—Mas que droga— Murmura Rafael, com os olhos arregalados. Ele esfrega os olhos algumas vezes, olhando para o livro que estava cercado de pó negro. Porém, a imagem continuava a mesma. Aquilo era impossível de ser explicado, se não com magia—Me diz que não estou vendo isso, por favor.
Ana, a mais corajosa dentre nós, apenas deu de ombros, andando até o livro e o pegando com ambas as mãos. A garota nos dá um sorriso confiante, enquanto puxa o livro. Assim que ela o pega, os grão de areia voltam para sua posição original. A trilha se forma até mais longe do que nossos olhos podem ver. Ela segura o livro contra o peito, enquanto nos encara, nos instigando a fazer o que ela faria.
—Seja lá o que diabos for isso, não quero me remoer pelo resto de minha vida, me arrependendo por não ter participado disso— diz Ana— Vamos ver onde isso vai dar, não vai acontecer nada conosco só por fazermos isso! A nossa vida é tão monótona e comum, qual o problema de nós divertirmos um pouco? E aí, estão dentro?
—Eu estou dentro— diz Rafael, andando até o lado de Ana. Ele coloca a mão sobre o ombro dela, em sinal de apoio e lealdade. Para mostrar que confiava nas decisões dela e que nós deveríamos confiar também. Um truque barato, que pode funcionar em livros e séries, mas essa é a vida real.
—N-Não— diz Lizzy, apontando o dedo indicador trêmulo para eles— Temos que ficar fora disso tudo, por favor, acreditem em mim. Isso é ruim! Muito ruim! Se nós metermos com isso, vamos acabar todos mortos. Não vou permitir que vocês todos morram por minha causa.
Ando até Ana e Rafael. Os dois me olham confiantes, pensando que eu os apoiaria e decidiria seguir a trilha de pó negro. Porém, Lizzy estava certa. Da primeira vez que me meti no meio disso tudo, acabei preso, imóvel em minha cama, enquanto alguma coisa deslizava as mãos por meu corpo. O sentimento de raiva e repulsa volta a me invadir, me deixando terrivelmente revoltado, olhando para Ana e Rafael com os olhos brilhando de ódio.
Puxo o livro das mãos de Ana, o colocando de volta em minha mochila. Olho para Lizzy, enquanto um entendimento mútuo acontece conosco. Nós dois estávamos envolvidos até o pescoço naquela história, mas não queríamos que nossos amigos pagassem por isso. Ana e Rafael olham para mim, com uma mescla de desapontamento e raiva pelo que fiz.
—Não mesmo! Coisas ruins acontecem com quem se envolve com isso— digo, olhando para eles, enquanto fazia gestos exagerados para ilustrar a situação— Vocês não vão querer se meter com essas coisas. Não são brincadeira, Ana, são reais e muito sérias. Coisas difíceis de explicar... Que até mesmo seus piores pesadelos não conseguem alcançar.
—Estou achando... Que você e Lizzy sabem de alguma coisa que não sabemos— diz Rafael, enquanto olhava para meus olhos— Nate, eu entendo que vocês dois andem juntos e conversem bastante... Mas não escondam nada de nós. Somos seus amigos e podemos ajudar com o que precisar.
"Duvido muito disso" penso, com um olhar entediado "A menos que você consiga perseguir divindades indígenas com seus sonhos ou tenha previsões do futuro, acho que não pode ajudar muito". Em seguida, olho para Lizzy. Tudo estava nas mãos dela, se quisesse contar alguma coisa, estaria por sua conta e risco. Eu não queria contar para eles que quase fui molestado em um sonho.
Lizzy suspira, vencida, assentindo. Embora ela não soubesse de meu sonho, sabia que eu escondia algo dela. Alguma coisa que não contaria por medo ou vergonha. Lizzy me conhecia bem demais para deixar um fato desses passar despercebido. Ela respira fundo, tremendo um pouco enquanto tomava coragem de contar a todos sobre sua visão.
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Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore Flamejante
FantasyNate não é o herói da profecia. Nate não está destinado a grandes feitos, ele apenas estava na hora errada e no lugar errado, isso mudou a sua vida para sempre. Jonathan Eperua Carvalho sempre foi um garoto esquisito, mas não do tipo clichê, que sof...