços por vez. Ela começa a sibilar, sem parar. Olhando fixamente para mim. Em instantes, várias cobras começaram a se aproximar, prontas para me atacar. Continuo parado, gemendo de medo. Tinha pavor de cobras! Segurava Ricardo contra o peito com mais força, para evitar que saísse voando como os outros pássaros.

                                    —Não dessa vez, vovó— diz Rafael, se lançando em minha frente.

                                    Rafael então estende sua mão direita, exibindo garras afiadas, como as de um lobo. Vejo meu melhor amigo uivar, ceifando uma das cobras com suas unhas, arrancando sua cabeça com a facilidade que alguém cortaria um papel. Em seguida, ele pega uma segunda cobra pelo pescoço, a usando como taco para rebater a terceira serpente para longe, com um sorriso triunfante.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora