A culpa é minha

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Claro, tudo seria muito mais fácil se ele tivesse engordado, ficado careca e perdido parte da cara. Mas lá estava ele, mais lindo do que o normal, mais forte, mais adulto e com um adicional: uma maravilhosa barba.

— Adorei esse vestido. — ele disse para Duda.

Duda o abraçou tão forte, e senti ciúmes por ela fazer isso. Eu também queria fazer... só que adultos não fazem essas coisas, adultos engolem os sentimentos e demonstram indiferença. Lá estava eu: vestindo minha armadura e indo enfrentar a fera.

— Aaaaaaah! — Duda gritou quando desenbrulhou o presente que ele havia comprado para ela.

Um skate. Não podia dizer que ele não conhecia a filha, pois ele conhecia.

— Gostou? — ele disse, ficando do tamanho dela.

— Ameeeeei! Obigada papai! — O abraçou novamente e saiu correndo para mostrar o novo presente ao Henry.

Alissom olhou para mim por longos segundos, e como sempre fazia, me prendeu com isso. Estava tentando me desvendar, estava querendo enxergar minha alma, mas eu não precisava que ele fizesse isso, não agora.

— Oi.

— Não sei se fico brava por você ter aparecido, ou se fico aliviada por causa da sua aparição depois de dois anos. — soquei seu braço.

Ele deu uma risada, não era pra eu o ter feito rir.

— Você tá bem? — ele perguntou, colocando as mãos no bolso da calça.

— Eu estaria bem, se esse aniversário não tivesse tanta gente estranha. E que a minha não tivesse monopolizado novamente o aniversário da nossa filha. — falei, cruzando os braços.

— Não fica chateada, Kate. A gente pode... — ele fez menção de segurar minha mão, mas Agnes o parou.

— Alissom? — ela gritou, fazendo com que parasse o que estava dizendo.

— Agnes! — ele a abraçou de volta.

— Kate me disse que você não ia chegar a tempo, como conseguiu? — ela perguntou.

Não quis ouvir o resto da conversa, saí de perto deles e fui até a casa. Que ideia estúpida a minha, não é? Meu coração era dele, não importava quantas vezes ele o quebrasse, continuaria sendo dele.
Mas isso era demais pra mim, eu estava tentando me reerguer, ele não podia simplesmente chegar e me derrubar novamente, não tinha esse direito!

Bom, pelo menos com a vida adulta, e junto com as decepções, entraram as músicas tristes e a bebida alcoólica. O que não podia ser curado com um pouco daquilo? Com uma certa quantidade eu conseguia esquecer até o meu nome.

Entrei na sala de estar onde meu pai tinha um lugar pra guardar suas bebidas sofisticadas e enchi o copo com o que eu pensava ser whisky.

— O que pensa que tá fazendo? — Alissom pegou o copo da minha mão.

— O que você acha? — falei, minha respiração estava ficando cada vez mais curta.

— Você não vai beber, tá maluca?

— Vai cuidar da sua vida, Alissom.

— Sim, é exatamente isso que eu estou fazendo. — ele disse, e isso foi como um soco no estômago.

— Você é o pai da Duda, não é meu. Então, se eu quiser tomar essa garrafa inteira sozinha, eu tomo! — foi a única coisa que meu cérebro conseguiu pensar.

— Kate, pelo amor de Deus, voc... — ele começou mas minha mãe o interrompeu.

— O que o Alissom está fazendo aqui? O que vocês dois estão fazendo aqui? E sozinhos? — ela cuspiu, estava furiosa.

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora