Capítulo 10- O Legislador

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             Acordo subitamente em meio a uma floresta novamente. Dessa vez, olho em volta, me perguntando onde estava novamente. Sem nenhuma lembrança do que havia acontecido comigo... Era como se os últimos dias tivessem sido deletados de minha mente. Sinto um pânico crescente, que quase me faz chorar de nervoso. Eu estava no meio do mato sem me lembrar de nenhum fato das ultimas semanas.... Só então comecei a estranhar esse fato. Eu nem ao menos me lembrava de andar até aquela floresta.

                 Mais rápido que podia, levei minha mão direita até meu braço, me beliscando com força. Queria saber se estava realmente sonhando... Suspiro aliviado ao constatar que não sentia dor nenhuma. Aquilo era um sonho, mas que sorte! Agora só precisava descobrir o que quer que precisasse descobrir para sair de lá.

                   As memórias voltavam lentamente, me deixando aflito. Me lembrava de atacar meu professor... Que havia sido morto por uma garota que pegava fogo. Agora, meus amigos e eu seriamos levados até o QG dos semideuses brasileiros, que não gostavam de mim por ser Parente de Jurupari.

                  Me embrenho em meio a mata, cauteloso, com medo de me meter na história de Anangá mais uma vez. Tinha medo do que aquele deus terrível poderia fazer comigo. Para mim, ele era pior do que Jurupari, ele era o mandante, o verdadeiro maldito Anti Cristo. Sinto um arrepio percorrer minha espinha, me fazendo sacudir a cabeça.

                     Continuo andando por alguns minutos até achar alguma coisa. Nunca havia demorado tanto tempo de caminhada em um sonho antes, as coisas simplesmente apareciam magicamente na minha cara, me fazendo questionar sobre o passado, presente e até mesmo futuro. O que podia ser muito útil... Ou perigoso. Afinal, o risco de morrer por me intrometer onde não era chamado era muito maior, já que não tinha controle sobre para onde ia.

                       Finalmente consigo ver alguma coisa... Era uma oca pequena, com algo desenhado no chão... Por algum motivo, eu sabia exatamente o que aquele título significava. O legislador. Era o desenho de um homem, segurando algo semelhante a um papel, só que mais antigo. Não fazia a menor ideia de quem era o legislador... Mas a cabana era atrativa.

                           Embora a cabana fosse muito pequena, índios faziam fila para entrar lá. Decerto haviam mais de dez índios esperando para entrar naquele local. Isso me fez suspirar, entediado. Eu não esperaria nessa fila nem por dinheiro... Queria cair fora daquele sonho o quanto antes, não tinha tempo para filas sem graça. Não conseguia entender o sentido daquele sonho.

                          Todos os meus sonhos místicos até então, eram de grande ajuda no futuro... Algo relacionado com o tal Demônio dos sonhos. Porém, dessa vez, era algo completamente aleatório sobre algum índio idiota! O que diabos eu estava fazendo nessa maldita oca? Só queria ir para casa.

                            Empurro os índios da fila, ao passar por eles, para andentrar a cabana, sentindo enorme tédio. Os índios pareciam não notar minha presença, simplesmente abrindo caminho enquanto eu os empurrava. Fico surpreso com o ato, considerando que a fila era enorme e que os índios lutariam por seus direitos, lutariam para ser atendidos depois de esperar tanto tempo. Porém, era como se eu não estivesse lá... Mas que coisa estranha! Cruzo os braços irritado, tentando passar pela entrada da oca.

                        Assim que adentro o local, uma linda música preenche meus ouvidos. Sorrio, olhando para um conjunto de índios, dispostos em um círculo. Alguns deles, tocavam tambores, que tinham um som tão forte, que veneravam como se fosse a vontade de Tupã. Outros, tocavam flauta em uma melodia tão doce, que não se parecia com nada que já havia encontrado antes. Foi então que algo estranho me chamou a atenção, me fazendo olhar com uma carranca para o local.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora