Capítulo 25- A Sociedade Vitória Régia e a Drag Queen indígena

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                   Depois da reunião, todos fomos direcionados a sala de banquete. Comemos em silêncio então cada um foi para seu quarto, se preparar para o grande dia. As famílias dos guerreiros das missões são proibidas de encontrá-los antes da missão, como se fosse apenas algo comum, do cotidiano, por isso, passei outro dia sem falar com minha mãe.

                    Porém, de meu quarto, conseguia ouvir os latidos de Princesa... Talvez estivessem fazendo vista grossa, já que eu estava sendo lançado para a morte, para salvá-los. Estava completamente apavorado, não queria salvar o mundo, queria mesmo era que todos se ferrassem.

                       Não que eu fosse alguém ruim... Eu só não era o tipo de pessoa propicia a fazer amizades. Por isso, precisava me lembrar a todo instante que fazia isso por eles. Que minha recompensa por salvar o mundo, seria compensar meus erros com meus amigos...

                          Não demorou muito para dormir aquela noite. Era a segunda noite que eu passava sem pesadelos... O que era muito preocupante. Da ultima vez que Jurupari se manteve em silêncio, Ana foi estuprada e Rafael teve a sua maldição ativada. Não queria nem saber o que aconteceria dessa vez... Fora da visão do Andurá.

                       Saio de meu quarto durante a manhã. Andando sem paciência, com as mesmas vestes humanas que usava desde a segunda reunião, que encontrei minha mãe... Que revelou que quase toda a minha vida foi uma mentira.

                     Assim que chego até a entrada do Andurá, avisto os outros semideuses. Todos eles vestiam roupas humanas, mas nenhum deles parecia bem sucedido em sua tarefa, com excessão, é claro, de Nin, Rafael, Ana e Lizzy, que estavam acostumados a andar entre os mundanos.

                     Caimana vestia um vestido rosa. Parecia uns dois números menor do que deveria, mas ela não parecia notar. Partes de sua calcinha estavam a mostra, assim como o sutiã verde. Seus cabelos estavam perfeitamente presos em uma trança, seu pescoço estava decorado por plumas e ela vestia um sapato plataforma... Era como uma drag Queen.

                       Savana, a baleia de 30 anos, filha de Rudá, vestia apenas um biquini. Estava descalça e seus cabelos estavam desgrenhados. Os outros não estavam muito melhores. Roupas coloridas e exageradas, que chamariam muita atenção. Uma das índias havia pintado o próprio cabelo de rosa.

                     —Que perfeito— disse Nin, andando para perto de mim enquanto revirava os olhos— Eles estão prontos para o carnaval... Pena que estamos em abril e o carnaval já foi a bastante tempo... Savana seria uma rainha de bateria perfeita.

                       Sufoco uma risada, enquanto Ana, Rafael e Lizzy se aproximam. Lizzy parecia indecisa, como se estivesse prestes a me abraçar e a me esmurrar ao mesmo tempo... Parecia estar tão confusa a respeito de nossa ligação quanto eu... Fecho minha cara quando ela se aproxima.

                      Lizzy percebe o ato, então vira a cara para mim, irritada pelo que fiz. Embora eu soubesse que Lizzy não tinha culpa nenhuma de estar ligada comigo, não conseguia deixar de me sentir mal ao olhar para ela... Como se estivesse preso a ela, algemado. Odiava estar preso.

                     —Então— diz Rafael, tentando quebrar o clima, enquanto abraçava Ana— Nos apresente a todos... Quero saber de quem são filhos. Vai ser muito mais facil ajudar vocês se soubermos exatamente com o que estamos lidando.

                     —Com todo o prazer... Vocês já devem conhecer Caimana e Beni. Ela é a instrutora de sedução e outra porcaria lá para semideuses que não sabem lutar. Ela é filha de Jaci, a deusa da lua... E Beni é o completo oposto dela, professor de luta física, filho de Pytajovái, o deus da guerra.— em seguida, ela aponta para Savana, a orca— Essa é Savana, a trintona, filha de Rudá, o deus do amor, aquele criado por Guaraci para que pudesse se comunicar com Jaci.— em seguida, ela aponta para um garoto baixinho, vestindo roupa caipira. Seus pés estavam virados ao contrário e cabelos ruivos, como os de Nin— Este é Piá, ele é filho do Curupira. Sugiro que não façam piada com o tamanho dele, ele é um pouco esquentado— Em seguida, ela aponta para a Índia de cabelos cor de rosa. Ela vestia uma roupa muito semelhante a de personagens de Anime— Essa é a Maíra, ela é filha de Piná, a deusa da simpatia... Se eu fosse um de vocês, tentava ser amigo dela, pode ajudar a integrar vocês no grupo...— Então ela aponta para um garoto afastado do resto do grupo. Ele vestia um casaco de inverno pesado e tremia descontrolavelmente... Naquele calor amazônico!— Aquele é o Tilico, filho de Picê, filho da deusa da poesia. Ele sempre está fazendo alguma coisa estranha... Aquele menino parece ter alguns parafusos soltos.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora