Meu destino estava nas mãos de Lizzy. Considerando o modo como eu havia a tratado ultimamente, já não sabia o que ela poderia escolher. A única coisa que nos mantinha juntos, era a ligação. Se Caipora poderia quebrar a ligação, talvez Lizzy decidisse que o melhor para ela era ficar sem mim.
—Seja lá o que você escolha— digo, puxando o ar. Aquelas seriam as palavras mais difíceis de toda minha vida— Quero que saiba que por mim está tudo ok. Eu vou te entender.
Lizzy me olha por alguns segundos, com os olhos arregalados e a boca aberta, como se decidisse se o que eu estava dizendo era verdade ou não. Depois de alguns segundos, sua cara se fecha. Mais rápido do que eu poderia me esquivar, a mão de Lizzy voa na direção de meu rosto.
Ela me bateu! Olho para ela surpreso, enquanto esfregava o rosto. Aquela cena chegava a ser cômica, Lizzy deveria ter uns 20 ou 30 centímetros a menos do que eu. Ela então aponta para mim, com os olhos em chamas. Eu nunca tinha visto Lizzy tão irritada em toda a minha vida.
—Jonathan, você é um idiota— disse Lizzy— Eu nunca deixaria você morrer! Será que você não entendeu ainda? Eu não me importo com essa porcaria de ligação. Eu estou brava porque você parece ligar... E muito. Idaí que estamos ligados magicamente? Não vou te abandonar por isso! Não é culpa de nenhum de nós dois, ouviu?
Olho para ela chocado, enquanto Caipora se vira para nós. Confusa e irritada. Ela havia suposto que Lizzy escolheria me matar, assim como eu. A deusa e seu javali parecia tão confusos e irritados quanto eu, com a decisão de Lizzy. Aquela estranha sensação de ser importante era muito boa.
—Aí, irmãzinha, você tem certeza de que vai salvar o cara, ele é um dos perversos— diz Caipora, com um sorriso no rosto. Aquilo parecia ser o argumento perfeito para que Lizzy me abandonasse.
—Obvio! O Nate é como se fosse meu irmão! Não se abandonam irmãos a toa... Por mais que eu não tenha mais tanta certeza se ele faria mesmo isso por mim— diz Lizzy revirando os olhos.
—Você ouviu?— pergunto com um sorriso de orelha a orelha— Ela disse que vai me salvar. Agora junta o Timão e o Pumba e cai fora com a sua Hakuna Matata! Ou você precisa que um de nós adivinhe a palavra do dia para que você vá embora, como no Castelo Rá Tim Bum?
Caipora começa a sacudir os braços irritada, enquanto seus traços mudam lentamente. Seu rosto, outrora feminino e delicado, agora estava mais bruto e simples... Masculino. O mesmo aconteceu com o resto de seu corpo. Em instantes, Caipora havia se tornado um homem, porém, ainda vestia as mesmas roupas que saca quando era mulher. Aquela foi. Cena mais esquisita que já vi em toda minha vida. As roupas haviam rasgado parcialmente, principalmente a parte da saia... Revelando sua perna coxa.
—Não fale do Castelo Rá Tim Bum para mim não! Foi terrível passar anos tendo de explicar que não era invocado por assobios! E aquela maquiagem tosca? Não, não tolero aquela adaptação da minha pessoa! Ela nem mesmo aparece montada em um javali! Que tipo de Caipora não monta em seu javali.
As janelas se abriam lentamente, enquanto Caipora dava um ataque. Animais voadores entravam por todos os lugares imagináveis. Dezenas de pombos, mosquitos, e outros animais voadores enchiam a loja, voando em volta de Caipora, ressaltando a capacidade divina do deus... Deusa... Ah! Que ódio! Vocês entenderam! Esse ser Hermafrodita!
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Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore Flamejante
FantasyNate não é o herói da profecia. Nate não está destinado a grandes feitos, ele apenas estava na hora errada e no lugar errado, isso mudou a sua vida para sempre. Jonathan Eperua Carvalho sempre foi um garoto esquisito, mas não do tipo clichê, que sof...