Ok, quando a garota disse "imediatamente", pensei que ela queria dizer que iniciaríamos o treinamento no dia seguinte... Mas eles pareciam levar tudo muito a sério dentro daquela árvore. Ou seja, se ela disse que treinaríamos imediatamente, seriamos arrastados para a sala de treino naquela mesma hora, sem direito a objeção.
Nin me arrastou para fora do tribunal, como se o conselho pudesse mudar de opinião em relação a nós o mais rápido possível. Lizzy ficou onde estava, provavelmente esperando que alguém a levasse até Ceci.
Lizzy sempre foi uma garota forte, mas aquele momento parecia tê-la derrubado por completo. Falei bastante sobre a família dela... Sobre coisas da família dela que ela deveria saber, mas não sabia. Aquilo deveria tê-la destruído, lá no fundo. Como se aquele assunto a ferisse.
Antes que eu pudesse ir atrás dela, para conversar, me vestiram com roupas indígenas de combate e me jogaram com Rafael, no centro da sala de treinamento. Algo e dizia que eles não estavam com muita vontade de nos treinar agora... Enquanto isso, Ana foi levada com um grupo de semideusas para outro canto da sala de treinamento, que parecia infinita.
Um índio sem vontade se juntou a Rafael e a mim, explicando que foi designado para nos treinar fisicamente. Ele era muito mais musculoso que os outros índios, também possuía várias cicatrizes espalhadas pelo corpo... Que chegavam a me indignar. Em seu pescoço, estava um colar em forma de lança. Provavelmente ele era filho do deus da guerra. Ele olhou torto para Rafael e eu, como se pudesse nos afugentar com o olhar.
—Fiquei sabendo de sua proeza com os semideuses, senhor Eperua— disse ele, com uma expressão desinteressada— Vai precisar de mais do que um truque, que dura apenas alguns segundos, em uma guerra de verdade. Você pode desmaiar a vontade aqui, mas se desmaiar em combate... Ninguém vai te dar um beijo de amor verdadeiro para acordar.
Fiz a melhor carranca que pude para ele. Rafael virava o rosto, tentando disfarçar o riso. Maldito! Ele estava se divertindo com a humilhação gratuita proporcionada por aquele brutamontes. Bufo impaciente, dando de ombros, como se fosse indiferente ao que ele havia dito.
—E você senhor Silva? Conseguiu o que partindo a sua lança diversas vezes? Aquilo não é um taco de Basebol não. No mundo real, não adiantar apenas algumas pauladas no inimigo. Você precisa cravar a lança em seu coração, sem hesitação alguma.—diz o índio, apontando para Rafael.
Dessa vez, foi a minha hora de rir. Soquei o ombro de Rafael, com um sorriso no rosto. AHÁ, o senhor Perfeitinho já não parecia tão querido! Em seguida, olhei para o semideus, que estava pronto para nos treinar, apesar de sua extrema má vontade.
—Prestem atenção!— disse ele, quebrando um galho fino de uma das arvores, desenhando um círculo no chão. O círculo deveria ter mais ou menos um raio de meio metro— Para começar, vocês vão jogar um jogo que sempre usamos para introduzir as crianças na luta. É muito simples, consiste na habilidade de derrubar o seu oponente para fora do círculo. Primeiro, em um círculo pequeno, em seguida, em um círculo bem maior, entenderam? Nada é proibido.
Rafael e eu nos colocamos dentro do primeiro círculo. Estava tão apertado que me sentia extremamente desconfortável. Rafael colocou suas duas mãos em meus ombros, me empurrando para trás com força. Eu teria caído imediatamente se tivesse me segurado nos braços de Rafael. Ele deu de ombros, como se achasse o jogo idiota.
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Crônicas da Floresta- Livro 1- A Árvore Flamejante
FantasyNate não é o herói da profecia. Nate não está destinado a grandes feitos, ele apenas estava na hora errada e no lugar errado, isso mudou a sua vida para sempre. Jonathan Eperua Carvalho sempre foi um garoto esquisito, mas não do tipo clichê, que sof...