Sei ler você

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Vitória e Bruno não estavam se falando, o que não era muito diferente de mim e Alissom, mas algo entre ela e Bruno deveria mudar, pois Vitória sempre escolhia os caras ruins, e dessa vez tinha escolhido o certo, mas não conseguia enxergar isso. Ela me lembrava eu mesma alguns anos atrás, com medo de escolher o amor da minha vida por causa de outros meninos babacas que haviam me magoado. Foi então que engoli o orgulho e fui atrás de Alissom, pedindo para que ele me ajudasse. 

— Não vejo como eu possa ajudar nisso. —  ele disse, estava concentrado no notebook, mal me olhava.

— Você pode dar a ideia de irmos até a praia no final de semana. —  falei, abaixando a tela no notebook, forçando-o a olhar para mim.

—  Não acho uma boa ideia se meter na vida dos outros, Kate. —  ele disse, cruzando os braços.

—  Mas eu acho. —  empinei o nariz —  E você só precisa dar a ideia, vamos, por favor. — supliquei.

—  Tudo bem, —  ele suspirou — o que tenho que fazer?

...

— Praia? — Bruno levantou a sobrancelha.

— Sim, as crianças estão precisando sair um pouco. — Alissom disse, me impressionei com sua capacidade de inventar desculpas tão rápido.

— Bom, se é pela crianças, eu topo. — Bruno disse, sabia que ele não estava nem aí para elas, estava pensando em passar dois dias vendo Vitória de biquíni.

— Está combinado, então. Sairemos amanhã de manhã. —  Alissom disse, saindo da sala.

— Kate, vem aqui um minuto. — Vitória disse.

—  O que foi? — fui até ela, em um canto da sala.

—  Eu sei muito bem o que você está fazendo, tá? — ela socou meu braço.

— Tem razão, Vitória, estou fazendo isso mesmo que você está pensando. Apenas quero que você entenda que existem coisas que eu sei mais do que você. Sei que está com medo de ficar com Bruno por causa do pai do Henry, que te magoou e abandonou, mas Bruno não é assim. Na verdade, nunca vi ele se interessar por nenhuma outra garota. — falei, ela fez cara de choro.

— Eu não quero acabar como você, Kate. Abandonada. — ela disse, sei que não foi com o intuito de magoar, mas foi inevitável.

— A questão é que Bruno não é ele. E se ele te abandonar, eu o mato, combinado? Só não deixe a oportunidade de viver um grande amor passar, por medo. — falei, saindo.

Entrei em meu quarto, pronta para arrumar a mala de Duda, um par de olhos azuis me seguiu, fechando a porta atrás de si. Estava me olhando, sem dizer uma única palavra.

— Quer parar de me olhar assim? — falei, franzindo a testa.

— Assim como? — ele sorriu. 

— Não se faça de desentendido, Alissom.

— Não consigo evitar de te olhar, meus olhos servem para isso. — ele debochou.

— É mesmo? Então por que tem me evitado todos esses dias? — arrisquei.

— Estava esperando que você fosse sair com o menino que te beijou. — ele disse, suspirando.

— E o que isso tem a ver? — falei, confusa com sua afirmação.

— Não posso olhá-la e enxergar que deseja outra pessoa. — ele afirmou, se aproximando devagar — Sempre foi muito transparente comigo, Kate, eu sei ler você. 

— E o que te fez mudar de ideia? —  perguntei, minha boca estava seca.

— Não mudei de ideia, apenas arrisquei. — ele colocou a mão em meu rosto.

— Bom, valeu à pena? — perguntei.

— Seus olhos nunca mentem, Kate. — ele sussurrou, perto de minha boca.

— O que eles dizem? — me ouvi falar, estava tão perto que não conseguia raciocinar. 

— Dizem... — ele começou, mas foi interrompido pela batida leve na porta do quarto.

Fui até ela, era Duda.

— É verdade que a gente vai ir à praia? — ela disse, estava segurando a mãozinha de Henry e o pobre cachorro dentro de um carrinho de bonecas.

— É sim, meu amor. — falei, a deixando extremamente feliz. 

Ela saiu saltitando, quase derrubando Henry escada a baixo. Logo eu iria ter que colocar um tapete fofo, antes que algum deles se machucassem. 

— Parece que agora, todos sempre resolvem nos atrapalhar. — Alissom disse, estava com as mãos nos bolsos.

— Talvez seja um sinal para não nos aproximarmos mais. —  falei, baixando os olhos.

— Não acho que seja. Na verdade, acaba se tornando ainda mais divertido deixar você curiosa desse jeito. — ele sorriu, passando por mim, me deixando sem fôlego.

Bom, se ele havia lido algo, eu deveria saber, já que eu mesma estava em uma total e completa confusão.

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora