Capítulo 9- A nem tão grande luta por nossas vidas

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            —Nem me esperaram para começar com a festa?— Diz Nin, com um sorriso no rosto. Nin estava vestida exatamente como no meu sonho. O casaco de couro preto estava rasgado em vários pontos, assim como a camisa "Eu fui para Belo Horizonte e gostei muito". Seus cabelos ruivos encaracolados estavam repletos de folhas. —Eu jurava que nunca me juntaria com um semideus de Jurupari... Mas nem tudo é perfeito.

              Lizzy pareceu sair de seu transe, quando a porta abriu, Lizzy agarrou a corda que amarrava seus pulsos, parecendo se concentrar para soltá-la. Eu conhecia Lizzy desde pequena, sabia que ela tinha medo da magia, pela visão de morrer... Mas agora que nós precisávamos dela, ela faria de tudo para tentar aprender. O que era bom para nós.

               Ricardo pega seu livro e o abre em uma pagina aleatória, assustado ao ver Nin. Ele começa a pensar em um feitiço para usar, mas antes que pudesse, a ruiva estende a mão direita em sua direção. Assim como em meu sonho, sua mão arde em chamas, enquanto um sorriso torto se forma no rosto da garota. O Xamã faz um gesto estranho, fechando os olhos, lançando Nin para fora da sala telecineticamente.

               A luta dos dois serviu para distraí-los por tempo suficiente. Fecho os olhos, tentando me concentrar na Aiba Aimirim mais uma vez, apesar da dor em meu ombro. Não conseguia repetir meu feito anterior... Que talvez só tivesse sido alcançado por minha fúria ao ver o maldito Pastor tentando matar Lizzy. Rafael parecia perdido, ao ver Lizzy e eu tentando acessar nossos poderes.

              —Você, se aliando a um semideus de Jurupari! O que o seu cacique diria sobre isso?— diz Ricardo, encarando a ruiva, que adentrava a sala, com um brilho sombrio no olhar— Filho do demônio dos sonhos! Você desonra o nome de Angra, garotinha.

                Nin estende seus braços para ele, fazendo com que os dois entrem em combustão espontânea. Labaredas saem de seu braço desgovernadamente na direção do Pastor. Nin Era como um lança chamas humano... Nota mental, nunca irritar a Nin. Porém, apesar de tudo, o Pastor se mantinha inexpressivo, desviando do jato com uma velocidade sobrenatural.

                 —Engraçado ouvir isso de um Xamã antropofágico— diz Nin, se preparando para lançar outro jato contra o Xamã— Um falso moralista, eu presumo... Pelo menos, eu não serei exilada por ajudar esse garoto.

                 Enquanto isso, Rafael fazia a única coisa útil, usando sua força física. Rafael tomba a cadeira, se jogando com força contra o chão. No mesmo instante, a cadeira arrebenta, liberando Rafael. Nem mesmo as amarras mágicas eram capazes de conter o bom e velho truque de destruir o assento para poder fugir. Rafael sorri para nós, pronto para nos desamarrar. Mas Lizzy e eu sinalizamos para ele, ele tinha que ajudar Nin antes, as amarras eram magicas, seriam quebradas se o Xamã fosse derrotado.

                 Rafael assente, correndo na direção do Xamã, que estava distraído com a semideusa, de costas para o garoto. Rafael usa de toda a sua vantagem física e anos de treinamento intensivo, para derrubar o Xamã com apenas um golpe. O garoto esmurra a parte traseira do pescoço do professor com transa força, que ele é violentamente lançado na direção do chão. Nin olha para para Rafael, com uma expressão feia. Pedindo para que se afastasse... Mas era tarde demais.

                 O golpe de Rafael havia sido muito forte, o professor estremecia no chão, enquanto balbuciava palavras sem sentido e babava desgovernadamente. Nin empurra Rafael com força, fazendo com que caia de costas, sentado no chão. Enquanto isso, a garota encara Ricardo com grande pesar no olhar.

Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora