Capítulo 48- Chega de enrrolação.

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Dizer que dezenas de seres de pura luz foram expelidos pela fenda seria um eufemismo. A fenda sugou todos os deuses que estavam perto dela, cuspindo para fora não só os deuses do inferno, como alguns dos deuses menores que estavam a nosso favor. Infelizmente, não avistei nenhum dos deuses fortes que poderiam nos ajudar.

Os deuses caiam na terra em suas formas formas humanas, com um impacto suficente para quebrar boa parte das pedras do Cerro Coi. Nenhum dos deuses era vulnerável a queda, de modo que eles apenas se levantavam, depois de cair, com o rosto queimando de vergonha.

Vejo um pequeno homem, do tamanho de um anão, com a cabeça inchada. Sua cabeça era tão grande quanto a cabeça da rainha vermelha do pais das maravilhas. Ele chorava, por ter sido arrancado de seu lar de modo tão ofensivo. Não sabia exatamente que deus era aquele, mas não importava.

Os deuses pareciam confusos, mas logo recobrariam a consciência e tentariam nos matar. Tudo o que eu queria era fugir, mas sabia que não poderia agora, eu tinha que ficar e lutar. Talvez os deuses menores pudessem nos ajudar durante a batalha.

Lizzy estende o cajado na direção dos deuses, obrigando Jaci Jaterê a se colocar entre nós e eles, em pode defensiva. Porém, aquele pequeno deus não serviria muito, logo estaríamos acabados, disso eu tinha toda a certeza.

Foi então que um deus de pronunciou entre os maus. Ele estendeu suas mãos para os céus, invocando uma enorme tempestade, que se formava lentamente. Não podia ser Tupã... Era mais fraco e não chamava tanta atenção quanto Tupã chamaria... Deveria ser um dos deuses menores do inferno.

O barulho do trovão fez com todos olhassem para ele. Lentamente, ele levitou acima de nós, com um sorriso perverso no rosto. Meu corpo estremecia diante da presença daquele deus... Só o seu sorriso malicioso já era o suficiente para me fazer chorar de medo.

—Meus irmãos! Por muito tempo, fomos aprisionados no lugar que os mortais nomeiam de inferno... Fomos proibidos de estabelecer muitas relações com a Terra...— começa o deus— Mas agora, tudo mudou. Anhangá nos prometeu uma nova casa, fazer da Terra o nosso monte Olimpo... Comecemos então o serviço para auxiliá-lo.

Nesse momento, dezenas de raios começaram a cair, desafiando os deuses menores a enfrenta-lo. Nós mantemos inexpressivos, diante todo o tempo. Lentamente, sinto o calor da mão de Kaléo de aproximando, apertando minha mão para tentar me dar forças para o que estávamos enfrentando.

—Xandoré— diz Nin com um olhar negro— ele é o deus do ódio, lançador de raios e trovões, assim como Tupã... Não preciso nem dizer porque jogaram esse aí no inferno... Não posso cuidar de tantos deuses, usar a chama sagrada me mataria logo após de matar apenas um deles... E Anhangá nem está aqui ainda.

—Não tem problema. Tenho uns truques para evitar que matem você até Anhangá chegar— digo, batendo no bolso. Jaci Jaterê idiota, havia esquecido de me revistar. O sacro Taré ainda estava lá— Mas como eu vou saber quem é amigo e quem não é?

—Você tem muito a aprender Nate— diz Rafael, abrindo as mãos, fazendo com que longas garras brotem— Se te atacarem, são inimigos. Se não te atacarem, são prováveis inimigos também. Só se mantenha na defensiva, eles vão preferir lutar entre si.

Dito e feito.

Um raio de luz solar fulmegante é lançado na direção de Xandoré, que apenas se esquiva, fazendo com que uma das pedras do lugar derreta, se tornando puro magma. O deus olha para o deus que o havia desafiado com o rosto completamente vermelho de raiva.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora